Filme 'ferrari' Mostra Magnata Entre O Luto E A Obsessão

Filme ‘Ferrari’ mostra magnata entre o luto e a obsessão – 21/02/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

O empresário Enzo Ferrari era um perfeccionista. Começou a curso porquê piloto de automobilismo, mas as vitórias na pista não eram suficientes. Decidiu produzir uma marca própria de carros e levantar outros pilotos à requisito de campeões, criando a Ferrari, sinônimo de luxo nos automóveis de passeio e de eficiência nos autódromos.

Foi esse traço de personalidade que tanto fascinou o cineasta Michael Mann, que não fica muito detrás em termos de meticulosidade. Ele, aliás, passou mais de 20 anos com a teoria de fazer um filme sobre Ferrari, o que finalmente conseguiu agora.

Divulgado pela eficiência técnica e a maneira porquê emprega uma marca autoral a seus filmes, porquê em “O Último dos Moicanos”, de 1992, e “Miami Vice”, de 2006, Mann não poderia encontrar um ator para a empreitada que não fosse, porquê ele e Ferrari, também um amante da sublimidade.

Não havia alguém melhor do que Adam Driver, ator que adora mostrar sua capacidade de adaptação e de comprometimento aos seus personagens em filmes tão distintos, porquê “Silêncio”, de 2016, “História de um Conúbio”, de 2019, e “Annette”, de 2021.

“Não sei qual de nós é o mais perfeccionista. Acredito que os três somos meio malucos”, diz Driver, sorrindo, a oriente repórter, no Festival de Veneza, em setembro.

Apesar de a greve dos roteiristas e dos atores de Hollywood estar a pleno vapor durante o evento, Driver tinha autorização para publicar o filme, que não foi produzido pelos grandes estúdios e distribuidores que desafiavam os grevistas.

Mann, aliás, tem atuado um tanto fora do sistema. Apesar de ser respeitado pela sátira e cobiçado por celebridades, “Ferrari” é a primeira produção do cineasta de 81 anos desde “Hacker”, de 2015, com Chris Hemsworth —detonado pela sátira e que, com o tempo, virou cult.

“Não sei se consideraria o filme porquê uma obra perfeccionista, porque esse é um termo que vem associado à teoria de um pouco tedioso, liso, e o filme não é assim. Eu tinha uma visão sobre o que queria fazer, assim porquê Michael tinha a dele. Quando há uma sincronia entre visões distintas, é porque a coisa está funcionando muito, o que é vasqueiro.”

O filme se passa em 1957, quando Ferrari enfrenta problemas pessoais. A morte recente do fruto, que o traumatizava, parecia a pá de cal no matrimónio com Laura, vivida por Penélope Cruz, o que o leva para uma relação com uma amante muito mais novidade, Lina, papel de Shailene Woodley. A conta bancária também vai mal, com a Ferrari diante de uma enorme crise financeira.

Para completar, a procura por bons resultados de Enzo em sua escuderia havia incorrido em negligência com a segurança dos pilotos, levando à morte um deles, o espanhol Alfonso del Portago —vivido pelo brasiliano Gabriel Leone, em sua estreia internacional. A tragédia durante a corrida Mille Miglia daquele ano matou também um assistente e nove espectadores, inclusive crianças.

Para dar vida a um varão que tinha 20 anos a mais que ele, Driver surge com madeixas grisalhas, mais curtas e penteadas do que as do visual cabeludinho com o qual o público está habituado. Ele diz que estudou o que pôde sobre Enzo Ferrari, mas que tentou se parecer com o empresário só dentro do verosímil.

“Houve um zelo com mudanças físicas. Ele se movia de uma maneira muito dissemelhante de porquê eu me movimento, falava de um modo dissemelhante, e até a maneira porquê reagia a uma tragédia. Para ele, viver o luto era quase inadmissível”, diz o ator. “O temperamento dele vinha muito de uma mentalidade de disputa e das corridas, que o faziam estar sempre absolutamente centrado.”

Enzo morreu em 1988, aos 90 anos, e saber seu fruto com Lina, Piero, hoje com 78 anos, foi de grande auxílio para o ator. Mas foi mesmo o diretor a principal natividade de informações nos instantes de incerteza sobre o personagem.

“Piero está lúcido, foi muito receptivo e generoso para me ajudar, ainda que a partir da sua própria perspectiva. Ele me permitiu ter contato com objetos —relógios, gravatas, ternos, a agenda de compromissos de Enzo, a pasta que ele carregava. Essas coisas foram muito úteis”, conta Driver.

Gabriel Leone também diz que o suporte de Mann foi fundamental na sua estreia estrangeira, ainda que o método de filmagem fosse por vezes fadigoso. “Ele tem um processo de filmar que envolve repetir muito as tomadas, porque vai escavando em procura de um pouco além do que já está escrito ou do que imaginou. É um artista muito inquieto”, diz o ator.

Curiosamente, o carioca poderá ser visto em breve na pele de outro automobilista morto em ação, embora eterno rival da Ferrari. Ele viverá Ayrton Senna na série “Senna”, da Netflix. “A única relação entre Portago e Senna é que ambos eram competidores”, diz Leone. “Portago era muito mais um aventureiro do que propriamente um piloto talentoso, o que é totalmente dissemelhante do Senna, que foi o maior de todos.”

A oportunidade chegou ao brasiliano pelo produtor Rodrigo Teixeira, que apresentou Leone a um agente. O diretor buscava um ator com ares de um amante latino. O brasiliano enviou um vídeo e, uma semana depois, teve uma conversa pela internet com Mann, que se convenceu.

Mann parece de roupa ver no carioca uma grande aposta, não só por permitir uma estreia com um personagem importante, mas por explorar o seu potencial de galã. Além de, em cena, ter sempre valorizado seu paisagem de Marlon Vagaroso —que na dez de 1950 era um símbolo comportamental para os jovens de todo o mundo—, Leone aparece numa breve cena de sexo, com recta a “derrière”, sua bunda, à mostra.

“A cena sempre esteve no roteiro e foi super tranquila de fazer. Não foi o primeiro nu que fiz. O diretor queria mostrar um lado do meu personagem, que era o de uma pessoa enxurro de paixão para dar, enxurro de vida e de vontade, em contraponto ao que acontece com ele ao longo do filme”, diz Leone.

Já Adam Driver está de terno o tempo todo, mas seu personagem também tem bastante vontade sexual. Aliás, Enzo, porquê bom italiano machão da dez de 1950, tem um pronunciado sexismo —mal escondia da mulher que tinha uma amante, apesar de esconder a todo dispêndio o fruto Piero, que tinha fora do matrimónio.

Mas o filme injeta um pouco dos tempos atuais na forma porquê retrata Laura, que nunca se deixa diminuir diante do marido. “Não foi uma personagem escrita para atender demandas, mas para honrar quem era aquela mulher. Mesmo que ela esteja esperando pelo marido em vivenda, ela ainda tem sua própria mando”, diz Driver.

Cruz esteve cotada para uma vaga no Oscar de atriz coadjuvante, mas, apesar de críticas positivas à sua atuação, parece ter faltado combustível. O filme passou em branco em toda a temporada de premiações em curso em Hollywood.

Folha

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