Festival Em Curitiba Homenageia 80 Anos De Leminski

Festival em Curitiba homenageia 80 anos de Leminski

Brasil

Não foi contemporâneo da internet, mas é verosímil relacionar sua obra a ela, pela variedade de estilos e referências. Marcado pelo impulso de sempre gerar, é, até hoje, visto porquê uma figura altamente produtiva, que foi de poeta a judoca, contrariando a opinião daqueles que acham que quem desenvolve atividades muito diversas faz tudo de modo medíocre ou deixa algumas inacabadas.

A pessoa descrita é o plumitivo e poeta curitibano Paulo Leminski, que faria 80 anos neste sábado (24). Por conta da data, sua família, que ainda destina muitas e muitas horas à preservação de sua memória, organizou o Festival Paulo Leminski, que será realizado na pedreira que leva seu nome, também hoje. O evento reunirá nomes porquê Arnaldo Antunes, Paulinho Boca de Cantor, da filarmónica Novos Baianos, e A Filarmónica Mais Formosa da Cidade, todos tocando composições de Leminski. A proposta é reunir diversas gerações que o influenciaram nos processos criativos.

A programação conta ainda com uma feira literária, mediação de grafite e oficinas. Na tarde desta sexta-feira (23), os três lotes de ingressos estavam esgotados e havia fileira de espera de milénio pessoas.

Muitas pessoas desconhecem as composições musicais de Leminski, principalmente porque a tendência é a de se atribuir a autoria ao tradutor da obra. No caso do curitibano, as parcerias incluíram nomes de gigantes da música, porquê Itamar Assumpção e Caetano Veloso.

Pai pândego

Essas são colocações de uma das filhas do plumitivo e da também poeta Alice Ruiz, a escritora e musicista Estrela Ruiz Leminski, que tinha 8 anos quando o pai morreu. Não se pode expressar que o conheceu tão pouco porque, embora fosse novidade quando ele faleceu, a convívio se esticava e se fortalecia ao longo dos dias, salpicando o cotidiano com um bem-querer recíproco e perceptível proporção de comicidade.

Enquanto a mãe trabalhava fora, porquê publicitária, o expediente dele era cumprido em mansão, onde cuidava de Estrela e podia ser “uma pessoa obsessiva, que trabalhava o dia inteiro”.

A musicista conta que foi o pai a primeira pessoa a incentivá-la a fazer suas próprias invencionices no ramo. “Foi a primeira pessoa que colocou um violão no meu pescoço e falou: Vamos fazer uma constituição'”, relata.

Às vezes, Estrela acordava de madrugada, e seu pai colocava O Gordo e o Magro para que assistisse até tombar no sono novamente. Aliás, Paulo Leminski adorava histórias em quadrinhos de terror e as lia para ela, o que irritava a mãe, e ensinou os filhos a propelir facas e a fincá-las nas paredes. “Ele adorava bangue-bangue, ele tinha isso. Eu me lembro de ele me levar para ver luta livre, eu, pequena. Era um Paulo meninão. Foi isso que ficou”, recorda.

Estrela lembra que o pai era um estudioso de vários idiomas e culturas, porquê a japonesa, e tem porquê uma de suas singularidades a trova rápida. “Toda vez que tentam colocar um rótulo no meu pai, ele escorrega”, diz ela, justificando que isso ocorre porque buscava saber inúmeros movimentos culturais e outros campos, porquê a geografia.

“A gente sempre sentiu premência de trazer para as pessoas todas as facetas e complexidades”, sublinha.

Um lado explorado, mas pouco reconhecido de Paulo Leminski, é o da música. Um dos motivos por que segmento de suas obras ficou oculta foram as proibições de agentes da ditadura instaurada com o golpe de 1964.

“Recentemente, apareceram canções inéditas do meu pai com o Ivo [Rodrigues] que o Blindagem [banda de rock em que Ivo era vocalista] ia gravar, mas tinham tombado na repreensão, tinham sido vetadas pela repreensão, na quadra da ditadura [civil-militar]. Foi uma coisa que ficou paragem”, explica a filha do plumitivo. Segundo ela, sua família pretende organizar ainda mais os itens que compõem a biografia de Paulo, incluindo um sistema com termos que facilitem buscas.

“Eles foram tocando o embarcação. Foram gravando as que estavam autorizadas, mas tem músicas inéditas. Tem todo um material que a gente ainda está organizando e a teoria é fazer uma novidade redigitalização, porque a tecnologia avançou absurdamente nesses últimos dez anos”, emenda, esclarecendo que o site que agora hospeda o festival dará lugar ao do Instituto Paulo Leminski, gerido, principalmente, pela mana, Áurea Leminski.

Há 22 anos companheiro de vida e de trabalho de Estrela, o músico, produtor e compositor Téo Ruiz assume que, quando esbarraram um no outro, ele não tinha noção da grandeza da obra de Paulo Leminski. Hoje percebe porquê sabia saracotear o simples, sendo que isso é, na verdade, um pouco complicado de se fazer. Ruiz, que até já coordenou uma exposição, a Múltiplo Leminski, ainda relaciona as criações do curitibano às do soteropolitano Dorival Caymmi e às do recifense Lenine. 

Estrela preparou e lançou, em 2014, o disco duplo Leminskanções, com músicas inéditas de Paulo Leminski e alguns de seus parceiros, lançado em 2014. O projeto ainda rendeu, um ano depois, um livro de canções com mais de 100 músicas de Leminski. Artistas consagrados, porquê Moraes Moreira, Zélia Duncan e Zeca Baleiro, participaram da iniciativa.

Uma das sensações que existem atualmente, pontua Estrela, é a de que ela e a família fazem “o gerenciamento de curso de alguém que não está mais cá”. Todavia, há limites. Sua mãe, Alice Ruiz, se recusa a dar entrevistas sobre o companheiro, reafirmando seu posto de mulher que não permite que a transformem em um inferior ou alguém menor, que somente auxiliou um varão a obter a notoriedade.

“Ela fala: minhas filhas tocam o embarcação [em torno das obras de Paulo Leminski] e eu quero dar entrevista sobre a minha obra, porque eu ainda estou produzindo”, diz Estrela. “Desde o primeiro livro, ela estava com ele quando ele publicou e acompanhou boa segmento da produção e um outro livro ele enviou para a minha mãe antes de enviar à [editora] Brasiliense. E deixou um livro organizado, que é O Ex-Estranho. Minha mãe estava lá, in loco, dizendo o que estava passando na cabeça dele”, acrescenta.

Segundo Estrela, a responsável por concretizar a publicação do livro Toda Verso foi sua mãe. “Foi um ato de paixão, de escoltar cada manchinha no papel, na edição, até para reproduzir aquela coisa caótica e frenética de transpor escrevendo, produzindo a mancha no papel e de ter o supremo de trova por página, para ser uma coisa popular e barata. A gente trabalhou para que fosse um pouco definitivo e de impacto”, conta.

Para Téo Ruiz, o que Paulo Leminski deixou foi um presente bastante longevo e de impressionante contemporaneidade. “Ele era um mundo inteiro.”

Fonte EBC

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