Na última semana, a tragédia causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul e o show da Madonna foram os temas em destaque nas redes sociais. Ambos foram usados politicamente para estrebuchar adversários e também para se promover diante da opinião pública.
Esses dois eventos revelam a sofisticação na manipulação do debate que a sociedade está enfrentando e porquê isso deve se aumentar. O termo fake news foi amplamente citado ao longo da semana, seja pela mídia profissional, por atores políticos ou pelos próprios usuários das redes sociais.
A situação do Rio Grande do Sul começou a se aumentar ainda no final de abril e foi piorando nos primeiros dias de maio. No sábado (4), Madonna realizou um show histórico para uma povo na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. A simultaneidade desses eventos fez com que as redes sociais se tornassem palco de uma enorme quantidade de desinformação.
Na manhã do sábado em que ocorreu o show de Madonna, o colunista Lauro Jardim, do jornal O Orbe, levantou a possibilidade da primeira-dama Janja estar presente no evento a invitação do prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes, mas que não havia zero confirmado. No dia seguinte, Lauro Jardim atualiza a nota e informa que Janja voltou para Brasília antes do show.
Nas redes sociais analisadas pelo monitoramento da Palver, diversos vídeos e textos começaram a espalhar que a primeira-dama preferiu ir ao show de Madonna ao invés de concordar o povo gaúcho, e essa informação falsa não parou de rodear, mesmo depois diversas agências de checagem apontarem a inveracidade da história. Em diversos casos, mas, usuários rebateram prontamente classificando as mensagens de ataque a Janja porquê fake news, o que não é generalidade de se observar.
Uma das táticas para lucrar relevância do dedo é produzir conteúdos sobre temas que estejam em destaque na prelo profissional. Os casos de guerras e tragédias humanitárias são muito utilizados com esse propósito. Isso porque a população se envolve emocionalmente e acompanha em detalhes cada novo facto. Aliás, o tempo de cobertura tende a ser mais sempiterno do que as pautas tradicionais.
Um dos casos de grande destaque da semana se deu depois o influenciador do dedo Pablo Marçal e um apoiador gravarem um vídeo alegando que as doações ao Rio Grande do Sul não estavam chegando pois “a Secretaria da Quinta do estado estaria barrando os caminhões de doação porque não tem nota fiscal”. Ainda no vídeo, ressaltam a exclusividade do teor ao manifestar “você não teve aproximação a essa informação ainda”. O Governo do Rio Grande do Sul negou que houve exigência de notas fiscais para doações.
O esforço exigido para alguém que queira realmente se informar sobre o caso é enorme, dada a tentativa de manipulação das informações, seja através de vídeos mostrando casos de exceção, vídeos antigos e descontextualizados ou até mesmo conteúdos que induzem ao erro. Com isso, tende a prevalecer os conteúdos falsos que chegam de forma simples e em exuberância através dos grupos de WhatsApp e Telegram.
O que se observa no monitoramento da Palver ao Rio Grande do Sul é uma tentativa de descredibilizar o governo, ataques constantes aos veículos de prelo, e uma tentativa de inversão de papéis sobre quem é responsável pela coordenação dos esforços de resgate e auxílio ao povo gaúcho.
Em um dos vídeos de Marçal que circulou no WhatsApp, ele diz que a Rede Orbe será vendida nos próximos meses pois “desrespeitaram o povo brasílico que estava morrendo afogado, transmitindo o show daquela pornográfica”, afirmando ainda que “aquilo é um ritual satânico e vocês [Globo] estavam fazendo oferenda com os corpos das pessoas do Rio Grande do Sul.”
Nesse exemplo, o influenciador capta as diversas insatisfações e outros sentimentos com relação à tragédia no Rio Grande do Sul, ao show da Madonna e à religiosidade das pessoas para inflamar seus seguidores e lucrar mais projeção. Além de Marçal, outros influenciadores exploraram esses temas, mas com menor relevância.
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