'homem com h': ney matogrosso diz que sempre foi insolente

‘Homem com H’: Ney Matogrosso diz que sempre foi insolente – 28/04/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Aos 83 anos, em plena turnê de “Conjunto na Rua”, que estreou em 2019, voltou em 2024 e agora segue para a Europa, o cantor, ator, diretor e milénio outras coisas veio a São Paulo, na semana passada, para estribar o lançamento da cinebiografia “Varão com H”, de Esmir Rebento, que estreia nos cinemas no próximo dia 1º.

Ao lado do ator que o interpreta no longa-metragem dos 19 aos 45 anos, Jesuíta Barbosa, Ney contou à Folha que a nomeada, o sucesso, os prêmios, o moeda que ganhou na vida sempre foram bem-vindos, mas nunca foram sua maior sede. A liberdade de fazer o que muito entendesse com seu corpo e com sua vida sempre foi sua verdadeira missão.

“A liberdade é maravilhosa, e vale a pena lutar por ela”, disse Ney. “As pessoas não precisam viver submetidas à caretice, a dogmas, a zero. Não há nem nunca vai possuir governo, nem religião que possa comandar a vida da gente. A gente não pode viver nossa vida para deleitar os outros”.

Pergunto se o preço de viver assim, e de falar tão francamente sobre essa liberdade foi muito cima, e ele diz que não, e até parece querer entender melhor que pergunta é essa. “Que preço?”

O filme “Varão com H” tem uma vez que espinha dorsal exatamente o confronto de Ney com todas as figuras de domínio possíveis, desde a primeira que surgiu em sua vida, seu pai. Militar e muito austero, Antônio Mattogrosso Pereira tentou, de todas as maneiras que conhecia, endireitar aquele menino que desde muito menino não era igual aos outros. Mas Ney já nasceu indomável.

“Sempre fui insolente, essa é uma termo que me define muito”, afirmou o fruto, que adotou o sobrenome do pai uma vez que seu, apesar de ter sido batizado uma vez que Ney de Souza Pereira. No processo, tirou um “t” de Matogrosso.

O cineasta Esmir Rebento, diretor e roteirista de “Varão com H”, contou que o projeto apareceu para ele uma vez que um invitação da produtora Paris Filmes. “Demorei um pouco para admitir porque foi no meio da pandemia, mas comecei a ouvir a discografia completa do Ney, em ordem cronológica, a ler sobre ele e fui percebendo que a história dele toca a minha em muitas coisas, a relação afetiva, o corpo, o libido, o palco, a frase. Depois que eu aceitei, parecia inevitável que eu contasse essa história”.

Na hora de escolher o protagonista, Esmir conta que logo pensou em Jesuíta Barbosa, mas testou dezenas de outros possíveis intérpretes para ter certeza de que faria a melhor escolha. “Testei sósias do Ney, testei gente do Brasil inteiro, mas quando o Jesuíta chegou todo mundo percebeu que tinha alguma coisa ali que a gente não ia encontrar em mais ninguém”, disse o diretor. “É uma vez que se os dois exalassem o mesmo perfume”.

Jesuíta também era, desde sempre, o preposto de Ney, apesar do cantor não ter poder de veto e nem estar envolvido no projeto desde o primórdio. “Eu só li o roteiro quando estava pronto e visitei o set algumas vezes, quando as filmagens já estavam muito adiantadas”, afirmou.

Em longas conversas antes das filmagens, Ney, Esmir e Jesuíta, com 83, 42 e 33 anos, respectivamente, trocavam confidências e histórias pessoais que se transformaram em diálogos e falas de improviso do Ney/Jesuíta do filme.

Na principal cena de sexo, um longo projecto sequência em que Ney, sua namorada da quadra e várias outras pessoas, entre homens e mulheres, participam de uma transa coletiva, um pormenor que deixa tudo muito mais sexy foi uma dessas histórias que Ney contou ao diretor e ao ator nos bastidores.

“A coisa mais excitante para mim nessa cena é quando alguém mete o dedo na boca e enfia na boca dele”, conta o cantor. “Naquela quadra era assim, não tinha varão, mulher, tinham corpos, tinha libido, tinha atração”, afirma o cantor.

“Eu já tinha feito muita cena de sexo no cinema, não foi uma coisa novidade para mim, e acho que essa tem uma evolução muito formosa, foi muito muito dirigida. Aquela teoria é muito boa, né?”, disse Jesuíta.

A teoria a que ele se refere não é da suruba em si, mas das pessoas que surgem e saem do enquadramento, enquanto o par principal permanece sempre em cena, cada um explorando suas vontades.

Assim uma vez que na vida de Ney, zero foi proibido no filme, nem sexo, nem drogas, nem as surras de seu pai, nem a disputa com seus colegas de orquestra, nem o fracasso que experimentou depois de trespassar do Secos e Molhados, até encontrar o caminho de sua curso solo.

“Minha única exigência era que tudo que estivesse na tela fosse verdade. É um filme de ficção, não é um documentário, mas não queria situações inventadas, nem pessoas que não existissem na vida real”, disse Ney.

“A memória do Ney é incrível, mas ele lembra das situações, nem sempre de cada coisa que foi dita, logo preenchi as lacunas da memória dele com frases minhas, frases que ouvi na vida, o que faz deste um filme muito pessoal para mim também”, contou o diretor.

Jesuíta Barbosa, um ator que foi revelado no cinema e acabou incorporando a televisão em sua curso e chegou a interpretar o principal galã de uma romance das nove da TV Orbe, no remake de Pantanal, em 2022, contou que hesitou com o invitação para interpretar esse personagem.

“Eu tinha temor de não estar à profundidade do repto. Mas o temor também me impulsiona a enfrentá-lo, e no final virou um repto gostoso”. O ator, que tem 1,78 cm de profundidade, perdeu 12 quilos em três meses para chegar ao corpo esguio do cantor no primórdio da curso.

Sua voz na maioria das músicas é dublada por Ney, mas ele treinou esquina e cantou de verdade durante as filmagens. Aí, o possuinte da voz real ia para o estúdio dublar o seu tradutor. “Mas ganhei uns agudos que eu não tinha antes, às vezes estou cantando distraidamente e eles parecem surgir do zero”, diz Jesuíta.

Já as danças, que Ney conta que fazia de improviso, só tentando interpretar com o corpo o som de cada música, Jesuíta teve que treinar com um coreógrafo contratado pela produção. “Eu suava muito nos ensaios, ficava exausto”, lembra.

“O Ney talvez seja o personagem mais importante que eu interpretei até agora na minha vida. Porque ele existe, e porque ele tem uma história fundamental no nosso país. Espero que as pessoas saiam do cinema transformadas”, diz o tradutor.

Folha

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