Grito Da Terra Aponta Diferença Da Agricultura Familiar Do Agronegócio

Grito da Terra aponta diferença da agricultura familiar do agronegócio

Brasil

Mãos calejadas e rostos marcados pelo sol. Essas são as características mais visíveis de se observar nos muro de 10 milénio agricultores familiares que atravessaram a Esplanada dos Ministérios nesta terça-feira (21), em Brasília, para participar do 24º Grito da Terreno Brasil.

Do cocuruto do caminhão de som, uma lista de demandas era apresentada a cada paragem primeiro de uma pasta ministerial que, de alguma forma, é responsável por políticas públicas voltadas ao envolvente rústico, em privativo, aos pequenos e médios produtores que têm, nas pequenas porções de terreno onde vivem, o seu sustento ou sua subsistência.

Organizado pela Confederação Pátrio dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) e pela Meão dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), o 24º Grito da Terreno Brasil teve seu lema “cultivação familiar é iguaria saudável e conservação ambiental” repetido a todo momento por suas lideranças.

“Nossa taxa é centrada em várias questões relacionadas à produção e à reprodução da vida. Com relação à produção, apresentamos em abril ao governo propostas voltadas a políticas sociais e alimentares, sempre tendo uma vez que referência a sustentabilidade e uma produção cevar que seja saudável para a população”, resumiu a secretária de Políticas Agrícolas da Contag e coordenadora do 24º Grito da Terreno Brasil, Vânia Marques.

Brasília (DF) 21/05/2024 Integrantes do 24º Grito da Terra Brasil fazem passeata na Esplanada dos Ministérios 
 Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Brasília (DF) 21/05/2024 Integrantes do 24º Grito da Terra Brasil fazem passeata na Esplanada dos Ministérios 
 Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Agricultores familiares do 24º Grito da Terreno Brasil fazem passeata na Esplanada dos Ministérios – Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Sucursal Brasil

Além de reivindicar estímulos governamentais à produção de sistemas resilientes às mudanças climáticas, os agricultores familiares defendem também a inclusão produtiva das muro de 1,7 milhão de famílias que produzem ainda somente para consumo próprio, sem comercializar seus excedentes.

“Já existem, no Brasil, 5 milhões de famílias que conseguem produzir e comercializar. Imagina o quanto agregaremos à economia, ao aumentarmos esse número em muro de 30%”, defendeu Vânia Marques à Sucursal Brasil.

Cultura familiar x agronegócio

Segundo o presidente da CTB, Adílson Araújo, a cultivação familiar responde por 3,9 milhões de estabelecimentos rurais no Brasil e ocupa 23% das áreas cultivadas do país. Responde também por 23% do valor bruto da produção agropecuária e por 67% das ocupações no campo.

“No entanto, enquanto o governo destina R$ 364 bilhões para o agronegócio, destina somente R$ 77,7 bilhões para a cultivação familiar, que é responsável por 70% dos víveres consumidos pelos brasileiros. Há que se rever isso, porque grande secção do agro produz somente para exportação, enquanto os pequenos produtores alimentam a família brasileira”, argumentou Araújo.

As diferenças entre agronegócio e a cultivação familiar não param por aí. “O pequeno colono ara e semeia a terreno nos seu próprio habitat, e tem mãos calejadas pelo uso de seus instrumentos. Tem também um olhar solidário. Por isso temos uma vez que lema a questão da sustentabilidade associada à solidariedade”, disse.

“Já o agro trabalha pensando somente no grande mercado, sem preocupações com sustentabilidade. O resultado são essas tragédias ambientais que têm ocorrido, uma vez que a do Rio Grande do Sul. Eles são, na verdade, grandes empresários que exploram a terreno com o objetivo de maximizar seus lucros por meio de produções mecanizadas. Por isso sequer têm as mãos calejadas. Geram cada vez menos empregos para terem lucros cada vez maiores”, acrescentou.

Regularização de posses

Brasília (DF) 21/05/2024 Integrantes do 24º Grito da Terra Brasil fazem passeata na Esplanada dos Ministérios 
 Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Brasília (DF) 21/05/2024 Integrantes do 24º Grito da Terra Brasil fazem passeata na Esplanada dos Ministérios 
 Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Integrantes do 24º Grito da Terreno Brasil fazem passeata na Esplanada dos Ministérios – Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Sucursal Brasil

Os calos nas mãos do colono familiar Valdinei Grigório de Lima, 62, foram adquiridos ao longo de anos nos roçados de mandioca e de milho. Ele produz também leite e capim para mancheia em um pequeno pedaço de terreno em Vila Bela, Mato Grosso. Os peixes de tanque, os porcos e as galinhas o ajudam a prometer o sustento, muito uma vez que fazer um extra ao comercializar seus excedentes.

O que mais o motivou a encarar 24 horas dentro de um ônibus para chegar ao Grito da Terreno é a resguardo da reforma agrária. “Nós queremos regularizar nossas posses”, afirmou em meio a relatos sobre a situação agrária em sua região.

“Vila Bela é uma localidade do tempo da escravidão, com muitos quilombolas que fazem parcerias com os agricultores familiares. Trabalhamos todos juntos, comercializando produtos em um clima de muita solidariedade. Minha posse, inclusive, está localizada em um terreno quilombola”, disse.

“Mas temos muitos problemas com alguns fazendeiros do agronegócio na região. Porquê são muito ricos, eles compram muitas terras, de forma a encurralar as áreas dos pequenos proprietários. Depois, dificultam o escoamento de nossos produtos. Cometem muita malícia mesmo. Já despejaram famílias para tomar suas terras, depois apresentarem títulos frios de terras em áreas que são da União ou mesmo quilombolas. A Justiça até diz para a gente não desistir, mas ela nunca chega lá para nos ajudar. Sempre foi assim”, denuncia.

Merenda escolar

Os pés de coco licuri da agricultora familiar Glória Carneiro, 69, são excelentes para fazer cocada. E a cocada comprada pelo governo vira merenda escolar em Várzea da Roça, na Bahia, município sobre 300 quilômetros de Salvador.

“Cheguei a produzir e vender, em somente 6 meses, 1 tonelada de cocada para partilhar entre escolas, eventos e cooperativas de víveres. Minha moradia foi construída com o moeda obtido a partir dessa cocada de licuri, um coco pequeno e oleoso, supimpa para fazer gulosice. E o melhor de tudo é que ele vira um iguaria bom e de qualidade para os meninos das escolas da região”, acrescentou.

Secretária da Terceira Idade do Sindicato Rústico de Várzea da Roça, ela diz que a solidariedade é alguma coisa muito geral entre os agricultores familiares. “Não deixamos ninguém passando inópia em nossa região. Estamos sempre nos mobilizando para cevar aqueles que precisam”.

Aposentadoria e Pronaf

Brasília (DF) 21/05/2024 A agricultora familiar Gilda Lima, de Bom Jardim, (PE),  participa da passeata do  24º Grito da Terra Brasil na Esplanada dos Ministérios 
 Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Brasília (DF) 21/05/2024 A agricultora familiar Gilda Lima, de Bom Jardim, (PE),  participa da passeata do  24º Grito da Terra Brasil na Esplanada dos Ministérios 
 Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Agricultora familiar Gilda Lima, de Bom Jardim, (PE), participa da passeata do 24º Grito da Terreno Brasil – Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Sucursal Brasil

Já a agricultora familiar Gilda Lima, 58, passou 3 dias dentro de um ônibus para ir de Bom Jardim, Pernambuco, município sobre 70 quilômetros de Recife, até Brasília.

Presidente do Sindicato Rústico da região, ela veio à capital federalista com a expectativa de facilitar o processo de aposentadoria dos agricultores familiares e mais facilidades de entrada ao Programa Pátrio de Fortalecimento da Cultura Familiar (Pronaf), suporte financeiro do governo federalista às atividades agropecuárias exploradas mediante ocupação direto da força de trabalho do produtor e de sua família.

“Queremos também políticas públicas mais voltadas às mulheres, em privativo para as mães. Há muita burocracia para conseguirmos o salário maternidade. No caso do INSS, eles pedem muitas provas materiais disso e daquilo. São muitas dificuldades para o colono idoso, que acaba tendo de se transladar demais para conseguir aquilo que lhes é de recta”, disse a produtora de milho, feijoeiro, fava, mandioca, batata, penosa e ovo. 

“Tenho uns bois também. Às vezes vendo a mesocarpo deles para comprar outros bois”.

Fonte EBC

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