Gene Hackman foi encontrado morto nesta quinta-feira, ao lado de sua mulher, na moradia deles, em Santa Fé, nos Estados Unidos. As circunstâncias do ocorrido ainda estão em temporada de investigação. O claro é que Hackman —que esteve na pele de policiais, detetives, homens comuns oferecido ao voyeurismo, presidentes dos Estados Unidos corruptos e xerifes mal-encarados— morreu discretamente, porquê viveu.
Talvez sua enunciação mais famosa seja esta: “Me preparei para ser ator, não uma estrela. Me preparei para interpretar papéis, não para mourejar com renome, agente, advogados e prensa.”
Não significa que não amasse as estrelas. Uma de suas primeiras impressões sobre a arte de interpretar vinha de Errol Flynn, o Robin Wood do filme de 1938, o galã preposto dos grandes filmes de façanha da Warner Bros. Mas passava por outros atores da era, porquê James Cagney, o gângster dos gângsters, outro ator pleno de vigor.
Ainda jovem passou a estudar artes em Pasadena, na Califórnia. Ali foi colega de Dustin Hoffman. E ambos foram escolhidos por um professor porquê os menos dotados da classe para o sucesso.
Parece que não tinha bom olho esse professor. Mas foi esse veredito que levou Gene a se mudar para Novidade York —e Hoffman também. Alistou-se no tropa, onde foi evidenciado para servir na China, Japão, Havaí, de onde foi dispensado em 1951. Trabalhou em Novidade York, estudou jornalismo, depois produção para a televisão no estado americano de Illinois.
Uma vez que a teoria de se tornar ator permanecia intacta, voltou para a Califórnia. Agora seu padrão de versão era o Marlon Vagaroso de “Uma Rua Chamada Perversão”, o maior nome da geração de atores surgida nos anos 1950.
Em seguida empilhar papéis em séries para a TV dos anos 1950 e 1960, consegue um papel no primeiro filme célebre de sua curso —”Lilith”, de Robert Rossen, de 1964. Mas era um coadjuvante muito coadjuvante, o que o credenciou a mais papéis na TV. Em “Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas”, de 1967, de Arthur Penn, teve mais destaque —apareceu porquê Buck Barrow, o irmão de Clyde, o que lhe valeu a indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante.
Foi um dos filmes mais marcantes dessa dez. O primeiro trabalho em grande graduação a fazer dos bandidos os heróis. Um dos primeiros sintomas —cinematográficos, ao menos— da desilusão que a Guerra no Vietnã provocou nos jovens nos Estados Unidos. A ultraviolência ali se manifestava, na refulgente sequência final, porquê uma espécie de violência de Estado.
Revolta não era o problema de “Operação França”, que emplacou porquê melhor filme de 1971. Também levou melhor direção, para William Friedkin, e melhor ator —naturalmente, para Gene Hackman, que consagrou o detetive Popeye Doyle e seu inusitado chapeuzinho porquê um dos mais célebres policiais de seu tempo.
Estava na rota de seus velhos heróis, tipos enérgicos —e não necessariamente galãs. Mas o próximo papel marcante viria com “A Conversação”, de 1974, de Francis Ford Copolla. Fracasso de público a seu tempo, mas um filme intrigante, onde Hackman se impõe porquê varão perfeitamente generalidade, um técnico em sistemas de segurança de som que, de tanto espionar os outros, acaba consumido pela paranoia.
Não foi preciso esperar muitos anos para perceber o quanto o filme de Copolla já falava de um mundo cujos aparelhos sofisticados destruía a privacidade. Não foi por casualidade que ganhou a Palma de Ouro daquele ano em Cannes. Talvez Harry Caul, seu personagem, fosse um varão generalidade demais para receber a atenção do Oscar.
Mas foi uma formação refulgente, e um dos papéis mais marcantes desse ator incomum. De claro modo, voltava ao padrão de versão que o impressionou em “Uma Rua Chamada Perversão”, onde Marlon Vagaroso, disse Hackman, fazia parecer tudo aquilo proveniente. Uma vez que seu Harry Caul, por fim.
Se chamou a atenção porquê o vilão Lex Luthor no primeiro “Superman”, de 1978, voltaria a se primar a ponto de novamente ser indicado ao Oscar pela sua atuação porquê um dos agentes federais que procura os responsáveis pelo linchamento de alguns ativistas antirracismo em “Mississippi em Chamas”, de 1988, de Alan Parker, ao lado de Willem Dafoe.
Era uma espécie de Popeye Doyle sem chapéu, mas novamente um obstinado em procura de justiça. E, no caso, era preciso bastante obstinação —o Mississippi inteiro tinha intenção de permanecer racista e de esconder os responsáveis pelo caso.
Esse tipo era muito dissemelhante do perverso xerife do faroeste “Os Imperdoáveis”, de 1993, de Clint Eastwood, que desta vez lhe daria o Oscar de melhor coadjuvante. Uma das razões de o filme ter ressuscitado o faroeste naquele momento foi a personagem de Hackman desenvolvia ali um tipo interessante. Pois o sadismo convivia ali com o libido —sincero, acredita-se— de preservar a ordem a todo dispêndio.
Ele voltaria a trabalhar com Clint alguns anos depois em “Poder Inteiro”, agora no papel de um presidente da República pilhado em um ato criminoso por um ladrão de joias. De xerife sádico a político inescrupuloso, parecia ter chegado a um tipo ideal.
É verdade que repetiria o papel de vilão com maestria em “Rápida e Mortal”, de 1995, de Sam Raimi, onde é John Herod, varão mau, muito mau, responsável por ter matado o pai da personagem de Sharon Stone, que agora procura a vingança.
Mas o ator não se fixou num tipo único. Outra parceria importante de sua curso foi com Mike Nichols, famoso diretor de atores. Com ele, Hackman trabalhou em “Lembranças de Hollywood”, de 1991, mas esse era um filme essencialmente feminino. O real encontro se deu em “A Gaiola das Loucas”, de 1996, onde o ator surge porquê o senador preconceituoso e cioso de sua imagem que, por acasos da vida, acaba tendo de se travestir para evadir de uma boate gay.
Se Gene já tinha provado sua versatilidade, esse personagem foi, em todo caso, a prova final. Podia interpretar qualquer papel, e muito, os cômicos tanto quanto os dramáticos ou policiais. E para tirar qualquer incerteza ele seria ainda o Royal Tenenbaum do primeiro filme a marcar a curso de Wes Anderson, “Os Excênticos Tenenbaums”, de 2001.
Estava próximo da aposentadoria, para a qual se retiraria em 2004, num rancho em Santa Fé, digno de cinema, com visão para as Montanhas Rochosas do Colorado. Não estava cansado de atuar, mas do que vinha junto de seu sucesso, por fim.
Em seu retiro, na pacata capital do Novo México, cidade com menos de século milénio habitantes, famosa porquê refúgio de milionários, artistas e galeristas de arte, viria também a morrer Eugene Allen Hackman, de causas ainda desconhecidas, ao lado da mulher e, segundo o xerife do condado, também de seu cachorro.