Herdeiros De Bernadete E Pesquisadores Apontam Prioridades Para Negros

Herdeiros de Bernadete e pesquisadores apontam prioridades para negros

Brasil

Ativistas e pesquisadores entendem que há um longo caminho para enfrentar o racismo estrutural e todos os tipos de violência a que são submetidas as pessoas negras no país, que formam a maior segmento da população brasileira (45,3% pessoas pardas, e 10,2% pretas).

Entrevistados pela Sucursal Brasil valorizam o veste do dia 20 de novembro tornar-se feriado pátrio, mas também elencam prioridades que podem ser caminhos de enfrentamento contra as desigualdades e violações de direitos, que devem ir além de uma data.   

Uma das lideranças jovens brasileiras é Wellington Pacífico, de 23 anos, um dos representantes da comunidade quilombola de Pitanga dos Palmares, em Simões Rebento (BA). Ele sofreu nos últimos anos com os assassinatos do pai (Flávio Pacífico, de 36 anos, em 2017) e da avó (Maria Bernadete Pacífico, de 72 anos, em 2023), que lutavam por políticas públicas e pelos direitos das 2.638 pessoas de 598 famílias que formam a comunidade. 


Simões Filho/ Bahia 19/08/2023 Casa da Mãe Bernadete, liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, assassinada na Bahia. Foto Janaína Neri.
Simões Filho/ Bahia 19/08/2023 Casa da Mãe Bernadete, liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, assassinada na Bahia. Foto Janaína Neri.

Lar da Mãe Bernadete, liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, assassinada na Bahia. Foto – Janaína Neri.

Wellington entende que uma prioridade importante deveria ser efetivada pelo caminho da instrução. “A prioridade da população negra no país é trabalhar para o progresso da Lei 10.639 (que tornou, em 2003,  obrigatória a temática da história e cultura afro-brasileira nas escolas), para que a gente possa ver em cada sala de lição do Brasil essa lei funcionando e os alunos possam erigir sua identidade a partir de ancestrais”, defendeu. 

Ele entende que é necessário propalar que os avós foram pessoas que lutaram contra a escravidão. “A gente tem que transfixar caminho para a construção da identidade de cada jovem preto que habita esse País”, afirmou Wellington.

O rapaz explica que a maioria dos jovens pretos não herdou privilégios, mas sim uma luta que é contínua. “A gente herdou uma legado de desigualdade e de violência, na qual esse racismo estrutural coloca a gente, uma vez que os dominados”. Por isso, ele entende que é necessário responsabilidade de contribuir para a luta. “Nosso objetivo não é esperar. Essa privilégio é dos privilegiados (…) A população preta, jovem, tem que pensar e agir”. 

Outro herdeiro da luta de mãe Bernadete é o rebento dela, Jurandir Pacífico, de 44 anos, também liderança da comunidade quilombola. Atualmente, ele está sob programa de proteção do Estado brasílio em função das ameaças que recebe. 


Bahia (BA) -  Jurandir Pacífico, filho da Maria Bernadete, líder quilombola assassinada na Bahia.
Foto: Arquivo pessoal/Divulgação
Bahia (BA) -  Jurandir Pacífico, filho da Maria Bernadete, líder quilombola assassinada na Bahia.
Foto: Arquivo pessoal/Divulgação

Jurandir Pacífico, rebento da Maria Bernadete, líder quilombola assassinada na Bahia. Foto: Registo pessoal/Divulgação 

Ele diz que os desafios do momento incluem o enfrentamento ao racismo estrutural, à desigualdade econômica, à violência policial e à falta de representatividade negra em espaços de poder. Por isso, ele defende que são necessárias ações e políticas públicas efetivas. “É importante lembrar que a luta pela paridade racial é contínua e exige esforços conjuntos de todos os setores da sociedade. O legado continua”, afirmou. 

Colocada à margem

O professor Ivanir dos Santos, da Universidade Federalista do Rio de Janeiro (UFRJ), reitera que a maior segmento da população negra não é tratada uma vez que cidadã e foi colocada à margem da sociedade, com menos chegada à saúde e instrução, além de mais exposta às violências, inclusive policiais. 

“As instituições brasileiras ainda têm uma visão colonial e imperial na compreensão da participação e do recta dessa população. Isso tem que ser tratado de forma ainda muito séria e de uma forma muito potente no Brasil”, avalia o pesquisador em direitos humanos, racismo e intolerância religiosa. 

O professor acredita que houve conquistas nos últimos anos graças também à participação de representantes do movimento preto na Constituição de 1988. “O movimento preto teve um papel fundamental ao incluir o racismo uma vez que transgressão inafiançável”. Ele recorda ainda que os ativistas, em 1995, levaram ao governo federalista uma taxa de reivindicações que acabaram tendo uma vez que consequências as primeiras políticas de ação afirmativa, e também nos anos 2000, com as cotas e avanços na instrução. 

“O que se observa é que há sempre uma engenharia racista que acaba burlando ou desqualificando esses direitos. Mas, nós vamos ter pela primeira vez esse ano o dia 20 uma vez que feriado pátrio, que é uma vitória importante. Zumbi é o primeiro heroi construído de plebeu para cima no Brasil”, avalia o professor Ivanir dos Santos, que é Babalawô, sacerdote de religião de matriz africana. 

Representatividade

Outra pesquisadora, a professora Waldicéia de Moraes Teixeira da Silva, que é pastora evangélica Wall Moraes, em Brasília, também valorizou a data do 20 de novembro uma vez que feriado pátrio. Ela diz que a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 levantou um alerta para ativistas políticas sociais do movimento social preto do Brasil: ir além de ocupar políticas públicas por decretos, leis e portarias, mas também produzir condições para efetivamente para aumentar a representatividade política. 

Ela lamenta que a maioria das pessoas negras candidatas não consegue se escolher porque não receberam o fundo eleitoral condizente. “Um dos objetivos é sensibilizar, conscientizar e formar pessoas filiadas para se candidatar em condições de lucrar eleições”. 

“Contra o genocídio”

A professora Iêda Leal, de Goiás, militante do Movimento Preto Unificado (MNU) defende que, de veste, ouidado com os jovens, vítimas permanente de violência, deve ser uma prioridade, e também das mulheres negras. 

Ela também acrescenta que é necessário pensar a geração das cidades antirracistas, colocando uma vez que meta a segurança pública, a instrução, o trabalho e a geração de renda. “É uma vitória a gente ter um feriado, mas o feriado tem que ser traduzido para toda a população uma vez que uma vitória para que a gente possa ter cidades construídas nessa vertente do reverência aos seres humanos”.

Integrante da Pronunciação Vernáculo de Mulheres Negras, a jornalista Juliana Gonçalves, avalia que os problemas estruturais dizem reverência à construção política social do Brasil. Isso se revela, segundo contextualiza, com a exploração do trabalho de pessoas negras e também nas violências. “O combate ao que nós chamamos de genocídio do povo preto segue sendo a principal taxa do movimento preto”. 

Ela cita o homicídio de jovens negros pela violência policial e do Estado, uma vez que um todo. “A violência vai também se desdobrar no encarceramento, por exemplo, da população negra. “Nós vivemos também um cenário muito negativo quando a gente fala sobre recta das mulheres. sobre combate a políticas que vão fortalecer o feminicídio, o lesbocídio e o transfeminicídio”, aponta.

Também ativista, a diretora do grupo cultural Afroreggae, do Rio de Janeiro, a assistente social Karla Soares diz que ainda é necessário lutar pelo essencial. “O essencial fundamental que são as nossas garantias de recta da população negra, uma vez que a instrução de qualidade, oportunidades de trabalho digno e de políticas públicas que promovam a isenção racial”. 

Ela lamenta que unidades educacionais nas favelas chegam a permanecer semanas sem ter aulas por culpa de operações policiais. “A população que mora dentro dessas áreas de risco é a população negra. A gente sabe uma vez que é difícil combater o racismo estrutural e produzir caminhos que valorizem a identidade da cultura negra”. Ela acrescenta que a sociedade  não pode tolerar discursos ou práticas que minimizem a seriedade do racismo.

Fonte EBC

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *