Folha Indica Os Melhores álbuns De 2024 26/12/2024

Folha indica os melhores álbuns de 2024 – 26/12/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

O ano de 2024 na música trouxe surpresas, com novos álbuns que vão desde veteranos consagrados até estrelas em subida, capazes de tomar a atenção dos ouvintes.

A Folha convidou sete profissionais especializados em música para listar os cinco melhores álbuns que ouviram levante ano. O resultado é uma seleção diversificada, que transita pelo pop, brega e música clássica, destacando as melhores produções de 2024.

Confira a lista completa aquém, em ordem alfabética:

Amanda Cavalcanti

Jornalista especializada em música

Brat

Charli XCX. Gravadora: Atlantic

É difícil encontrar um tanto para falar sobre esse álbum, talvez a obra mais comentada da cultura pop em 2024, que ainda não tenha sido dito. Mas não tem muito porquê evadir: além de ter sido um caso para muito além da música, “brat” é um disco impecável. Depois de mais de uma dezena de curso, senti que Charli finalmente chegou à obra que uniu perfeitamente seu pop que foge do óbvio, salpicado com dance music, com suas autorreflexões surpreendentemente vulneráveis.

Acelero

Crizin da Z.O.. Gravadora: QTV Records

Término da linguagem, sarau da músculos, caos: o disco do trio Crizin da Z.O. narra o termo do mundo sobre o tecido de fundo barulhento e cacofônico que ele merece. O grupo sempre partiu do funk carioca para pintar sonoridades mais experimentais, mas em “Acelero” eles expandem ainda mais a paleta sonora. Não é só funk, não é só metal, não é só noise, não é só gabber, não é só industrial. É tudo isso de uma vez só e multiplicado por dez.

Celda 4

L-Gante. Gravadora: Warner Music

O L-Gante é um expoente do rap prateado, que rendeu outros trabalhos muito comentados levante ano – porquê a dupla Ca7riel & Paco Amoroso, que explodiu com um vídeo gravado para o NPR Tiny Desk, e o rapper Dillom, que também lançou um álbum interessante. Mas ninguém fez melhor que L-Gante, oriundo dos “barrios” periféricos de Buenos Aires, que ficou recluso por meses no ano pretérito, atrasando o lançamento de “Celda 4”. Mas o disco não decepcionou: a atitude do artista e sua habilidade vocal é a de um gangsta rapper dos anos 1990, mas ele rima por cima de uma espécie de versão eletrônica da cumbia argentina, chamada “RKT”. O resultado é o disco de rap mais único que ouvi esse ano.

333

Matuê. Gravadora: 30PRAUM

A espera desde 2020 foi longa, mas valeu a pena. Matuê seguiu seu “Máquina do Tempo”, cujas letras são inteiramente acompanhadas a plenos pulmões pelos fãs nos shows do rapper, com “333”, experiência ainda mais psicodélica e imersiva que seu trabalho anterior. Tanto em hits porquê “Crack com Mussilon” e “Imagina Esse Cenário” quanto em momentos de novas experimentações para o cearense, porquê “O Som” e “Like This!”, Matuê se provou mais uma vez porquê o rapper brasílico mais criativo de sua geração.

Guabiraba, Chicago

Pauleta Lindacelva. Gravadora: Perfecto Estado

Oriundo de Recife, Paulete Lindacelva resolveu unir a cena onde começou a se apresentar porquê DJ, no bairro de Guabiraba, às origens da house music, em Chicago. Mas eu diria que “Guabiraba, Chicago” é também um observação sobre São Paulo, cidade cuja cena eletrônica foi muito influenciada pelo ritmo neste ano e onde Paulete caiu no sabor dos frequentadores de pistas. Primeiro trabalho gravado pela DJ, o disco é uma viagem urbana bem-humorada e espirituosa.


André Barcinski

Jornalista

Butu

KOKOKO!. Gravadora: Transgressive

A grande orquestra africana do Congo, que mistura eletrônica e percussão sítio, faz sua obra-prima depois da tragédia de perder integrantes para a Covid-19.

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Beak. Gravadora: Invada Records UK

Enquanto o Portishead não volta, o baterista e produtor Geoff Barrow continua seu luminoso trabalho com o trio Beak, que bebe na manadeira do krautrock e da eletrônica.

Songs of a Lost World

The Cure. Gravadora: Polydor Records

Quem diria que Robert Smith, aos 65 anos e 45 de curso, cometeria um de seus melhores discos?

Mahal

Glass Beams. Gravadora: Ninja Tune

Trio australiano que faz uma viajante música instrumental misturando sons do Oriente Médio e rock. Viciante.

Funeral for Justice

Mdou Moctar. Gravadora: Matador Records

Do Níger, o exímio guitarrista canhoto Moctar lidera sua orquestra furiosa num dos melhores discos de rock do ano.


Felipe Maia

Jornalista e etnomusicólogo

Espontaneamente se Tenta: Aventuras Sonoras de Djalma Corrêa

Djalma Corrêa. Gravadora: Lugar Cumeeira

Quiçá um álbum que não foi pensado porquê tal não merecesse um lugar na lista, mas o resgate da obra de Djalma Corrêa é digno de nota. Um dos maiores percussionistas do Brasil e um dos primeiros compositores do país a se aventurar na eletroacústica na ponte popular-acadêmico, Corrêa é redescoberto neste disco de peças e gravações até logo ocultas —estudos que seriam fundamentais para seu seminal disco “Baiafro”, de 1974.

Paraíso Sombrio

DJ Anderson do Paraíso. Gravadora: DC Music

Enquanto o funk de São Paulo ganha o mundo porquê club music experimental e o funk do Rio se embrenha nas experimentações rítmicas, Belo Horizonte desponta porquê terceira via. Tétrico, macabro, lúgubre, o funk da capital mineira tem em WS da Igrejinha, Gordão do PC e Anderson do Paraíso sua tríplice do mal. Oriente último acentua a atmosfera do horror em “Paraíso Tropical”, um álbum repleto de silêncios, ecos e sinistras vozes ao longe.

Sentir que No Sabes

Mabe Fratti. Gravadora: Unheard of Hope

A violoncelista e cantora guatemalteca Mabe Fratti é um caso vasqueiro de artista que cresce a cada disco. “Sentir que No Sabes” é seu quarto álbum em quatro anos e mostra a compositora e instrumentista porquê valente exploradora, na voz e nas cordas. As faixas vão de peças a canções, experimentalismo sonoro e rock de vanguarda —combinação que, ela diz, surge na efervescente cena da Cidade do México, onde é radicada.

Silence is Loud

Nia Archives. Gravadora: HIJINXX/Island

Dispensando o flerte tímido do pop atual, a DJ, produtora e cantora abraça a linguagem do breakbeat apressurado de ponta a ponta no seu álbum de estreia. A jovem criada em Manchester usa jungle e drum’n’bass com personalidade e faz repercussão à era mais popular da música eletrônica britânica, de Chemical Brothers, Prodigy e Fatboy Slim, do club à redondel. A tira “Forbidden Feelingz” é uma pérola dos quais único defeito é ser tão curta.

Batidão Tropical Vol. 2

Pabllo Vittar. Gravadora: Sony Music

Em origem, um álbum de versões não é novo. Nem sempre o novo, porém, vem do inédito. Na suíte “Batidão Tropical”, Pabllo Vittar e o time da Brabo Music abordam a música popular norte-nortista —o roda do brega entre Recife e Belém— com a ração certa de diversão e originalidade. O sopro de refresco foi tanto que o disco recuperou sucessos sem toar oportunista, caso de “São Amores” e “Ai Ai Ai Mega Príncipe”, um tecnomelody hyperpop.


Isabela Yu

Jornalista

Topo da Minha Cabeça

Tássia Reis. Gravadora: XIU

Unindo samba e hip hop, o aguardado quarto trabalho da cantora traz dez faixas e inclui colaborações com Criolo e Theodoro Nagô. Sucessor de “Próspera”, de 2018, o álbum mergulha nas possibilidades da música preta, enquanto propõe um resgate dos ritmos que formaram a identidade artística da criadora.

Romance

Firmamento. Gravadora: Urban Jungle Records

Gravado ao vivo de forma analógica, o disco traz um gesto para o pretérito, ao mesmo tempo em que as letras retratam os dramas do cotidiano hiperconectado. Todas as composições são de Firmamento, com exceção de “Corpo e pescoço”, de Nando Reis e Kleber Lucas. Já “Reescreve” é uma parceria com Marcos Valle.

Amaríssima

Melly. Gravadora: SLAP

Com a percussão em primeiro projecto, a compositora e produtora bebe da manadeira de ritmos porquê samba reggae, ijexá e pagodão baiano, mas faz conexões com a música global ao incluir flertes com r’n’b e amapiano. Há ainda feats com Liniker, porquê “10 Minutos”, e Russo Passapusso, caso de “Rio Vermelho”.

Silence Is Loud

Nia Archives. Gravadora: HIJINXX/Island

A DJ e produtora músico britânica mirou nos anos 1990 para imaginar as 13 faixas deste álbum, que traz referências do drum’n’bass, jungle e britpop. A música dançante com espírito punk de Nia Archives estica os limites dos gêneros musicais, pois no seu caldeirão sonoro cabe um pouco de tudo, contanto que seja buliçoso.

Dime Valedoiro

Alex Anwandter. Gravadora: 5AM

“Dime Valedoiro” destaca o som do sintetizador da new wave com as guitarras do indie rock, tudo isso atado pelas batidas do house. O quinto disco solo do músico chileno, espargido pela orquestra Teleradio Donoso, pode ser interpretado porquê uma ode à vida noturna, pois as músicas carregam a força vibrante da pista de dança.


Sidney Molina

Professor e crítico de música

Pra Você, Ilza

Hermeto Pascoal. Gravadora: Rocinante

O álbum tem 13 temas que Hermeto buscou em um caderno de criações inéditas de 1999 e 2000. Ilza da Silva, mulher dele por 46 anos, morreu pouco tempo em seguida a última música do caderno ter sido escrita. Choros e frevos tangenciam-se, com pitadas contidas de samba, muita memória de bandas e dobrados, maracatu e forró. Hermeto e orquestra seguem no auge.

The Guitars of Sergio and Eduardo Abreu

Sergio Abreu e Eduardo Abreu. Gravadora: Guitarcoop

Cultuado pelo meio violonístico ao longo de várias décadas, o LP gravado originalmente em 1969 pelo mítico duo de violões carioca nunca havia sido lançado em formato do dedo. A musicalidade assombrosa, a sonoridade perfeita, o repertório lapidado e o entrosamento transcendental não permitem suspeitar que os irmãos mal acabavam de completar 20 anos. Resgate indispensável, não somente para o mundo do violão, mas também para quem procura um concepção maior de música de câmara.

Lorenzo Fernandez, Sinfonias nº1 e nº2

Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Gravadora: Naxos

O tardio resgate da obra sinfônica de um compositor chave da segunda geração patriótico brasileira integra a coleção “Música do Brasil” e se insere com categoria nos (também tardios) resgates das sinfonias de Guarnieri e Villa-Lobos, pela Osesp, e das de Claudio Santoro, pela Filarmônica de Goiás. O álbum traz também a suíte “Reisado do Pastoreio”, onde o compositor carioca explora elementos de matriz africana.

Boca Enxurrada de Frutas

João Bosco. Gravadora: Som Livre

Musicalmente impecável; vocalmente em forma; novas músicas, novas letras: são dez composições inéditas de João Bosco, além de uma desconstruída versão de “O Cio da Terreno”, de Chico e Milton. Há uma melodia feita a partir de letra deixada por Aldir Blanc, seu parceiro histórico, mas chamam atenção mormente as sete maduras parcerias com o filósofo Francisco Bosco, seu fruto. Cosmogonias indígenas perpassam o álbum e mostram o Brasil que pulsa escondido no “vazio buraco da história”.

Pianolatria

Cristian Budu. Gravadora: Selo Sesc

Álbum duplo grava a primazia de autoras e autores brasileiros pouco ou zero conhecidos —porquê Cacilda Borges Barbosa e Clarisse Leite— ao lado de nomes centrais porquê Mignone, Guarnieri e Villa-Lobos. Aos 36 anos, Budu é um dos nomes centrais do piano brasílico, e destaque internacional desde a obtenção do Prêmio Clara Haskil, na Suíça, em 2013.


Thales de Menezes

Jornalista

The Future Is Our Way Out

Brigitte Calls Me Baby. Gravadora: ATO Records

Esse grupo de Chicago labareda atenção porque seu vocalista, o esquálido Wes Leavins, canta feito um Elvis Presley, usando sua voz grave em letras existencialistas. O som da orquestra fica no meio do caminho entre The Smiths e The Strokes. O álbum é puxado por canções quase épicas, porquê “Impressively Average”. “I Wanna Die in the Suburbs” e “Eddie My Love”. Ah, o nome do grupo é inspirado em Brigitte Bardot, musa do cantor.

Liam Gallagher & John Squire

Liam Gallagher e John Squire. Gravadora: Warner Music

Lançado ainda no início do ano, muito antes do proclamação da volta do Oasis às turnês, o álbum de Liam Gallagher em parceria com o ex-guitarrista do Stones Roses foi saudado porquê um revival da melhor música produzida em Manchester na primeira metade dos anos 1990. Algumas faixas são puro Oasis, outras caíram numa mistura boa e um tanto inclassificável. O melhor disco de rock de tiozão da temporada, sem nenhuma incerteza.

No Obligation

The Linda Lindas. Gravadora: Epitaph Records

Elas são quatro meninas californianas que têm entre 14 e 18 anos, filhas de imigrantes, misturando ascendências chinesa e mexicana. O som é um punk rock misturado com pop bubblegum que gruda no ouvido. Tocam muito muito desde o início, e levante ano lançaram seu segundo álbum, que tem dois hits irresistíveis, “All in My Head” e “Too Many Things”. Excursionaram nos Estados Unidos abrindo os shows da turnê do Green Day e roubaram a cena.

From Zero

Linkin Park. Gravadora: Warner Music

Sete anos em seguida o suicídio de um dos vocalistas, Chester Bennington, a orquestra encontrou uma novidade voz para dividir as canções com Mike Shinoda. E a encontrou numa orquestra de metal, Dead Sara. Emily Armstrong se encaixou perfeitamente porquê a berradora, deixando Shinoda para as partes de rap. O novo disco é poderoso, com “The Emptiness Machine” e “Two Faced” se transformando em hits mundiais em poucos dias.

Seduzido

Silva. Gravadora: Som Livre

Em seu sétimo álbum em 12 anos de curso, o cantor capixaba perdeu a vergonha de redigir canções românticas. O disco tem letras de paixão derramadas, mas não está restrito a baladas sentimentais. Tem beats eletrônicos, faixas com influência jazzística e uma melodia que tem participação de Marcos Valle, “Copo D’Chuva”, na qual Silva paga tributo a suas grandes influências na bossa novidade, João Donato e o próprio Valle.

Folha

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