Ilustradores Cristãos Atualizam Imagem De Jesus Com Graça 14/09/2024

Ilustradores cristãos atualizam imagem de Jesus com graça – 14/09/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Jesus Cristo foi um ilustrador, mas o meio utilizado há mais de 2.000 anos eram as parábolas, histórias curtas e alegóricas.

Nascente é o paralelo que a artista Ana Carolina Fercho, de Monte Mor, no interno paulista, faz entre suas aquarelas e a trajetória da figura bíblica. “Ele pegava situações cotidianas e trazia para os sermões, para explicar um princípio do reino de Deus que era multíplice. Utilizava imagens para enviar melhor, e é isso que estou fazendo.”

No seu perfil @anailustra_jesus do Instagram, ela desenha um Jesus cartunesco, sorridente, com olhos brilhantes e bochechas coradas, dando abraços e segurando xícaras de moca, junto a versículos e frases motivacionais. Algumas cenas compõem o livro de tingir para adultos, “Uma Só Coisa É Necessária”, talhado para o momento de reflexão quotidiano com leitura bíblica e reza.

“A arte é uma instrumento muito lícito que Deus pode usar, principalmente para aquietar o nosso coração”, afirma ela.

Fercho é uma entre vários artistas, ligados a igrejas evangélicas, que reencontraram na ilustração uma forma de expressar sua fé, mas sem o tom dogmático ou as representações eurocêntricas comuns à tradição católica dos últimos séculos.

Partindo de uma vertente cristã que no universal não adota imagens sagradas, esses ilustradores atualizam a figura religiosa com questões contemporâneas. Há quem veja Jesus uma vez que um varão preto ou sem características definidas, bem-humorado ou pronto para rejeitar apropriações indevidas de suas ideias.

Pensando no histórico das ilustrações gospel no Brasil, a principal referência é a Turma do Smilinguido, trupe de formiguinhas com luvas e botinhas coloridas que vivenciam lições sobre trabalho em equipe, inveja, vaidade e paixão ao próximo.

O universo infantil criado nos anos 1980 por Márcia e Hialmar D’Haese —morto em janeiro deste ano— ilustra o desvelo de Deus com todas as suas criaturas. “O que a gente faz é mais o libido de cooperar com essa geração com valores que eles não recebem facilmente nas redes sociais, portanto oferecemos uma opção de valores que estão na Bíblia e que estão na fé cristã”, diz Márcia.

O parelha também criou, em 1997, a dupla de crianças Mig & Meg. “Descobri que meus personagens falavam o que eu não conseguia”, afirma.

Também pensando em uma evangelização acolhedora, Cynthia Suiane, do perfil @ilustrasui, diz que atua em dois segmentos de arte, a personalizada e a minimalista. Ela faz encomendas de famílias que querem uma pintura junto a Jesus, mas também retrata cenas bíblicas em tom pregador.

Influenciada pelo aumento da utilização de máscaras na pandemia, muitos de seus personagens não têm boca, somente olhos simplificados. “Quanto menos características o bonequinho tiver, mais pessoas se identificam”, afirma.

Mas sempre há críticas. Em julho, Suiane lançou uma série de ilustrações chamada “Tapas Santos Segundo a Bíblia”, na qual Jesus confronta um tipo em uma linguagem informal e inclusive com expressões regionais da ilustradora de Aracaju. “Eu ponho humor para permanecer ligeiro, mas há quem enxergue uma vez que heresia”, diz.

Para o ilustrador Leonardo Asprino, de São Paulo, que criou o personagem Dizãs —leitura aportuguesada da sotaque de Jesus em inglês—, as acusações deste tipo não afetam a maneira uma vez que compõe a figura.

Seu Cristo, que é preto, aparece jogando xadrez, vestido uma vez que um jedi de “Star Wars” ou com um ventilador reclamando do clima. “Acredito que ele era folgazão, colega, um face que ria e chorava junto, dava conselhos, ouvia os amigos. Esse é o meu Jesus.”

Sua intenção era trazer um personagem irreverente e romper paradigmas. “Quebrando essa imagem de um Deus que castiga, um Deus do moeda, que patroa menos a pessoa se ela não for da igreja A ou B, ou se for de outra religião que não seja o ‘religioso’.”

A série “Jesus, que Contra-senso”, de Joel Mozart, lançada em 2017, nasceu de uma inquietação do curitibano diante de posicionamentos do envolvente evangélico naquele momento. “Sempre tive uma visão de Jesus uma vez que um pacifista e, de repente, vi pessoas queridas tentando grudar nele a imagem de uma pessoa violenta.”

Em 15 HQs, Mozart ilustrou desde o momento da anunciação do criancinha Gabriel para Maria até a ressurreição. Ele enfatiza o diálogo do líder religioso com os apóstolos, principalmente sua mansidão e a mensagem centrada no paixão.

O curitibano Giovanni Stoco, que produz artes para o Ministérios Pão Quotidiano, editora de livros devocionais e reflexões bíblicas, também publica desenhos tentando lastrar o lado amigável e o caráter sério das mensagens.

“Não paladar quando as pessoas falam de Jesus uma vez que ‘good vibes’ e atribuem a ele um oração inconsequente, uma vez que se ele fosse bobão”, afirma. “A teoria é trazer a forma amorosa, mas também o lado soberano dele”, diz Stoco.

No caso de Augusto Marques, do PictoBíblia, de Porto Contente, seu objetivo é tornar o evangelho conseguível. Com seguidores de diferentes estados e denominações, ele afirma que houve uma geração de um tino de comunidade virtual. “Isso leva a debates teológicos nos comentários das postagens, e percebo que muitas pessoas, até mesmo eu, aprendem umas com as outras.”

Para Mozart, a produtividade de ilustradores cristãos com abordagens que vão do humor a mensagens de confronto ajudam a disseminar a mensagem bíblica. “Heterogeneidade cultural é o que eu vejo de mais valedoiro quando eu imagino o que é o reino de Deus.”

Folha

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