Minutos antes de “Motel Tramontana” ser exibido no Festival de Cinema de Gramado, o ator estreante Iago Xavier fez uma dancinha para o público de cima do palco. Coreografias rápidas de TikTok são comuns na sua geração —ele tem 24 anos—, e Karim Aïnouz as explorou ao menos duas vezes em seu novo filme.
Elas não foram pensadas para viralizar ou para grudar entre os mais novos, segundo o produtor Fabiano Gullane, mas já que foi o que correu as redes sociais durante a exibição em Cannes, seria um desperdício não usá-las uma vez que vitrine, agora que o filme é lançado no Brasil.
“A teoria não nasceu desse objetivo, os jovens fazem isso mesmo, dançam, tem essas coreografias. Mas colocamos pisadinha no tapete de Cannes e isso viralizou. A dancinha foi uma das coisas que mais circulou, é evidente que tem um efeito positivo e nós estamos usando.”
As primeiras cenas de “Motel Tramontana” evidenciam o desvelo da produção sonora, que parece feita para emplacar entre brasileiros. Tem forró, Iago dançando coladinho e música de João Gomes.
Depois, o que o público ouve é uma sequência infindável de gemidos, uma trilha desconcertante que dura boa secção do filme. Os sons da vida sexual alheia ajudam a estruturar uma atmosfera claustrofóbica e voyerica da rotina de três pessoas que vivem em um motel solitário do Ceará.
Fábio Assunção, Iago Xavier e Nataly Rocha, os dois de Fortaleza, protagonizam a obra solar, erótica, com praia e cores vibrantes. Em Cannes, ela foi aplaudida por sete minutos. Em Gramado, com a sensação térmica de 2ºC durante a exibição, a recepção foi mais fria, com murado de 20 segundos de palmas.
O filme é o nono longa ficcional dirigido por Aïnouz, de “A Vida Invisível” e o “Firmamento de Suely”, e foi filmado em Beberibe, a respeito de 80 km de Fortaleza.
Mais de 50 motéis foram visitados antes da escolha do envolvente final: matizado, mas também com um vista encardido, valor da retrato do filme. A maior secção das cenas se passa no lugar.
Elias é um varão do Sudeste que vai para o Ceará e se vivenda com Dayane. Eles são donos do motel que abriga de forma temporária Heraldo, um jovem fugitivo do tráfico da cidade.
Eles vivem uma espécie de triângulo, em que Dayane é vítima de um relacionamento hipermachista com Elias e se proeza com Heraldo na sombra perigosa do marido, um ex-policial violento e reacionário. Embora seja vítima, Nataly evitou ao supremo fabricar uma personagem que gerasse pena. Conseguiu. Apesar do afronta, arranca algumas risadas com as falas ácidas que direciona ao marido pelas suas costas.
“Quando eu vi que você [Fabio Assunção] tinha gostado da minha personagem, fiz de tudo para mudar. Não queria que você gostasse dela, porque significava que seu personagem também estava gostando”, disse ela ao colega em encontro com a prensa neste sábado, 10.
A presença de animais, uma vez que ofídio, penosa, jegue e cavalo é jacente no filme, sejam em pinturas nas paredes, em sonhos ou dissociações de Heraldo ou em mesocarpo osso. Uma das várias cenas de sexo, inclusive, é entre dois burros, que moram no recinto do motel.
Elias os apresentou a Heraldo em oferecido momento, chamavam-se Carlos e Eduardo. A equipe do filme somente riu quando perguntara se eram alusões a nomes da política pátrio.
Uma das referências de Karim é o “Tramontana Bate a sua Porta”, de 1946 e de 1981. Assunção afirma que os argumentos são próximos, mas que não se trata da base do filme. “Foi uma das primeiras referências que Karim me passou”, diz. “A questão do orientação é o que soluciona a história.”
Fatos insperados, ao termo, definem os rumos das difíceis vidas de Heraldo e Dayane, que precisam enfrentar Elias.
“O orientação também ajudou [Karim e a equipe] a me encontrarem em qualquer momento. Por isso eu acho tão simbólico o final do filme”, diz Iago, referindo-se à própria vida. Ele experimenta um reconhecimento inimaginável há poucos meses, quando vivia de alguns bicos alternativos ao cinema para levar sustento para vivenda.
Antes de ser chamado para o filme, era artista independente, mas trabalhou em fábrica, uma vez que facilitar de mágico e garçom em uma barraca de praia em Fortaleza. Foi lá que ele voltou com a equipe do filme para comemorar a pré-estreia de “Motel Tramontana” na capital cearense.