Paul Mescal está aliviado porque realizou um sonho de muchacho: galhofar de punhal com mais do que pedaços de pau. Foi nos sets de “Gladiador 2”, portanto o objeto não era amolado, evidente. Mas está valendo, ele diz.
O irlandês ficou musculoso para protagonizar a sequência do filme que virou referência no cinema de ação e pôs Ridley Scott na traço de frente de um batalhão de cineastas. O “Gladiador” de 2000, por fim, venceu o Oscar de melhor filme e até hoje serve de prelecção de morada para quem se arrisca a filmar épicos de guerra.
O sucesso fez suscitarem projetos para uma prolongação nesses 24 anos que passaram, mas nenhum vingou. Até agora.
“Por que não?”, diz Ridley Scott à Folha. “Eu sabia exatamente o que queria com essa sequência, não era à toa. Me arrependo de não ter oferecido a devida atenção às continuações de ‘Alien’ e ‘Blade Runner’, que viraram ensaios para a indústria. Aprendi minha prelecção”, ele lamenta.
Scott se refere a seus filmes de ficção científica que marcaram de forma longeva Hollywood, mas seguiram sob o comando de outros cineastas. “Alien”, sobre extraterrestes pavorosos, virou uma franquia com sete capítulos, exclusivamente três dirigidos por Scott. Já “Blade Runner” foi ressuscitado 35 anos depois do original, também por outro diretor, o canadense Denis Villeneuve.
Cansado de ser pretérito para trás, Scott achou que por “Gladiador 2” valia ir à guerra.
“Sequências quase nunca são boas, costumam ser uma versão mais fraca do original. E antes eu estava ocupado com outros filmes”, ele justifica. “Mas percebi que um novo ‘Gladiador’ poderia continuar o que foi dito no primeiro de forma mais complexa. Tentamos com um roteirista, esperamos por um ano, e ele não entregou. Aí a teoria morreu. Dois anos depois, eu voltei a pensar nesse filme”, ele diz.
Na sequência, que está sendo trabalhada desde 2019, 20 anos se passaram desde a morte do general Maximus, o soldado interpretado por Russell Crowe no primeiro filme. Lucius, uma muchacho que via em Maximus um herói, é agora um varão formado, e vive longe da mãe, Lucilla, e dos imperadores romanos. Depois ter seu lar invadido, Lucius é escravizado e forçado a virar um gladiador.
Interpretado por Paul Mescal, o guerreiro se destaca nas lutas no Coliseu, e aproveita para se embrenhar entre os governantes e tentar vingança.
Hoje um dos homens mais paparicados de Hollywood, Mescal é também, de certa forma, uma escolha inusitada para “Gladiador 2”. Sua curso, por fim, foi pautada nos dramas introspectivos: ele se projetou com o elogiado “Aftersun”, em que faz um pai deprimido, e no ano pretérito lançou um romance gay, o trágico “Todos Nós Desconhecidos”.
Fora das telas, Mescal faz sucesso por tentar trazer de volta à voga os shortinhos masculinos, indo contra a vaga de bermudonas que vem tomando ruas e passarelas. No desfile de voga da Gucci em Milão, por exemplo, ele combinou camisa social com um short que deixava boa secção das coxas de fora.
É curioso, portanto, vê-lo porquê o brutamontes da vez, ainda mais se comparado a Russell Crowe, que exprimiu um tanto de brutalidade e selvageria ao seu Maximus há 20 anos, em performance que lhe rendeu o Oscar de melhor ator.
Scott nega ter escolhido Mescal para fugir de estereótipos de masculinidade, mas diz que tentou, sim, prestar atenção às demandas das novas gerações. “Estou de olho neles, é evidente, mas isso não significa que vou necessariamente fazer o que pedem. Primeiro preciso estar satisfeito, e aí torcer para mirar o meta patente.”
Mescal, por sua vez, afirma que seu Lucius segue uma silabário de protagonista bastante tradicional, mas dá um contraponto.
“Esse filme serve porquê lembrete de que os atores homens não devem interpretar o tipo de masculinidade com a qual já estão familiarizados”, diz, em conversa com jornalistas. “É preciso fazer a masculinidade exigida pelo personagem. E acho que sabor do que venho fazendo porque cada personagem está em um ponto dissemelhante dessa graduação. Indica que varão é mesmo uma espécie muito complicada.”
Scott conta que pregou os olhos em Mescal enquanto assistia “Normal People”, minissérie de romance que tirou o ator do anonimato, há quatro anos.
Não foi uma tarefa zero hercúlea fechar a escalação do novo “Gladiador”. “Raramente testo vários atores. Normalmente tenho em mente um ou dois, no supremo três. E nesse meio, se estamos falando de grandes estrelas, pode sobrevir de você fazer um invitação e eles mandarem você se ferrar. Mas eu fui até Paul e ele só disse ‘sim, muito obrigado'”, conta o cineasta.
De uma conversa por videochamada, Mescal saiu com o que deve ser o papel mais importante e popular da sua curso. “Gladiador 2″ é, por fim, a principal aposta da Paramount para o ano, um mormente custoso para os blockbusters —”Furiosa: Uma Saga Mad Max” e “Coringa: Delírio a Dois”, por exemplo, saíram derrotados das salas de cinema.
E “Gladiador 2” não foi zero barato. Uma reportagem do site especializado The Hollywood Reporter diz que os gastos com o filme chegaram a US$ 310 milhões, que dá um pouco perto de R$ 1,7 bilhão.
Scott não conta quanto gastou, mas conta que conseguiu pelo menos duas vezes e meia o orçamento do primeiro filme.
Assim, com mais numerário, ele fez tudo o que não pôde há 24 anos. Pôs em tela, por exemplo, um rinoceronte ensanguentado para lutar com os gladiadores, libido que fora goro na produção do primeiro filme. O bicho não é de verdade, evidente, mas uma mistura de animatrônico e efeitos.
Ou por outra, 80% dos cenários foram construídos de verdade, segundo o diretor, que diz ter sido mais barato erguer simulações de palácios e arenas do que desenhá-los digitalmente. “Na metade das vezes, a tecnologia só serve de curativo para um filme que é ruim por origem.”
Usar efeitos práticos, e não computadorizados, é também uma estratégia para dar mais autenticidade à trama. O primeiro “Gladiador” foi criticado por historiadores, que apontaram incoerências entre a trama e os reais acontecimentos da Roma antiga.
Filmes históricos são mesmo difíceis de fazer, diz o cineasta. Seu “Napoleão”, do ano pretérito, foi mal recebido por também ter imprevisões históricas, e ele tampouco agradou com “Moradia Gucci”, que se passa no final do século 20.
Mas Scott parece não se importar com as críticas. Diz ser um dos poucos cineastas que sabe fazer dramas históricos, e que já está pensando num terceiro “Gladiador”. É um faceta que sabe vender seu peixe.