Procedente de Taubaté, no interno de São Paulo, Carlos Prates, 31, é uma das maiores apostas do UFC (Ultimate Fighting Championship) para o ano de 2025.
Profissional em muay thai e kickboxing e fita preta de jiu-jítsu, Prates, dos quais sobrenome é ‘The Nightmare’ (O Pesadelo), fez sua estreia no evento de MMA no ano pretérito, posteriormente se ressaltar no Contender Series, programa em que Dana White, encarregado do UFC, caça novos talentos para lutar no octógano.
Em seu primeiro ano no UFC, Prates despertou a atenção dos adversários com um desempenho avassalador —em quatro lutas, foram quatro vitórias, todas por nocaute, que lhe renderam quatro bônus de Performance da Noite.
A precisão dos golpes, a esquiva e o estilo de luta com a guarda baixa fizeram com que Dana chegasse a confrontar Prates com Anderson Silva.
“Suave. Despreocupado. Violento. Combinações absolutamente incríveis. Ele pode lutar com qualquer um. Do jeito que ele lutou hoje a noite (contra Mitch Ramirez, no Contender Series), me lembra o Anderson Silva ‘das antigas’, jovem e no auge”, afirmou o executivo.
Com uma trajetória no mundo das lutas que começou na juvenilidade e contou com um período de treinos na Tailândia, Prates diz que o início no UFC, da forma uma vez que foi, surpreendeu até ele mesmo.
“Eu me sentia pronto, mas, sendo sincero, não esperava tudo isso. Quatro nocautes, quatro bônus, um ‘main event’ (luta principal da noite)”, afirma o lutador à Folha.
A subida meteórica do taubateano se torna ainda mais impressionante pelo veste dele ser um dos poucos lutadores profissionais, senão o único, que se declara francamente fumante.
“Pode ser que o cigarro afete meu desempenho, pode ser que não, mas quando estou no octógano, me sinto muito. A galera pode permanecer despreocupada porque tenho gás para lutar três rounds e, quando for luta de cinco rounds [em disputas de cinturão], vou estar com gás para lutar os cinco rounds”, diz ele, que começou com o hábito aos 12 anos e chega a fumar até dez cigarros por dia.
No futebol, o goleiro polonês Wojciech Szczesny, 34, que recentemente deixou a aposentadoria para tutelar o Barcelona, também já admitiu o vício no cigarro. “Não é da conta de ninguém se eu fumo”, declarou o arqueiro com passagens por Arsenal, Roma e Juventus.
Prates acrescenta que tem tentado levar uma vida mais saudável, com uma sustento balanceada indicada pelo nutricionista e menos saídas à noite para as festas, mas que não pensa em parar de fumar, ao menos por enquanto.
“Às vezes até quero parar, mas não sinto vontade de parar”, reconhece sinceramente o lutador, que chegou a engordar cinco quilos em uma semana durante uma tentativa de parar de fumar.
Ele acrescenta que o vício não interfere em sua dedicação nos treinos. “Quando tenho luta marcada, sou o primeiro a chegar e o último a trespassar da liceu”, afirma ele, que se divide entre os treinos em Taubaté e em São Paulo.
Na capital paulista, ele treina na equipe The Fighting Nerds, reconhecida pela estudo certeira dos adversários para traçar a estratégia de luta de seus atletas. Ela foi eleita no ano pretérito a melhor liceu no World MMA Awards, premiação considerada o Oscar das artes marciais mistas. Foi a primeira liceu brasileira a vencer a premiação em 16 edições.
Os quatro lutadores que competem atualmente no UFC —além de Prates, Caio Cinzeiro, Jean Silva e Maurício Ruffy— ostentam até cá um posse perfeito de 18 vitórias no evento, 11 delas por nocaute, e nenhuma guia.
Atual 13º no ranking da categoria meio-médio (até 77,5 kg), Prates tem sua próxima luta marcada para 12 de abril, quando mede forças com o americano Geoff Neal (10º) no UFC 314 em Miami, nos Estados Unidos.
“Ele está supra de mim no ranking, portanto uma vitória pode fazer eu chegar ao top 10 da categoria”, afirma o brasílio. “Vamos fazer sobrevir. Ir lá, meter mais um nocaute, mais um bônus e mais uma vitória para o Brasil.”
Prates diz que o cinturão da categoria, hoje sob posse de Belal Muhammad, é naturalmente um objetivo traçado. Mas ressalta que não tem pressa de chegar ao ‘title shot’ (luta pelo cinturão).
“Quanto mais demorar para chegar ao cinturão, mais muito pronto vou estar. Até prefiro esperar um pouco para estar mais muito pronto e, na hora que sobrevir, não ter erro.”
Ele diz ainda que as comparações com Anderson Silva são gratificantes, mas que não se deslumbra com elas. Prates afirma que quer traçar seu próprio caminho para, futuramente, ser ele a referência.
“O Anderson Silva é o Anderson Silva. Eu estou trabalhando agora para, daqui a dez anos, nascer outro rostro bom no Contender Series e o Dana falar: ‘esse rostro parece o Carlos Prates quando era novo’.”