Hq 'minha Coisa Favorita É Monstro' Ganha Continuação 18/11/2024

HQ ‘Minha Coisa Favorita É Monstro’ ganha continuação – 18/11/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

A quadrinista Emil Ferris se arrepende de ter jogado fora as canetinhas que usou para traçar os dois volumes de “Minha Coisa Favorita é Monstro”. Ela acredita que daria para edificar uma morada inteira com todas as Bic usadas por ela para ilustrar as 840 páginas de seu heróico de terror e policial sobre as investigações da jovem “lobismoça” Karen Reyes em torno do misterioso assassínio de sua vizinha, Anka Silverberg.

“Eu deveria tê-las disposto em um repositório e construído essa casinha com elas, para que as pessoas pudessem entender o que vivi”, diz Ferris, brincando, mas não tanto, em conversa por vídeo em seu estúdio na cidade de Milwaukee, sobre 130 km de Chicago. “Estou olhando para várias caixas de caneta. Tenho provavelmente…10 milénio, 20 milénio, 30 milénio canetas. Só esperando. Só esperando. E vou usar todas elas, rapidamente”.

O segundo livro de “Minha Coisa Favorita é Monstro” chegou às livrarias brasileiras poucos meses depois o lançamento de sua edição original em inglês. Assim uma vez que o primeiro livro, publicado nos Estados Unidos em 2017 e no Brasil em 2019, a obra impressiona inicialmente pela arte de Ferris. Trata-se do caderno de Karen Reyes, com suas impressões e descobertas em torno da morte de sua amiga.

A jovem protagonista de Ferris perdeu um pouco de sua inocência entre os dois livros e passou a dar mais atenção às transformações sociais e políticas de Chicago do término dos anos 1960. Em meio a idas e vindas aos museus locais e conversas com seu irmão tatuador e desenhista (e suspeito do assassínio de Anka), ela descobre sobre suas origens e passa a compreender melhor as muitas nuances do mundo ao seu volta.

“As pessoas perguntam, ‘por que o segundo livro demorou tanto?’. Muito, quando você percebe que tem tanta responsabilidade…”, diz Ferris sobre os sete anos que levaram entre as duas edições. “Porque as pessoas vão ler isso e vai importar para elas. Vai afetá-las. Logo não se trata mais de alguma coisa pequeno, não é exclusivamente ‘cá está o meu quadrinho’. Você reconhece o poder que tem uma vez que pensadora, uma vez que artista, e precisa compreender o significado disso.”

As expectativas em torno do segundo “Minha Coisa Favorita é Monstro” decorrem do sucesso do primeiro livro. A obra original chegou às livrarias em 2017, depois ser recusada por 48 editoras, com Ferris à borda da falência.

O livro ganhou três Eisner Awards —de melhor álbum, melhor escritora/artista e melhor colorista—, a premiação máxima da indústria de quadrinhos dos Estados Unidos, e também o Fauve D’Or 2019, prêmio do tradicional Festival de Angoulême, na França. Os direitos de adaptação dos livros para o cinema foram adquiridos pelos estúdios Sony.

O novo volume de “Minha Coisa Favorita é Monstro” também deverá reunir vários troféus na temporada de premiações dos quadrinhos de 2025. Além de se aprofundar nas investigações Karen, Ferris investe

na paixão da protagonista pelas personalidades singulares ao seu volta. Os dois livros acabam sendo uma grande ode à arte uma vez que salvação para mentes criativas.

“Houve tantos artistas que me deram esperança e me ajudaram a imaginar um mundo onde talvez eu pudesse ter um lugar”, reflete Ferris sobre o impacto da arte em sua formação. “Porque a trajetória dos monstros nem sempre é segura, assim uma vez que a trajetória dos artistas nem sempre é segura. Logo esses poucos momentos em que eu pude ver isso, na venustidade de Gauguin e Van Gogh e Frida Kahlo e Diego Rivera e Goya. As muitas coisas bonitas que eles deixaram para trás são uma prova de seu sucesso em exclusivamente sobreviver no mundo e seguir vendo sua venustidade. São um presente de suas existências”.

“E é isso que eu queria, é o que a Karen quer. E acho que é o que a maioria de nós quer: encontrar alguma maneira de nos mantermos por cá, é difícil”, afirma.

As dificuldades de Karen só aumentam no segundo “Minha Coisa Favorita é Monstro”, mas ela encontra refúgio em um ciclo de párias sociais crescente na Chicago conturbada do término dos anos 1960. Posteriormente a morte de sua mãe ao final do primeiro livro, a pequena se vê refúgio e protegida por homossexuais, hippies, anarquistas e várias outras minorias antissistema. E enquanto tenta solucionar um transgressão, ela acaba desvendando também sua própria identidade.

Os sete anos de pausa entre os dois “Minha Coisa Favorita” também foram fomentados por uma recontro jurídica entre Ferris e a editora original dos livros, Fantagraphics. As duas partes entraram em atrito devido aos atrasos da autora e depois surgiram acusações mútuas de quebra de contrato.

O segundo livro saiu uma vez que o combinado, mas um terceiro, um prólogo, com o título “Records”, será lançado em data ainda não definida pela gigante Pantheon. Trata-se do foco atual de Ferris.

A obra vai se aprofundar na relação entre Karen Reyes e Anka Silverberg, antes do assassínio que serve de ponto de partida para os dois livros já lançados.

“Eu não tinha teoria de que faria alguma coisa na minha vida que teria tanto impacto”, segue a quadrinista sobre a repercussão do primeiro livro e os elogios à prosseguimento. “Eu simplesmente não podia imaginar, sabe? Estou feliz, sou grata, mas fiquei surpresa com isso. Sendo honesta, ainda fico surpresa quando vou a eventos. É uma experiência maravilhosa”.

“É por isso que a arte é tão importante: você lê um livro, ouve música, assiste a uma dança, vê pinturas e começa a entender o que outra pessoa sentiu e isso é uma sonância com outro ser humano. Isso tira você de si mesmo, faz você reverberar em outra vida e isso se labareda empatia. E isso é lindo e perfeito e bom e significativo e poderoso. E temos que ter muito mais disso”.

Folha

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