Brasileiros estão morando em habitações com mais cômodos e com menos pessoas dividindo o mesmo espaço, de concórdia com os dados preliminares do Recenseamento Demográfico 2022: Características dos Residências, divulgados nesta quinta-feira (12), pelo Instituto Brasiliano de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa mostra que, em 2022, a maior parcela da população, 44,4%, residia em domicílios de seis a nove cômodos. Na outra ponta, unicamente 0,2% da população morava em domicílios de unicamente um cômodo e 1,5% residiam em domicílios de dois cômodos.
Outros 5,3% moravam em domicílios de três cômodos; 13,5%, de quatro cômodos e 29,2%, de cinco cômodos. Os 5,9% restantes da população residiam em domicílios com 10 cômodos ou mais.
Para o IBGE, é considerado cômodo cada um dos compartimentos do morada que é tapado por um teto e restringido por paredes. Além dos quartos, por exemplo, são considerados cômodos cozinha e banheiro. Corredores, varandas e mesmo cozinha americana – integrada à sala – não são considerados cômodos. Domicílios indígenas sem paredes são considerados uma vez que tendo unicamente um cômodo.
A pesquisa considera unicamente domicílios particulares permanentes ocupados. Não inclui moradores de domicílios repentista e coletivos, tampouco domicílios de uso ocasional ou vagos.
Os dados mostram que, ao longo das últimas décadas, os domicílios de até três cômodos foram reduzindo em quantidade. Em 1970, representavam 29,1% dos domicílios brasileiros; em 2010, no último Recenseamento, chegaram a 12%; e, em 2022, a 9% dos domicílios. Já os domicílios de cinco cômodos aumentaram continuamente, crescendo de 19,4%, em 1970, para 29,5% em 2022.
Os domicílios de seis cômodos ou mais cresceram entre 1970 e 2000, passando de 29,5% para 45,7% dos domicílios. Nas décadas seguintes, atingiram uma firmeza, chegando a 46,6% dos domicílios brasileiros em 2022. Segundo o IBGE, a interrupção no propagação da participação dos domicílios com seis cômodos ou mais possivelmente está associada à redução do número médio de moradores por morada ao longo das últimas décadas.
“Em relação à estrutura física dos domicílios, a gente pode declarar que censos nos mostram que houve uma evolução positiva no sentido de ter mais estrutura, tanto do material usado nas habitações uma vez que do espaço”, diz o crítico da divulgação do Recenseamento, Bruno Mandelli.
Menos pessoas dormindo juntas
A pesquisa mostra também que há menos pessoas dividindo o mesmo dormitório no Brasil. Em 2022, mais da metade dos domicílios (53,9%) tinha duas pessoas dormindo no mesmo envolvente e mais de um terço (35,1%) tinha unicamente uma pessoa por dormitório. Em outros 8,4% dos domicílios, três pessoas dividiam o mesmo envolvente e, em 2,6%, quatro pessoas ou mais dormiam no mesmo envolvente.
Essas porcentagens se alteraram ao longo dos anos. Segundo o Recenseamento Demográfico de 2000, 9,6% dos domicílios tinham mais de 3 moradores por dormitório, um percentual quase quatro vezes superior ao verificado em 2022. A participação dos domicílios com mais de dois até três moradores por dormitório também reduziu, passando de 18,1% para 8,4%, no mesmo período.
Já os domicílios com unicamente um morador por dormitório elevaram a participação em 14,6 pontos percentuais, indo de 20,5%, em 2000, para 35,1%, em 2022.
Características dos domicílios
Em 2022, o Recenseamento mostra que mais pessoas residem em domicílios que contam com revestimento. Ao todo, 87% da população brasileira residia em domicílios com paredes externas de alvenaria ou taipa com revestimento. A segunda opção mais geral foi a alvenaria sem revestimento, com 7,6%, seguido da madeira para construção, com 4,1%.
Em 2010, essas proporções eram de 79%, 11,6% e 6,9%, respectivamente.
“Cada vez é uma proporção maior de domicílios com materiais mais permanentes, uma vez que alvenaria, em substituição às casas de taipa, de palha ou mesmo de madeira, que eram mais comuns antigamente. E há também uma ampliação do espaço físico dos domicílios, com uma redução na proporção dos domicílios com um número pequeno de cômodos”, diz Mandelli.
Variações e desigualdades
Os dados mostram ainda variações e desigualdades tanto entre as unidades federativas, em relação ao número de cômodos das habitações e quantidade de pessoas dormindo juntas no mesmo envolvente, quanto em relação a cor ou raça da população em cada residência.
No nível das unidades da federação, por exemplo, a publicação destaca a situação do Região Federalista, pela subida proporção da população residindo em domicílios com 10 cômodos ou mais (13%), que é mais que o duplo da média pátrio. Para se ter teoria da discrepância, a segunda unidade da federação com proporção mais subida, Minas Gerais, registrou 8% da população residindo em domicílios semelhantes. Já a unidade com a menor proporção foi o Acre, com 1,8%.
Em relação aos moradores por dormitório, a região Setentrião tem as maiores proporções de domicílios com três moradores por dormitório (15,4%) ou mais (7,5%). No outro extremo, a Região Sul apresentou o menor percentual dessas duas categorias: 5,2% e 1,1%, respectivamente.
Levando em consideração a cor ou raça, pessoas de cor ou raça amarela residiam em maior proporção em domicílios com número de cômodos, menor densidade de moradores por dormitório e paredes externas de materiais mais permanentes. A população de cor ou raça branca também aparece com indicadores de estrutura do morada melhores do que a média pátrio, ainda que inferiores ao verificado entre as pessoas de cor ou raça amarela.
As pessoas de cor ou raça preta ou parda apresentaram uma proporção maior de morada com menor estrutura, resultado que foi ainda mais acentuado para as pessoas de cor ou raça indígena.
Enquanto 22,3% da população parda, 20,6% da população da população preta residem em domicílios com dois ou mais moradores por dormitório, entre a população branca, esse percentual é 12,6% e, entre a amarela, 6,8%. Para indígenas, essa proporção foi de 53,6% do totalidade, porém esse resultado deve ser analisado levando em conta suas especificidades culturais.
“A população de cor ou raça parda, a população de cor ou raça preta e a população indígena apresentam proporções maiores nos indicadores relacionados à precariedade do morada”, diz Mandelli.
“Em relação aos indígenas, a gente faz uma salvaguarda no texto. Isso precisa ser analisado à luz das especificidades culturais. Não necessariamente, um morada de palha, por exemplo, é uma precariedade. Pode ser um traço de cultura tradicional. Mas quando a gente fala de outros agrupamentos, aí sim, a gente pode falar mais claramente que existem maiores proporções de situações de precariedade”, acrescenta.
Resultados preliminares
Esta é a primeira divulgação do questionário amostral do Recenseamento Demográfico 2022. As questões foram aplicadas a 10% da população e, de concórdia com o próprio IBGE, os dados precisam de uma ponderação para que se tornem representativos da população pátrio. Essa ponderação ainda não foi totalmente definida, por isso, a divulgação desta quinta-feira é ainda preparatório.
A delimitação das áreas de ponderação passará ainda por consulta às prefeituras, para que as áreas estejam aderentes ao planejamento da política pública. Posteriormente essa definição, serão divulgados os dados definitivos.