Festival É tudo verdade chega à sua 30ª edição

Festival É Tudo Verdade chega à sua 30ª edição – 02/04/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

O Festival É Tudo Verdade, maior evento devotado ao cinema documental no Brasil, chega à sua 30ª edição exibindo um totalidade de 85 produções de 30 países, desta quinta até 13 de abril, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Para comemorar as quase três décadas de evento, o festival irá exibir três filmes que marcaram sua história. O principal é “Cabra Marcado para Morrer”, de Eduardo Coutinho, marco incontornável do gênero no Brasil. Lançado em 1984 —isto é, 12 anos antes do primeiro É Tudo Verdade—, o filme segue discutido até hoje e teve diversas exibições no evento fundado por Amir Labaki.

O papeleta desta edição, aliás, resume muito o espírito da edição. Nele, vemos uma foto de outro cineasta, Vladimir Roble, segurando uma claquete nos bastidores da primeira versão do “Cabra”, originalmente um filme de ficção com elementos documentais, interrompido pelo golpe militar, em 1964. O filme seria retomado e finalizado 20 anos depois.

Roble, coprodutor da obra, é também o grande homenageado da edição, poucos meses em seguida sua morte, em outubro do ano pretérito. Documentarista de calibre, foi responsável de filmes porquê “O País de São Saruê”, um retrato do varão nordestino, em exibição.

“Vladimir é o mais importante cineasta brasiliano que se dedicou só ao documentário”, diz Labaki. Ele lembra porquê Roble e Coutinho o inspiraram a gerar o evento.

Na quadra, Labaki era diretor do Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, e recebeu os dois para discutir a exibição de seus longas em uma mostra. Já reconhecido mundialmente, Coutinho estava desanimado com a dificuldade de exibir suas produções nas salas comerciais brasileiras.

Roble vivia um problema similar, mas se mantinha otimista. “Ele falava ‘é duro, cada filme é um recomeço, mas é isso que eu senhor fazer’”, afirma Labaki. Para o fundador do festival, a longevidade do É Tudo Verdade é a prova concreta de que o público quer ver documentários nos cinemas.

“A ficção autoral tem as mesmas dificuldades que o documentário”, diz ele, sobre a falta de política de distribuição e exibição de filmes menos pipoca nas salas. “Não é que um documentário não leva público à sala. Não tem sala e não tem estratégia de mercado para o documentário.”

Nessas décadas, não faltaram grandes nomes nacionais e internacionais na programação, com filmes de Wim Wenders, Werner Herzog e João Moreira Salles. Dessa vez, o evento faz ainda sessões de “O Velho: A História de Luiz Carlos Prestes”, de Toni Venturi, sobre o célebre líder comunista, e o teuto “Noel Field: A Mito de um Espião”, de Werner Schweizer, uma investigação histórica com nuances de thriller sobre um diplomata americano réu de espionagem. Ambos foram vencedores da primeira mostra competitiva do festival, em 1997.

Relembre alguns documentários que marcaram o Festival É Tudo Verdade:

  • “Cabra Marcado para Morrer”, de Eduardo Coutinho (1984)

    A vida da família de João Pedro Teixeira, líder camponês assassinado
  • “Buena Vista Social Club”, de Wim Wanders (1999)

    A história da orquestra cubada da vanguarda
  • “Nós que Cá Estamos, por Vós Esperamos”, de Marcelo Masagão (1999)

    Uma reunião de memórias de quem viveu no século 20
  • “A Pessoa é para o que Nasce”, de Roberto Berliner (2003)

    A trajetória de três irmãs cegas no Brasil
  • “Notícias de uma Guerra Pessoal”, de João Moreira Salles e Kátia Lund (1999)

    O cotidiano da favela carioca de Santa Marta
  • “A Negação do Brasil”, de Joel Zito Araújo (2000)

    Uma investigação da influência das novelas sobre pessoas negras
  • “Um Passaporte Húngaro”, de Sandra Kogut (2001)

    Um questionamento sobre o noção de nacionalidade
  • “O Prisioneiro da Grade de Ferro”, de Paulo Sacramento (2003)

    Prisioneiros do vetusto Carandiru filmam seu cotidiano no cárcere
  • “A Espírito do Osso”, de Cao Guimarães (2004)

    A história de um varão que vive só em uma caverna em Minas Gerais
  • “Cidadão Boilesen”, de Chaim Litewski (2009)

    A história do empresário que financiou a repressão durante a ditadura militar
  • “O Varão Mais Perigoso da América”, de Judith Ehrlich e Rick Goldsmith (2009)

    Os bastidores da publicação dos Documentos do Pentágono
  • “A Paixão de JL”, de Carlos Nader (2015)

    Os diários gravados do artista Leonilson
  • “O Futebol”, de Sergio Oksman (2015)

    Um fruto reencontra o pai na Despensa do Mundo
  • “Quando Falta o Ar”, de Helena e Anna Petta (2022)

    Um retrato do cotidiano nos hospitais durante a pandemia de Covid-19
  • “Incompatível com a Vida”, de Eliza Capai (2023)

    Uma reflexão sobre a vida e a morte por meio de relatos de mulheres gravidas

Folha

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