O Grammy deste ano foi palco de primeiras vezes. Deu a Miley Cyrus o troféu incipiente de sua curso, levou a cantora de country Lainey Wilson à vitória, premiou a colombiana Karol G, que engrandeceu a música latina no palco, e laureou SZA, que só tinha um prêmio fundeado na vitória de outra artista. Apesar disso, a premiação reforçou que faz muito estrondo para pouco, coroando os mesmos artistas de sempre.
Taylor Swift saiu premiada e enaltecida, com mais dois troféus para a conta, incluindo o mais importante do prêmio, o de álbum do ano. Swift esteve no núcleo das atenções dos votantes e dos artistas, que a tratavam porquê uma divindade. Fora de Los Angeles, onde ocorreu a premiação, a histerismo foi parecida. Swift fervilhou as redes sociais ao anunciar um novo disco.
Assim, a premiação foi previsível. Deu um troféu óbvio a Billie Eilish pela letra de “What Was I Made For”, da trilha sonora de “Barbie”, que é mesmo uma de suas mais belas canções. Outra vitória esperada foi a de Cyrus com gravação do ano pelo megahit “Flowers”, a filete mais tocada do mundo no Spotify durante o ano pretérito.
Artista pop mais relevante da sua geração, Eilish se repetiu ao manifestar que não merecia o prêmio, imitando a pose de modesta que vem fazendo ao receber seus troféus nos últimos anos. Mas a piada não cola mais. Poucos chegam aos 22 anos com tanto prestígio.
Cyrus ao menos deu mais frescor aos discursos neste ano. Ela, que nunca venceu o prêmio, apesar da curso consolidada, levou sua língua solta aos microfones, dizendo que esqueceu de vestir calcinha para receber o troféu.
O Grammy tentou se mostrar mais diverso ao laurear Karol G, colombiana, com melhor álbum de música urbana. O problema é que o a categoria soa deslocada e forçada em meio a tantas que são dedicadas à música pop, visto que prêmios considerados de nicho, porquê os de rock, R&B e música africana, foram entregues antes da exibição solene, que começou às 22h no Brasil.
A sentimento é de que o Grammy só quis fazer bonito com Karol G, aproveitando-se de seu sucesso meteórico, para se esquivar das críticas de que só premia americanos e britânicos. É preciso mencionar também a miopia para artistas negros, ainda relegados às categorias de nicho, com um ou dois nadando contra a maré para disputar nas principais, porquê SZA.
Ainda que contentes, pessoas negras premiadas alfinetaram a branquitude da premiação. Jay-Z protagonizou o momento mais quente da noite ao criticar a premiação no palco, segurando o prêmio Dr. Dre Global Impact Award, que homenageia a curso de grandes artistas.
“Senhor todos vocês e estamos tentando fazer o claro —ou quase claro. É subjetivo, enfim estamos falando de música. Não quero constrangê-la, mas ela tem o maior número de troféus do Grammy da história e nunca levou álbum do ano. Não faz sentido”, disse ele, ao indicar para sua mulher, Beyoncé.
“Alguns de vocês vão hoje para a moradia com a sensação de terem sido roubados, e alguns foram mesmo. Outros nem pertencem a nenhuma categoria”, acrescentou. “Mas esqueçam o Grammy por um momento e continuem mostrando seu talento. Até que recebam o que acreditam que merecem.”
Não é a primeira vez que ele zomba da premiação. “Mande o Grammy se ferrar com essa bosta de oito nomeações e zero vitórias/ você já viu uma plateia ir à loucura?”, ele canta em “Apeshit”, do álbum “Everything Is Love”.
Quem também causou rebuliço nesta noite foi o rapper Killer Mike, que saiu com três estatuetas de rap, antes da premiação principal. “Isso é o que acontece quando uma pessoa branca faz música preta com pessoas pretas”, disse ele, ao agradecer um dos produtores de “Scientists & Engineers”, com a qual ganhou a categoria de melhor música de rap.
Seu deboche durou pouco, porém. O artista foi recluso no meio da premiação e saiu algemado pela polícia de Los Angeles. Ainda não há mais informações sobre o ocorrido.
Esta edição, por outro lado, serviu ao menos para homenagear grandes nomes da música, porquê Joni Mitchell, que fez uma bela apresentação, Lionel Ritchie, que deu as caras para entregar um prêmio, e Billy Joel, que voltou com uma inédita posteriormente uma dez. Teve espaço até para Meryl Streep, que entregou o prêmio de gravação do ano com um exposição bem-humorado.
Outro bom momento ocorreu quando Jon Batiste cantou “Ain’t No Sunshine” em homenagem a artistas mortos no último ano, entre eles a brasileira Rita Lee, que teve seu rosto exibido no telão da premiação.
Entre os shows, destacaram-se o gingado cada vez melhor de Dua Lipa, o sussurro hipnotizante de Billie Eilish e a performance desinibida de Miley Cyrus. As artistas deram quinquênio à noite, que poderia ter sido só enfadonha.
Trevor Noah também acertou com uma apresentação dinâmica, interativa e com boas sacadas. Um dos pontos altos foi sua zombaria ao TikTok, que acaba de perder músicas de Taylor Swift e de vários outros artistas por culpa de uma disputa com a gravadora Universal Music.
O comediante tirou tempo para rir de Swift, fazendo piada da sua capacidade única de movimentar a economia dos lugares por onde passa com sua megaturnê “The Eras Tour”. Agora que ela é recordista na categoria de álbum do ano, com quatro vitórias, parece que seu poderio está longe de minguar.