Herdeiras De Marielle Querem Combate à Violência Política No Rio

Herdeiras de Marielle querem combate à violência política no Rio

Brasil

Mulheres negras e com origem em regiões periféricas consideram que as revelações mais recentes do caso Marielle Franco mostram que a atuação política delas é um risco, pelo traje de mostrarem resistência à relação entre violação e agentes do estado. Nomes tidos porquê “herdeiros” das causas abraçadas pela vereadora assassinada há seis anos esperam que o desfecho do caso seja uma chance para finalizar com a violência política no país.

Na manhã de domingo (24), a Operação Murder Inc. cumpriu três mandados de prisão preventiva e 12 mandados de procura e inquietação, expedidos pelo Supremo Tribunal Federalista (STF), todos no Rio de Janeiro, relacionados à morte da vereadora e do motorista dela, Anderson Gomes.

Foram presos Domingos Brazão, atual mentor do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro, o deputado federalista Chiquinho Brazão, expulso nesta segunda-feira (25) do partido União Brasil/RJ, e o solicitador Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Social do RJ. Os irmãos Brazão seriam os mandantes do violação, e o solicitador Rivaldo é denunciado de ajudar no planejamento e dificultar a investigação.

Caso Marielle Franco - Domingos Brazão, seu irmão Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa. Os três foram presos por forte envolvimento com o assassinato de Marielle Franco 
Foto: Alerj, ABr
Caso Marielle Franco - Domingos Brazão, seu irmão Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa. Os três foram presos por forte envolvimento com o assassinato de Marielle Franco 
Foto: Alerj, ABr

Domingos Brazão, seu irmão Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa. Os três foram presos por potente envolvimento com o assassínio de Marielle Franco Foto – Alerj

A ação foi deflagrada pela Procuradoria-Universal da República (PGR), pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e pela Polícia Federalista (PF).

Contrariar interesses

Dani Monteiro é uma das deputadas estaduais negras eleitas pelo PSOL, para mandatos na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), após o assassinato da vereadora do partido Marielle Franco, em março de 2018.
Dani Monteiro é uma das deputadas estaduais negras eleitas pelo PSOL, para mandatos na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), após o assassinato da vereadora do partido Marielle Franco, em março de 2018.

Deputada Dani Monteiro Registo/Fernando Frazão/Filial Brasil

Nascida no morro do São Carlo, a menos de um quilômetro de onde o carruagem de Marielle foi atingido por 13 tiros em uma noite de março, a deputada estadual Dani Monteiro (Psol) se tornou, aos 27 anos, a mulher mais jovem a ocupar uma cadeira na Plenário Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

Segundo Dani Monteiro, “trabalhar por direitos humanos passa sempre por um embate contra interesses escusos de operadores do ostentação estatal”. Ela diz crer que o Rio de Janeiro, desde a instalação, “é estruturado por grupos políticos que têm projeto de poder próprio e que se articulam de modo a manter as instituições sob seus domínios.

A deputada, que foi assessora parlamentar de Marielle, diz ver na investigação da PF que o Estado é o próprio gerador de instabilidade, “pois promove violência em diversas modalidades, funcionando porquê segmento de projetos de poder dessas pessoas que estão, há anos, operando politicamente e institucionalmente”.

“É evidente que perceber tudo isso deve nos deixar alerta. Nosso trabalho gera exposição, gera riscos, mas precisa ser feito. Expor, debater e propor caminhos é o que deve resultar de tudo isso. É o que nós vamos seguir fazendo, disse à Filial Brasil.

Surpresa e risco

A militante pelos direitos humanos e ex-deputada estadual (2018-2022) Mônica Francisco, que era assessora de Marielle na Câmara de Vereadores à quadra do violação, disse à Filial Brasil que recebeu com muita surpresa a notícia do envolvimento do solicitador Rivaldo Barbosa no violação. “Era uma pessoa próxima a Marielle, de nós, ativistas de direitos humanos. A gente tinha o Rivaldo Barbosa porquê uma figura aliada, de muita cumplicidade e parceria”.

Rivaldo Barbosa foi a primeira poder a receber as famílias do motorista Anderson Gomes e Marielle em seguida o assassínio.

Rio de Janeiro (RJ) 25/03/2024 - ATENÇÃO - Foto de arquivo feita em 16/04/2018 - Na foto é visto o ex chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa (e) ao lado dos pais da vereadora  assassinada Marielle Franco.
Legenda Original - A família da vereadora Marielle Franco, assassinada no dia 14 de março, se reuni com o chefe de Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa, sobre o andamento das investigações da morte da parlamentar e do motorista Anderson Gomes
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ) 25/03/2024 - ATENÇÃO - Foto de arquivo feita em 16/04/2018 - Na foto é visto o ex chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa (e) ao lado dos pais da vereadora  assassinada Marielle Franco.
Legenda Original - A família da vereadora Marielle Franco, assassinada no dia 14 de março, se reuni com o chefe de Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa, sobre o andamento das investigações da morte da parlamentar e do motorista Anderson Gomes
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Foto de registo feita em 16/04/2018 – Na foto é visto o ex-chefe de Polícia Social, Rivaldo Barbosa (e) ao lado dos pais da vereadora assassinada Marielle Franco – Tânia Rêgo/Filial Brasil

Mônica lembra que ela e toda a equipe da vereadora foram diversas vezes à delegacia de homicídios serem interrogadas.

“Completamente descobertos, à mercê. A segurança que a gente tinha é de que havia, principalmente por segmento do Rivaldo, uma possibilidade de um pouco mais de crédito nesse processo”, conta.

Ela classifica as prisões porquê uma constatação de que a morte de Marielle foi um violação político, perpetrado por setores da política completamente alinhados com setores da polícia. “Organizados em uma ação desse tamanho e tendo uma atividade pregressa no submundo do violação, tendo o escritório do violação no lugar de trabalho do patrão da Polícia Social à quadra e umbilicalmente ligados”, aponta.

Essa relação entre criminosos e autoridades faz com que Mônica veja a atuação dela e de ativistas porquê uma “atuação política de risco”.

“A gente está completamente revelado. Acho que é uma urgência muito grande de se rever a segurança pública no estado do Rio de Janeiro. Quem deveria proteger, combater e ser um coligado na luta contra a violência política é o próprio agente desse risco, é o próprio agente da violência perpetrada contra nós, principalmente sendo mulheres negras periféricas. A gente precisa de uma segurança pública que seja cidadã, que seja saneada”, avalia.

PEC contra milícias

Para a deputada federalista Talíria Petrone (Psol-RJ), que era amiga e companheira de militância de Marielle, muitos estados do país, mormente o Rio de Janeiro, se organizam de forma que “violação e política são indissociáveis”.

Brasília/DF, 13/07/2023, A deputada federal, Talíria Petrone, durante debate sobre combate ao neofascismo, no 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Foto: José Cruz/Agência Brasil
Brasília/DF, 13/07/2023, A deputada federal, Talíria Petrone, durante debate sobre combate ao neofascismo, no 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Foto: José Cruz/Agência Brasil

Deputada federalista, Talíria Petrone – Registo/​José Cruz/Filial Brasil

“Isso é uma grande prenúncio à democracia, a quem luta contra o domínio armado dos territórios, contra violência estatal, e a representantes políticos que expressam esse enfrentamento de forma mais contundente”, diz à Filial Brasil Talíria, que revela ter que caminhar com escolta e carruagem impenetrável por conta de ameaças de grupos de ódio e de milícias do Rio de Janeiro.

A deputada considera que o caso Marielle evidencia a urgência de enfrentar de forma contundente o poder das milícias. “Não dá para o violação governar em nenhum lugar”.Talíria informou que, ao lado de outros parlamentares, protocolou na Câmara dos Deputados uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) contra as milícias. Pelo texto, crimes cometidos por grupos paramilitares com participação de agentes do Estado possam ter a investigação transferidas para a esfera federalista.

“A PEC contra as milícias possibilita que a gente tire das mãos dos algozes a investigação de crimes cometidos por agentes do Estado. Milícia é o estado, mistura poderes político, econômico e armado. Os crimes cometidos por esses agentes não podem ser investigados por aqueles que estão envolvidos nesses esquemas. Por isso, a possibilidade de federalização, de deslocamento para Justiça Federalista, é um progresso enorme para nossa democracia”, explica.

A PEC precisa de ao menos 171 parlamentares para ser discutida na Mansão.

Engrenagem cruel

A deputada estadual Renata Souza (Psol-RJ), que foi patrão do gabinete de Marielle na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, afirmou, em entrevista à TV Brasil, que recebeu as notícias com uma mistura de sentimentos. “Os sentimentos estão misturados, indignação, mas também conforto e esperança. É evidente que o feminicídio político da Marielle tem uma engrenagem muito aterrorizante da violência política no Rio de Janeiro, que é violação, polícia e política”.

Rio de Janeiro (RJ), 30/08/2023 – A deputada estadual do Rio de Janeiro, Renata Souza (PSOL) durante o evento 48 Anos de Ousadia Feminista, ecos do seminário da ONU-ABI 1975,na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro da
Rio de Janeiro (RJ), 30/08/2023 – A deputada estadual do Rio de Janeiro, Renata Souza (PSOL) durante o evento 48 Anos de Ousadia Feminista, ecos do seminário da ONU-ABI 1975,na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro da

Deputada estadual do Rio de Janeiro, Renata Souza (PSOL) Registo/Tomaz Silva/Filial Brasil

Assim porquê Marielle, Renata foi criada no conjunto de favelas da Maré, no Rio.

“É fundamental que sigamos [pedindo] justiça para Marielle e para tantas outras mulheres negras, de favela, de periferia que tombam todos os dias diante de uma estrutura política que tem homens brancos criminosos, policiais, por trás dessa engrenagem tão cruel”.

Instituto Marielle

A diretora executiva do Instituto Marielle Franco, Lígia Batista, classifica o dia das prisões dos irmãos Brazão e do solicitador Rivaldo Barbosa porquê histórico. “Um dia que vai permanecer marcado para sempre nessa marcha e luta por justiça, não só para as famílias de Marielle e Anderson, mas para todas nós, pessoas que nos entendamos porquê sementes dessa luta”, disse em entrevista à Rádio Pátrio, emissora da Empresa Brasil de Notícia (EBC).

O Instituto Marielle Franco foi criado em seguida o assassínio, porquê forma de buscar justiça e manter vivo o legado de Marielle.

Lígia ressalta que a notícia de envolvimento de agentes públicos foi recebida com “indignação”.

“Essa fratura exposta que se tornaram esses assassinatos faz com que a gente precise, cada vez mais, questionar essa relação espúria entre polícia e política”. Apesar de reconhecer a valia das prisões, Lígia lembra que passados 6 anos, nenhum executor ou mentor do violação foi sentenciado pela Justiça. Ela pede que a pena dos envolvidos seja um sinal de basta.

“É intolerável que a lógica da nossa cultura política seja a do extermínio, seja a lógica que rechaça o embate de teoria e que admite, isso há bastante tempo no nosso país, a cultura da violência porquê a frase máxima da nossa forma de erigir reflexão política no país”, afirmou.

Investigação

De convenção com as investigações da Polícia Federalista (PF), o assassínio de Marielle Franco foi motivado por questões fundiárias envolvendo as milícias do Rio de Janeiro. O relatório da PF cita uma divergência entre Marielle Franco e o grupo político do portanto vereador Chiquinho Brazão em torno do Projeto de Lei (PL) 174/2016, que buscava formalizar um condomínio na zona oeste da capital fluminense.

Marielle e Anderson Gomes foram assassinados a tiros enquanto se deslocavam de carruagem em seguida uma agenda de trabalho, em 14 de março de 2018, na região meão do Rio de Janeiro.

Fonte EBC

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *