João Chianca, O Chumbinho, Busca Medalha Olímpica 24/06/2024

João Chianca, o Chumbinho, busca medalha olímpica – 24/06/2024 – Esporte

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“Caraca, será que eu mudei?”, perguntou-se João Chianca, 23, há dois meses, quando se viu diante das belas e agressivas ondas de Teahupo’o, no Taiti. “Será que eu perdi minha núcleo, minha paixão, aquele sentimento de mourejar com situações difíceis de maneira originário e sem pavor? Isso chegou a passar pela minha cabeça.”

Chianca, portanto, encarou o mar e aprovou o próprio desempenho. Foi um passo decisivo em sua recuperação do acidente que sofreu em dezembro, em Pipeline, no Havaí. Ao saltar da prancha quando viu que surfar a vaga não era provável, ele bateu a cabeça no recife de coral e perdeu a consciência.

“Foi um momento difícil estipular no hospital”, disse à Folha João, chamado de Chumbinho no mundo do surfe. “Eu ainda estava muito confuso, ainda tudo muito sem explicação na minha cabeça. Estipular e ver que eu estava com uma dificuldade grande de movimentar o pé esquerdo foi realmente um susto.”

O fluminense de Saquarema tinha assegurado sua classificação aos Jogos Olímpicos, com o quarto lugar no último Mundial, uma vaga muito celebrada. Mas a queda no Havaí, de repente, tornou a participação na Olimpíada de Paris questionável, até improvável.

“Seis meses detrás, era uma coisa muito distante, muito inviável, muito duvidosa. Eu sabia o tanto de trabalho, o tanto de dias, o tanto de dificuldades… Eu tinha que ser paciente, positivo, e realmente me perdoar pelos meus erros, tinha que me dar a chance de ser uma pessoa melhor, para ter a chance de participar dos Jogos Olímpicos. Logo, eu vejo porquê uma oportunidade incrível.”

Tão incrível que a primeira experiência olímpica de Chumbinho será em um lugar que lhe é muito peculiar. A disputa do surfe de Paris-2024 ocorrerá no Taiti, na Polinésia Francesa, ilhota paradisíaca no Oceano Pacífico, justamente onde ele percebeu que ainda era o moleque atrevido de sempre, aquele moleque que, juvenil, foi escondido da família para o mar, surfar ondas enormes em Bali, na Indonésia.

“Não teria perdão se eu mudasse o meu jeito de ser. Ainda sou o mesmo garoto. Em abril, eu tive a oportunidade de surfar ondas de consequência, mares de consequência”, afirmou, referindo-se àquelas condições em que há risco maior. “Aí eu vi que faz segmento de mim, não foi a lugar nenhum.”

Evangélico, Chianca disse que chegou a se distanciar da sua fé quando perdeu o controle de seu pé esquerdo. Encontrou-se, nas suas palavras, “com os pés no soalho, com paixão, com os familiares, com os amigos, ao volta de uma pujança positiva”.

“Zero porquê um dia depois o outro. É muito doido. Mesmo que você passe por momentos difíceis, eu acredito que dia depois dia as coisas vão debutar a melhorar. Foi assim. Eu me afastei da minha fé e muitas vezes eu duvidei de mim. Mas zero porquê um dia depois o outro, e eu realmente percebi que sem a minha fé eu não conseguiria seguir em frente”, afirmou.

Fora da liga mundial por desculpa da lesão, Chumbinho foi liberado pelos médicos e participou, porquê convidado, da lanço de El Salvador. Avançou até as quartas de final e foi derrotado pelo compatriota Gabriel Medina, outro que estará nos Jogos Olímpicos.

“Eu tenho treinado bastante, de uma forma consciente e consistente. E não tenho precisado parar por nenhuma dificuldade motriz. Falando especificamente de El Salvador, eu me senti muito muito nas baterias. É um ponto positivo, porque é um lugar de muito calor e uma vaga muito longa. Logo, a gente remava muito e surfava uma vaga realmente muito longa, em um calor extremo”, descreveu.

Assim, apesar da verosimilhança “distante, inviável, duvidosa”, Chianca estará nos Jogos de Paris –assim porquê sua namorada, Luana Silva. Sua trajetória até o Taiti –que inclui uma espécie de renascimento no próprio Taiti, em 2022, depois o rebaixamento à segunda repartição do Mundial– é retratada em um documentário patrocinado pela Red Bull, disponível no site da empresa de bebidas energéticas.

O filme mostra o sofrimento de Chumbinho, o pavor provocado pelo acidente em seu irmão, Lucas Chumbo, craque na modalidade das ondas gigantes, e uma “oportunidade”, vocábulo repetida por João a cada três frases.

“Eu me sinto com uma oportunidade de ter maturidade e transpor dessa muito mais potente”, disse, perceptível de que há um propósito em sua recuperação. “É muita bênção! É uma vontade muito maior do que a nossa, em si, muito maior do que mesocarpo e osso. É realmente uma coisa místico. É uma oportunidade muto boa.”

Chumbinho promete ir ao Taiti porquê Chumbinho, o moleque que surfava escondido as ondas mais desafiadoras. Ele não tinha certeza de que ainda é esse moleque. Agora, tem.

“A gente quer voltar porquê uma pessoa dissemelhante, mas não quer perder nossas raízes”, explicou.

“Quem eu sou não sumiu. Isso não mudou.”

Folha

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