Inhotim: Como São As Novas Exposições Do Museu 24/10/2024

Inhotim: como são as novas exposições do museu – 24/10/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Permanecer doente, permanecer sozinho e tsunami foram alguns dos temores elencados por crianças durante uma oficina com Rivane Neuenschwander. Na ocasião, a artista também pediu que os pequenos desenhassem capas de vestir “que pudessem proteger ou alojar seus medos”, ela conta.

Neuenschwander portanto transformou as palavras e os desenhos das silhuetas das capas em lâminas de retroprojetor. O público que entra em contato com sua novidade obra —inaugurada no último sábado no Inhotim— pode divertir com estas lâminas e projetá-las em paredes, partes de uma estrutura dentro da qual se caminha enquanto alto-falantes tocam sons associados ao pânico, porquê portas rangendo.

É uma “galhofa com a percepção do que é projeção e do que é veras”, diz a artista, nome médio da arte contemporânea brasileira com uma produção que dialoga com o lúdrico.

“Parábola do Terror” faz secção das três novas exposições que o museu próximo a Belo Horizonte acaba de perfurar —uma grande mostra com obras compreendendo 25 anos da curso de Neuenschwander, uma instalação de Rebeca Carapiá feita para o lago no qual está montada e um envolvente de Pipilotti Rist onde é exibido um vídeo filmado por ela nos jardins do Inhotim.

Por abordar uma exemplar significativa da produção de Neuenschwander, a mostra da artista é a maior das três. Além de outros trabalhos relacionados ao pânico, porquê um em que crianças rasparam uma tela pintada de branco até encontrar o esboço de um fantasma, a exposição resgata obras de fervor político, outro tema médio na pesquisa da artista.

Estão ali, por exemplo, “V.G.T. (Ame-o ou Deixe-o)”, um letreiro mecânico rotatório no macróbio formato de anúncios de voos em aeroportos onde a frase “ame-o ou deixe-o” —usada na ditadura militar para sugerir que os descontentes com o regime saíssem do Brasil— aparece embaralhada.

E também uma série de fantoches que encarnam personagens ativos na história recente do Brasil, porquê o militar, representado por um boneco de dragão, e o antivacina, na forma de um jacaré com um esqueleto ensanguentado dentro da boca.

A arte “é um espaço privilegiadíssimo para poder falar de assuntos espinhosos e problemáticos”, diz Neuenschwander. E também “para a gente poder se divertir um pouco”.

Olhar para a natureza

As outras duas exposições recém-abertas estão intrinsecamente ligadas aos imensos jardins do Inhotim, num olhar cândido para a sua rica fitologia. Há muro de dois anos, a instituição convidou a artista baiana Rebeca Carapiá, nome em subida no volta, para gerar uma obra inédita a ser instalada no museu.

Com tempo, recursos e estrutura disponíveis, Carapiá produziu a sua maior estátua até agora, que soma mais de século metros divididos em diversas peças instaladas no lago e na paisagem ao volta da galeria “True Rouge”, de Tunga. Ela e seu irmão trabalharam por quase três meses junto a serralheiros do museu moldando ferro em formas abstratas curvas, que ficam dispostas sobre a chuva, porquê se flutuassem.

“Sou trabalhadora do ferro”, afirma Carapiá, acrescentando que adotar o material em sua prática foi um pouco oriundo, oferecido que seu quarto de petiz era dentro da oficina do seu pai.

Chamada “Unicamente Depois da Chuva”, a obra surgiu de uma viagem de pesquisa feita pela artista à Serra da Capivara, sítio arqueológico no estado do Piauí. Ela foi até lá em procura de escritas rupestres, mas ao chegar conta ter ficado muito impressionada com “a imensidão daquele lugar, as alturas, a vento” e as marcas de chuva nas paredes das rochas.

Os sinais da exiguidade de chuva numa localidade hoje semiárida foram determinantes na construção da instalação no Inhotim, diz a artista, oriundo de numa região suscetível a enchentes na extensão da Cidade Baixa, em Salvador. “Nasci em cima da chuva. Meu relacionamento com a chuva é muito profundo.”

Carapiá conta ainda que secção de suas esculturas —a exemplo de uma em exibição agora no Quadro da Arte Brasileira, em São Paulo— nascem de seus cadernos de escrita e esboço, porquê uma materialização no espaço do que um dia foi um rabisco ou pensamento.

A terceira mostra do Inhotim apresenta um vídeo gravado pela pioneira da viodeoarte Pipilotti Rist em meio ao virente do lugar, há 20 anos, antes mesmo de a instituição se tornar um museu. São imagens bucólicas, em que a câmera passeia pelos galhos das árvores e uma atriz esmaga uma fruta com o pé, a gosma escorrendo lentamente.

A ação ocorre num universo onírico onde vemos a atriz incessantemente em cena, e a maneira porquê a obra foi instalada na galeria contribui para a viagem do testemunha. Deitados em almofadões e travesseiros gigantes, acompanhamos o vídeo num telão da largura do teto, sendo englobados pela sua atmosfera.

Embora o filme, intitulado “Homo Sapiens Sapiens”, estivesse pronto há tanto tempo, ele nunca tinha sido mostrado em Inhotim —sua primeira exibição foi na Bienal de Veneza de 2005, projetado nas paredes de uma catedral. Agora, os curadores Douglas de Freitas e Lucas Menezes pensaram, junto à artista suíça, neste envolvente imersivo, desenhado para envolver o visitante e potencializar o teor do vídeo.

Para Rist, “a mulher é o arquétipo do homo sapiens, não tem varão [no vídeo]”, afirma Freitas. “É um Éden de Evas.”

Folha

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