Proprietário de cinco medalhas olímpicas —incluído o ouro em Tóquio-2020—, Isaquias Queiroz, da canoagem, já escreveu seu nome na história uma vez que um dos brasileiros mais condecorados dos Jogos.
Ele fica detrás unicamente da ginasta Rebeca Andrade e está empatado em número de pódios com os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, que poderão ser ultrapassados por Isaquias em Los Angeles-2028.
Para chegar a esse posto, todavia, o baiano de Ubaitaba teve de levar o corpo e a mente ao seu limite, tendo inclusive ficado parcialmente distante das competições em 2023 para conseguir se restaurar a tempo da disputa de Paris-2024, quando levou a prata na prova que é sua especialidade, a C1 1.000 m.
Aos 30 anos, e levando em conta o esforço necessário para se manter no topo, Isaquias diz que os Jogos de Los Angeles devem ser sua última participação em uma edição das Olimpíadas.
“O desgaste físico da minha modalidade exige muito do corpo. Acho que, depois de Los Angeles, não tem uma vez que prorrogar mais a aposentadoria. Vou estar com 38 anos em 2032, aí já pega bastante”, afirma Isaquias à Folha. “Acho que Los Angeles vai ser a última [Olimpíada]. Já fiz muito.”
Começando a planejar a preparação para o que deve ser seu último ciclo olímpico, o canoísta diz que o objetivo é largar com um pouco mais de parcimônia, para não chegar a Los Angeles no mesmo nível de desgaste, tanto físico quanto emocional, uma vez que o sentido nos últimos três anos.
Segundo ele, isso pode valer um ano de 2025 com uma trouxa menor de treinos e competições, para que esteja pronto para um aumento da intensidade e da dedicação nos anos mais próximos aos Jogos.
“Estou tentando fazer um planejamento onde o ano de 2025 vai ser mais tranquilo, mais relax, em que eu não preciso me preocupar com os resultados, porque senão vou ter realmente que treinar pesado, o que pode findar prejudicando bastante lá na frente.”
Isaquias diz que, além da rotina puxada de treinamentos e competições, também há o desgaste por conta das cobranças em excesso que chegam, em peculiar de torcedores por meio das redes sociais.
“As pessoas exigem que o desportista sempre ganhe. Percebi em 2023. Fui medalhista em mundiais entre 2013 e 2022. No primeiro ano que fiquei fora do pódio, ouvi que já não prestava mais, que estava velho. Fui crucificado na internet.”
Ele avalia de maneira positiva os resultados alcançados em 2024, ainda que, em Paris, a meta de duas medalhas não tenha sido cumprida. “O ano perdido de treinamento em 2023 pode ter prejudicado um pouco, mas isso também não foi tão ruim não, porque me ajudou bastante a repousar, refletir”, diz Isaquias.
Na final da C2 500m na França, ao lado do também baiano Jacky Godmann, Isaquias terminou na oitava e última colocação. Bastante desgastado depois da prova, disse que poderia reconsiderar a participação em provas individuais e em duplas na próxima Olimpíada, para se concentrar em unicamente uma delas.
“Vamos fazer uma estudo para ver se vai ser provável fazer os dois barcos. Se não der, vou ver qual embarcação que vou querer fazer, se o individual ou de duplas. Ainda tenho muito a oferecer no individual, para pleitear com os caras lá de fora, mas o embarcação de equipe é uma prova rápida que eu sabor e posso fazer muita diferença.”
Isaquias afirma também que passar mais tempo na Bahia é um libido seu, alguma coisa que ele entende que pode contribuir para sua performance nas disputas que vier a participar nos próximos anos.
“É o ar, o clima, a culinária, sabor muito de estar na Bahia. É onde posso renovar minhas energias, renovar minhas forças”, diz o baiano, que teve de deixar o estado natal há mais de uma dezena, desde que passou a fazer segmento da seleção brasileira e foi morar no Rio de Janeiro.
“Para mim, a Bahia é o que mais resolve”, afirma Isaquias, que, depois voltar de Paris-2024, pegou o sege com a família —”a passagem de avião estava muito faceta”—, e passou uma semana na região, antes de retomar gradualmente a rotina de treinos e compromissos.
“Agora é trabalhar, porque tem que remunerar o leite das crianças”, diverte-se o vencedor olímpico, pai de Sebastian —batizado em homenagem ao rival teuto Sebastian Brendel— e Luigi.
O retorno às atividades profissionais começou nesta semana em São Paulo, com a participação na Semana MOVE promovida pelo Sesc, que procura estimular e disseminar os benefícios da atividade física entre a população.
Confira os maiores medalhistas olímpicos do Brasil
Rebeca Andrade (Ginástica artística)
2 ouros, 3 pratas e 1 bronze
Robert Scheidt (Vela)
2 ouros, 2 pratas e 1 bronze
Torben Grael (Vela)
2 ouros, 1 prata e 2 bronzes
Isaquias Queiroz (Canoagem)
1 ouro, 3 pratas e 1 bronze
Serginho (Vôlei)
2 ouros e 2 pratas
Gustavo Borges (Natação)
2 pratas e 2 bronzes
Marcelo Ferreira (Vela)
2 ouros e 1 bronze
Bruninho, Giba, Dante e Rodrigão (Vôlei)
1 ouro e 2 pratas