Fim De 'terra E Paixão' Consagra Novela Exagerada 19/01/2024

Fim de ‘Terra e Paixão’ consagra novela exagerada – 19/01/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

“Terreno e Paixão” termina uma vez que uma das mais exageradas telenovelas da Mundo —e isso não é um defeito.

O folhetim, de quem último capítulo foi exibido na noite desta sexta-feira, 19, trouxe subida ração de vilania, com malfeitores ordenando atentados, sequestros e assassinatos. Também apostou nas relações homoafetivas, com vários casais se formando, inclusive interraciais, justo em uma emissora que tinha dificuldade para validar selinhos. Ela valorizou em todos os capítulos o agronegócio e, no mesmo caminho, o merchandising, com a Mundo usando seus estúdios para gravar cenas para marcas de carruagem, cerveja, produtos de venustidade, chegando ao requinte de uma inserção mudar o rumo de um capítulo.

Foi justamente caldeirão de excessos que garantiu o interesse da romance. O último capítulo, uma vez que de hábito, começou com o esperado ajuste de contas entre o muito e o mal, justamente com o homicídio de Antonio La Selva —vivido por Tony Ramos—, a personificação da família rica branca que tentava desde maio, quando estreou a romance, destruir Aline —papel de Bárbara Reis—, a moça negra trabalhadeira e honesta.

A tarifa racial, no entanto, ficou em segundo projecto, abafada pela luta pela posse da terreno, ou seja, o fator econômico sobrepujou o social.

Porquê de hábito em fecho de novelas, foi finalmente revelado o sicário —na verdade, a dupla— de Agatha, vivida por Eliane Giardini. E, seguindo o discutível lema “os fins justificam os meios” que tanto marca o cinema americano atual, os responsáveis não foram punidos, cientes de que combateram o mal com o próprio mal.

Escrita por Walcyr Carrasco, técnico em tramas marcadas por grandes sobressaltos, a romance teve a valiosa tributo de Thelma Guedes que, hábil nos diálogos, soube costurar os altos e baixos, mantendo uma congruência na estrutura que garantisse uma certa verossimilhança.

Não foi uma tarefa fácil, pois o folhetim estreou com a missão de alavancar a péssima audiência deixada por “Travessia”. Para isso, retomou o envolvente do tapado, que consagrou “Pantanal”, mas sem tuiuiú e profusão de machos sem camisa.

O excesso de reviravoltas na trama, porém, desagradou boa secção do público, cuja parcela foi reconquistada a partir da segunda metade da romance, quando, já com a colaboração de Guedes, Walcyr promoveu a aparição de alguns personagens em poucos capítulos, uma vez que a trambiqueira Emengarda, vivida por Claudia Raia, e o abusador Dirceu, papel de Eriberto Leão, para dar um respiro na história e distanciar o perigoso clima de mesmice.

O trunfo só foi provável, na verdade, graças ao talento do elenco. Veteranos uma vez que Gloria Pires, Eliane Giardini e Tony Ramos capturavam a atenção do testemunha que, manipulado pela habilidade cênica do trio, descobriu-se simpatizando com figuras odiosas.

E, inspirado em Gilberto Braga, que mostrou em “Vale Tudo” a vitória do mau-caratismo, Walcyr reservou um tramontana feliz para Irene, a ex-prostituta que se casou com um milionário e sustentou seu reinado a base de assassinatos encomendados e devassidão. Agora, vivendo no Rio de Janeiro, ela conseguiu um novo milionário e ainda adotou um rebento. Vitória da impunidade.

A romance revelou também nomes uma vez que Débora Ozório, Diego Martins e Amaury Lorenzo que flertaram com o exagerado, sem perder a humanidade, principalmente ao tratar de assuntos uma vez que doenças comportamentais, paixão sem saliência de gênero e matadores contumazes.

Destaque ainda para Tatá Werneck que, uma vez que Anely, teve liberdade para exercitar seu humor sem noção, provocando risos inclusive dos colegas de cena com trocadilhos uma vez que “há uma Petra no meio do caminho”, referindo-se à rival na disputa pelo paixão de Luigi —vivido por Rainer Cadete—, ou ao declarar, diante da sua nem sempre controlada ânsia sexual, que não é fácil prometer “o pau de cada dia”.

Foi justamente em uma cena de Anely com o sobrinho que a Mundo foi além na mediação do marketing no drama: uma discussão entre eles foi simplesmente aliviada depois que a imagem de um resultado de venustidade interrompeu a cena para estimular a conversa uma vez que melhor caminho. Anely chegou a referir a marca do resultado uma vez que responsável pela solução.

Na contramão, o núcleo indígena deixou a sentimento de que a feitiçaria de um pajé visionário dos perigos é a solução contra os males da humanidade, um pouco imaginoso demais diante da crua veras vivida por diversas tribos brasileiras, em luta uniforme pela vida. Mesmo assim, a cena final mostra o pajé pregando tempo de simetria e de sossego. O excesso final de uma romance de excessos.

Folha

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