Ivete sangalo diz que show com iza é 'nitroglicerina pura'

Ivete Sangalo diz que show com Iza é ‘nitroglicerina pura’ – 11/04/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Ivete Sangalo não gostava de postar imagens de seus filhos novos nas redes sociais, mas em março de 2018 abriu uma exceção. Marcelo, logo com nove anos, pediu à mãe que mostrasse um vídeo dele tocando a bateria da música “Pesadão”, o primeiro hit de Iza, para a cantora. “Mãezinha orgulhosa desse rosto!”, ela publicou.

Desde logo, as duas estabeleceram uma relação de amizade e de surpresa mútua que chega ao vértice com o show conjunto que elas vão fazer em São Paulo neste termo de semana. Juntas no palco, elas são as atrações principais do domingo (13) no festival Tim Music, no Parque do Ibirapuera, logo em seguida Ferrugem com Criolo. No sábado (12), Mano Brown divide os microfones com Rashid, e Ludmilla recebe Martinho da Vila.

Mas não será a primeira vez que elas trabalharão juntas. Depois de ver Marcelo tocando sua música no Instagram, a logo iniciante Iza não pensou duas vezes antes de invocar Ivete para trovar em seu primeiro álbum, “Dona de Mim”, de 2018. “Pensei assim, essa mulher já sabe quem eu sou, ela postou o vídeo, não custa zero tentar jogar um virente, vai que ela topa. Ela topou e foi muito incrível”, ela diz.

Ivete participou de “Corda Bamba”, uma das últimas faixas que Iza preparou para o disco, coleção de faixas influenciadas por várias vertentes da música negra —americana e brasileira— sob verniz pop, que apresentou a cantora ao grande público. No ano seguinte, as duas se reencontraram porquê juradas do programa “The Voice”, reality show de música que era exibido na TV Mundo.

Foi nos bastidores do programa, diz Iza, que as duas se aproximaram. “Aprendi muito. Eu perguntava as coisas. ‘Porquê é que tu faz isso cá?’ ‘O que tu faria nessa situação?’ A Ivete é muito sem merdinha, sabe? Tem um papo muito reto. Se você perguntar, ela vai te falar: ‘Minha filha, você tá viajando’. Ou logo: ‘Pronto, Iza, isso é tamanho’.”

A baiana, que despontou porquê cantora da Filarmónica Eva, no auge do axé dos anos 1990, se viu no espelho da carioca —que chamou a atenção das grandes gravadoras cantando covers no YouTube. “O processo de Iza é muito avassalador”, ela diz. “Ela vem de uma geração em que o tempo é de uma velocidade muito grande. Esse tempo cronológico do sucesso não corresponde ao tempo de maturação dessa teoria.”

É um processo dissemelhante da geração de Ivete, ainda analógica. “Fiz vários shows na Filarmónica Eva, pegamos primeiro o Nordeste e, à medida que íamos entrando no Sudeste, tive um tempo para compreender que estava me tornando uma cantora, que eu tinha fãs, tinha um show, um palco, um empresário —o negócio do entretenimento.”

Musicalmente, a conexão entre as cantoras se desenvolveu através do reggae —presente na obra das duas. Elas cantaram juntas “Vamos Fugir” no The Voice, e a performance se desenrolou em “Salve Baby”, música de Ivete com participação de Iza que cita a de Gilberto Gil, gravada na pandemia e lançada em 2022. A melodia do tropicalista é presença certa no repertório delas no show em São Paulo.

“As referências do som dela são muito baseadas nas claves do reggae e das misturas que vêm a partir dele”, diz Ivete. “Uma delas é a música baiana, que tem o samba-reggae. São claves, digamos assim, da mesma família. São parentes, musicalmente falando.”

Outro ponto de encontro das duas é a música soul —base da sonoridade de Iza, e também bastante presente na obra de Ivete, que tornou “Coleção”, música de Cassiano, um hit. “Essa vaga está impregnada na minha música desde sempre —na concepção dos arranjos, mormente quando a gente vai conceber coisas ao vivo. Sou uma cantora que, embora goste muito do estúdio, cresço muito no show. A Iza também é esse tipo de cantora.”

A carioca conta que as maiores lições que aprendeu da baiana foram exatamente sobre porquê se portar no palco. “Ela é uma MC, uma rabino de cerimônias”, afirma. “Está ali sempre usando palavras de ordem, tem essa coisa da notícia, de estar falando com as pessoas, ser iluminadora da coisa. Para isso suceder, você tem que estar entregue, tem que ser humilde, estar conectado com a sua filarmónica e pronto para ser invadida pelo que o povo vai te dar. Por que cada show é de um jeito.”

Foi no palco que elas protagonizaram um dos momentos mais marcantes do último Rock in Rio, no pretérito. Iza recebeu Ivete no show em que cantou prenhe de oito meses —um tanto que a baiana já tinha feito, inclusive em cima do trio elétrico. “Ivete tem que ser copiada e repetida, né”, diz a carioca. “O corpo [grávido] fica dissemelhante, a voz fica dissemelhante, o olhar das pessoas é dissemelhante.”

Para Ivete, é importante que mulheres porquê ela e Iza, cantoras populares, desmistifiquem a posição da mulher prenhe. “Acho muito lítico esse lado lúdrico que existe a reverência de nós, artistas, sobre as nossas vidas —toda uma especulação de sonho, de projeção, cria-se um imaginário. A gravidez, exposta em show, humaniza a gente. Estamos grávidas porquê todas as mulheres. Vivi, prenhe, situações muito engraçadas. Eu não conseguia respirar recta e a plateia compreendia isso.”

No festival Tim Music, em vez de se reunirem para duas ou três músicas, elas vão unir as bandas e trovar o tempo todo juntas. Finalmente, é no palco que elas se encontram. “Vamos emaranhar nossos repertórios, vai ter ali uma conformidade, uma combinação tanto de hits quanto de andamentos, de percepções de arranjos, em que as músicas se encontram”, diz Ivete. “O ao vivo é a soma de todas as coisas que a gente enumerou cá —e isso tudo somado é nitroglicerina pura.”

Folha

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