Os ex-jogadores brasileiros Careca, 64, e Teuto, 63, foram homenageados pelo Napoli no retorno à Itália. Ídolos do clube nas décadas de 1980 e 1990, a dupla foi reverenciada por torcedores e participou de algumas homenagens, uma delas direcionada ao ex-companheiro Diego Armando Maradona.
Eles estiveram presentes ao estádio do clube no último domingo (30), na vitória por 2 a 1 do Napoli sobre o Milan, em confronto pela 30ª rodada da Série A —uma vez que é chamada a escol do futebol do país. Antes do início da partida, receberam placas e aplausos dos torcedores.
Um vídeo divulgado pelo Napoli nas redes sociais nesta quinta (3), mostra os dois conhecendo as dependências do reformado estádio San Paolo, rebatizado em dezembro de 2020 para Diego Armando Maradona.
“Eu tinha outras opções [de transferência na época], mas disse: ‘não, eu vou para o Napoli. Quero fazer sucesso lá’. Minha primeira sentimento foi espetacular porque logo no primeiro amistoso o estádio estava pleno e a torcida gritava muito”, recordou Careca.
“Está tudo muito dissemelhante”, disse o ex-camisa 9 ao entrar no vestiário. “A formato não era assim, mudou muito”, completou.
O ex-volante Teuto brincou com o macróbio companheiro dizendo que aprovaria uma parceria com o atacante belga Romelu Lukaku, atual camisa 11 da equipe: “se Lukaku tivesse jogado com Antonio [Careca] teria sido interessante de ver. Careca era muito rápido, enquanto Lukaku protege muito a globo”.
Dias antes do retorno ao clube, a dupla brasileira esteve no Largo Maradona, rossio turística localizada em Nápoles onde há um imenso mural do ídolo prateado, cartazes, fotos, camisas e diversos outros tipos de tributos pela passagem de 1984 a 1991. Eles assinaram uma figurinha do macróbio camisa 10, reproduzida em tamanho aumentado, e deixaram no sítio.
“As pessoas vão para lá para ver todas as homenagens que deixam para ele. É um sítio muito movimentado, mal dá para parar por conta das milhares de pessoas que passam. Nápoles mudou muito, virou um tramontana turístico. Fazia 15 anos que não vinha e vejo que aumentou muito a idolatria a Maradona depois sua morte. Aonde você vai, seja em uma loja ou em um restaurante, há Maradona. Muito mais que na nossa quadra”, explicou Teuto à Folha.
“Também nos convidaram para revisitar o lugar onde moramos, restaurantes que frequentávamos. Relembramos o Reivellón que passamos juntos com Maradona. Foram homenagens muito bonitas”, completou.
No momento em que estiveram na rossio, Teuto e Careca puxam um coro com torcedores em homenagem a Maradona. O ato repercutiu em diversos jornais argentinos.
“É um Deus na cidade, sem excesso qualquer. Um rostro simples que transformou completamente a vida de um povo que sofria com racismo, que era excluído. Lucrar um pouco no futebol é importante, mas em Nápoles é um pouco que não tem explicação. Passei 18 dias lá e se paguei três contas em restaurantes foi muito. Ninguém deixa, é um sentimento imenso de reconhecimento e gratidão mesmo depois de mais de 30 anos”, relatou Teuto.
O meio-campista revelado no Botafogo, que disputou as Copas do Mundo de 1986 e 1990 pela seleção brasileira, atuou pelo clube de 1988 a 1992, conquistando um título pátrio e uma Liga Europa, além da Supercopa da Itália.
Careca, ídolo também de São Paulo e Guarani, jogou de 1987 a 1993 e se tornou o oitavo maior bombeiro da história do clube, com 96 gols. Ele levantou as mesmas taças.
Morto em 25 de novembro de 2020, vítima de uma paragem cardiorrespiratória em vivenda, em Tigre, na região de Buenos Aires, o ídolo prateado tem dois títulos nacionais pelo clube: um em 1987 e o outro em 1990, além de uma Despensa Itália (1987).
Maradona, Teuto e Careca levaram o clube ao título pátrio de 35 anos detrás de forma dramática. Assumiram a liderança unicamente na penúltima rodada, ao desancar o Bologna e escoltar o Milan ser derrotado pela Hellas Verona de forma surpreendente.
Ajudou a conquista a decisão da federação sítio de dar ao Napoli vitória por 2 a 0 sobre a Atalanta. O placar era de 0 a 0, mas Teuto foi atingido na cabeça por uma moeda atirada da arquibancada. O feito de invadir o título só seria repetido em 2023, depois 33 anos, na equipe liderada pelo técnico Luciano Spaletti, hoje primeiro da seleção da Itália.
Atualmente, o Napoli é o vice-líder do campeonato pátrio, com 64 pontos, unicamente três detrás da líder Inter de Milão, que tem 67, restando oito rodadas para o término da competição —24 pontos em disputa.
