Gestores Analisam E Votam Propostas Na Conferência Nacional De Cultura

Gestores analisam e votam propostas na Conferência Nacional de Cultura

Brasil

Comitivas de todos os estados estão reunidas, em Brasília, para debater políticas culturais na 4ª edição da Conferência Pátrio de Cultura (CNC), realizada pelo Ministério da Cultura, até sexta-feira (8). Dentro do tema medial Democracia e Recta à Cultura, mais de 1,2 milénio delegados de cultura com poder de voto e o público em universal reafirmam em cada proposta que a cultura é um recta universal, ou seja, de todas as pessoas, porquê expresso na Constituição na Constituição de 1988.

Brasília (DF), 05/03/2024, 4ª Conferência Nacional de Cultura, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Brasília (DF), 05/03/2024, 4ª Conferência Nacional de Cultura, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

4ª Conferência Pátrio de Cultura, no Núcleo de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. – Rafa Neddermeyer/Escritório Brasil

Nesta terça-feira (5), o dia foi marcado por participação popular e de gestores de cultura em salas de diversas conferências setoriais, realizadas simultaneamente para dar as futuras caras da cultura do país.

Pela manhã, os presentes discutiram e votaram alguns pontos das propostas vindas das conferências regionais e fizeram ajustes nos textos que, quando forem aprovados, no término da 4ª CNC, servirão de base para reconstruir o Projecto Pátrio de Cultura.

Na conferência setorial que tratou do Patrimônio Intáctil Brasiliano, por exemplo, os delegados decidiram que, prioritariamente, recursos públicos devem remunerar os chamados de detentores de tradições culturais, porquê forma de preservar tradições e saberes e, sobretudo, valorizar as pessoas mais velhas das comunidades.

Foi o que defendeu a representante do jongo [dança de origem africana] com o nome Filhos da Semente, de Indaiatuba, São Paulo, Juciara Sousa. “A gente monetiza os mais velhos, que são os detentores da cultura, para que os mais novos tenham o conhecimento, para que eles que estão na era do dedo, na era da informatização, saibam repassar o conhecimento recebido de nós para nós mesmos”.

Quem também pediu saudação à tradição cultural de seu povo foi Francisco Alfredo Maia, o  Sidney Cigano, do município de Sousa, na Paraíba. Ele criticou a invisibilidade que os ciganos têm na formulação de políticas públicas. “Nossa cultura é rica: a dança, a música e artesanato. Por natureza, a maioria dos ciganos sabe tocar violão e trovar. Mas, a maior dificuldade, com certeza, é a falta de um olhar mais humano do povo, do poder público. O Estado nos deve muito”, se ressente o cigano.

Na sala ao lado, no encontro setorial sobre audiovisual, os delegados decidiram que deve ser proposta a geração do Colegiado Pátrio das Artes Visuais, com o objetivo de fortalecer a discussão do setor dentro do Parecer Pátrio de Cultura. Os delegados também pediram uma escuta diferenciada do Parecer que ligeiro em consideração as realidades municipais.

Os delegados ainda sugeriram a capacitação dos prestadores de serviços e dos tribunais de contas para estudo de prestações de contas do uso de quantia público em ações de cultura.

Em outra sala acompanhada pela Escritório Brasil, onde é realizada a conferência setorial sobre arquitetura e urbanismo na cultura, foi priorizada a implantação, reforma e melhoria de equipamentos e espaços culturais, premência de priorizar territórios periféricos para a implantação de edifícios e lugares de cultura para levante público. Os delegados ainda devem elaborar editais públicos para projetos com foco na acessibilidade plena e nas tecnologias de assistência, saudação ao meio envolvente e aos povos tradicionais, flutuação cultural, regional e urbana, o fortalecimento das organizações de base comunitária.

Inconstância

Do lado de fora das salas das conferências setoriais, nos corredores do Núcleo de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, o cenário é de flutuação.

As culturas digitais, populares e tradicionais, periféricas, LGBTQIA+, de paridade racial, da juventude, de pessoas com deficiência (PcD), dos povos do campo, das águas e das florestas, pelo recta à memória de povos apagados, entre outras culturas, se misturam no mesmo espaço.

O paulistano, de pai armênio e mãe pernambucana, Artur Artin Artinian Depanian, pede a valorização da literatura e livros no lugar de armas.

“O livro alimenta a psique, o coração. Ele estimula, alegra e alimenta. E você nem precisa trespassar do lugar. Mas o livro não é para você deixá-lo guardado. Eu acho que falta atitude de algumas pessoas e de alguns segmentos, em confiar no livro.”

Brasília (DF), 05/03/2024, 4ª Conferência Nacional de Cultura, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Na foto o personagem Artur Depanian. Foto: Jose Cruz/Agência Brasil
Brasília (DF), 05/03/2024, 4ª Conferência Nacional de Cultura, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Na foto o personagem Artur Depanian. Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

Artur Depanian pede a valorização da literatura- Jose Cruz/Escritório Brasil

Avante da delegação do Pará, o morador de Altamira, Marcelo Altamirense, reclamou que devido às extensões territoriais do município, o maior do Brasil [161.445,9 km²], há muita dificuldade em democratizar a cultura aos povos desta região do Rio Xingu. “O dispêndio amazônico é um dos grandes debates da 4ª conferência. O Brasil precisa entender essas regionalizações. Cá, temos o repto de irmanar o Setentrião com os outros estados, desde o Pará, o Tocantins e até estados da Amazônia Permitido, porquê o Maranhão, e trazer essa verdade para o país todo.”

Brasília (DF), 05/03/2024, 4ª Conferência Nacional de Cultura, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Na foto o personagem Marcelo Altamirense. Foto: Jose Cruz/Agência Brasil
Brasília (DF), 05/03/2024, 4ª Conferência Nacional de Cultura, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Na foto o personagem Marcelo Altamirense. Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

Marcelo Altamirense diz que encontra dificuldade em disseminar a cultura na região do Rio Xingu- Jose Cruz/Escritório Brasil

Na renque de exposições principal do Núcleo de Convenções, o grupo de Congada de Catalão (GO) chamou a atenção do público com vestimentas e lanças coloridas que ornamentavam os 23 dançarinos de coreografias ritmadas por tambores e sanfonas. O líder do grupo de congada, Reginaldo Bernardo, pediu mais oportunidades para o segmento dele. “Esse ano, Catalão completa 148 anos de Congadas, com mais de 5 milénio dançadores, mas somente 2% ficou sabendo do evento em Brasília. Uma vez que acontece em outros eventos, falta divulgação. A Congada veio de fazendas, de culturas antigas, quando os escravos se reuniam para dançar, em terreiros, em rituais religiosos. E isso precisa ser valorizado, lembrado.”

A violonista Myllene Santana, de Brasília, que faz segmento de um quarteto de música erudita que se apresentou na 4ª CNC, lamenta que o gênero músico não tenha muito espaço nos eventos de cultura, “porque geralmente a música brasileira estaria voltada para música que tocam nas grandes mídias”, avaliou. Porém, a violonista visualiza soluções que tornem a música erudita menos elitista. “A ensino músico tem que vir das escolas, principiar da base, tem que dar aproximação à ensino músico a partir da ensino infantil. Devem ser criadas, também, outras escolas de conservatório para quem quer seguir a curso músico ou escolas de música para exclusivamente quem quer fazer música, sem seguir na curso.”

Brasília (DF), 05/03/2024, 4ª Conferência Nacional de Cultura, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Na foto a personagem Myllene Alves. Foto: Jose Cruz/Agência Brasil
Brasília (DF), 05/03/2024, 4ª Conferência Nacional de Cultura, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Na foto a personagem Myllene Alves. Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

Myllene Alves defende a musicalização nas escolas- Jose Cruz/Escritório Brasil

Apresentações

A 4ª Conferência Pátrio de Cultura é realizada pelo Minc, em parceria com o Banco do Brasil, a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) e com esteio da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil). Até sexta-feira, estão agendadas apresentações de mais de 100 artistas de todas as regiões do país, de convénio com o MinC.

A programação completa está na página do evento.

Fonte EBC

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