Golpe: Criminosos Usam Rede Social Para Recrutar Laranjas 12/12/2024

Golpe: Criminosos usam rede social para recrutar laranjas – 12/12/2024 – Tec

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Estelionatários estão oferecendo salários e comissões para recrutar laranjas nas redes sociais, usando os dados bancários dos cúmplices para pulverizar valores obtidos em fraudes na internet.

Esse braço do delito opera às claras, em grupos públicos no Facebook, em vídeos no YouTube e no Instagram e em canais do Telegram com milhares de inscritos. A Folha encontrou as ofertas de bicos ilícitos com buscas pelo número 171, o cláusula referente a estelionato no Código Penal, pelo termo “conta lara” (uma abreviatura de laranja) e “renda extra”.

Nas redes sociais, os criminosos compram e vendem contas de frente. As comissões para quem entrega os próprios dados ficam na fita entre 20% e 25% do valor movimentado na conta laranja, de contrato com publicações em grupos no Facebook.

Nas publicações, os recrutadores do delito especificam em quais instituições financeiras o usuário deve manter contas bancárias. Os registros em grandes bancos valem mais. As menções ao delito são explícitas —um grupo, por exemplo, se chamava “171 — o golpe é no Estado”.

Vídeos que circulam no Instagram e no YouTube exibem bolos de notas e fazem troça com atuação da polícia.

O moeda fácil, porém, traz riscos. A Polícia Federalista já executou quatro edições da operação interestadual Não Seja um Laranja para desmantelar quadrilhas de delito cibernético. “As investigações da PF detectaram um aumento considerável da participação consciente de pessoas físicas em esquemas criminosos, para os quais cedem as contas mediante pagamento”, diz a polícia em nota.

A PF pode denunciar os investigados por associação criminosa, latrocínio qualificado mediante fraude, uso de documento falso, lavagem de moeda e falsidade ideológica. As penas somadas podem ultrapassar 20 anos de prisão.

A Meta diz não permitir que seus serviços sejam usados para promover atividades criminosas. “Estamos sempre aprimorando a nossa tecnologia para combater atividades suspeitas.” No entanto, grupos usados para recrutar laranjas permaneceram no ar posteriormente o contato da Folha.

O Telegram diz moderar ativamente teor prejudicial em sua plataforma, incluindo fraudes financeiras. A empresa recomenda que os usuários denunciem os conteúdos que violem os termos de uso da plataforma.

O YouTube afirmou ter removido os vídeos de apologia ao delito citados pela reportagem e trabalhar para melhorar seus algoritmos de detecção. A plataforma disse que “não permite material que incentive atividades ilegais, porquê dar instruções sobre roubos, invasão de computadores ou de porquê evitar o pagamento de serviços”.

Embora a PF trabalhe desde 2022 para coibir que pessoas cedam seus dados para a geração de contas de frente, o recrutamento de laranjas de forma explícita e pública nas redes sociais é uma estratégia novidade dos estelionatários, de contrato com especialistas em cibersegurança consultados pela reportagem.

As contas de frente negociadas nas redes sociais servem, por exemplo, para driblar o rastreio do Pix. Essa modalidade de transação cria registros para que os valores movimentados possam ser mapeados. Entretanto, a rastreabilidade é interrompida posteriormente um determinado número de transferências (isso varia de banco a banco), por limitações computacionais.

O BC afirma que mantém, desde julho, um grupo de trabalho para aprimorar a instrumento de rastreamento do Pix, o Mecanismo Privativo de Reembolso.

O fundador da fintech Jazz Tech, José Roberto Kracochansky, afirma que o laranja é principal para fraudar as empresas do serviço financeiro e, por isso, não seria vítima. “É a pulverização do moeda e a instantaneidade do Pix que impossibilitam a recuperação das quantias.”

“Porquê essas pessoas entregam os próprios documentos e dados biométricos, é difícil detectar a fraude, dependemos de fazer uma estudo comportamental para mandar o perfil de risco”, afirma Kracochansky.

De contrato com o pesquisador da empresa de cibersegurança Eset Daniel Barbosa, os proprietários de contas laranjas também recebem instruções diretas do criminoso para sacar os valores recebidos e depositá-los em outra instituição financeira, a término de despistar os bancos.

Há ainda outro fator de confusão para as autoridades. Em segmento dos casos, o próprio laranja foi vítima de um golpe e teve seus dados usados, sem autorização, para terebrar contas em fintechs com padrões de segurança precários, diz o diretor da equipe de pesquisa da Kaspersky, Fábio Assolini.

Nos mesmos grupos onde contas de frente são negociadas, fraudadores vendem arquivos editáveis para facilitar a falsificação de documentos. Outros vendem métodos para espoliar os mecanismos de identificação facial, o que funciona quando a empresa contrata um serviço de segurança de pior qualidade, segundo Assolini. “Há várias formas de gerar contas de frente e várias aplicações para elas, o laranjal é vasto.”

As pessoas podem consultar se há contas abertas em seus nomes na plataforma Registrato, do Banco Medial. Para isso, é necessário ter uma conta Gov.br nível prata ou ouro. Caso encontre registros desconhecidos, as autoridades recomendam buscar a instituição financeira e a Polícia Social, para registro de boletim de ocorrência.

O incremento do “laranjal” teria sido uma consequência da desregulamentação do setor bancário, de contrato com especialistas de cibersegurança consultados.

Hoje, Abranet (Associação Brasileira de Internet), Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e Zetta (uma associação de fintechs criada por Google e Nubank) cooperam com a Polícia Federalista, cedendo informações à plataforma Tentáculos, que centraliza dados de fraude.

“Os dados compartilhados são exclusivamente das contas relacionadas a atividades criminosas ou crimes patrimoniais no envolvente cibernético”, diz a Febraban.

Ainda de contrato com a entidade, o projeto Tentáculos já embasou 200 operações, o cumprimento de 445 mandatos de procura e inquietação, além de 81 prisões.

Hoje, são 29 bancos participantes da cooperação. Porém, 1.660 instituições financeiras estão registradas no Banco Medial. Ou seja, nem todas as empresas estão associadas às principais entidades do setor.

Folha

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