Juventus Chega Aos 100 Anos Dividido Entre Tradições E Saf

Juventus chega aos 100 anos dividido entre tradições e SAF – 19/04/2024 – Esporte

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Há centena anos, em 20 de abril de 1924, empregados de uma fábrica de tecidos fundavam na Mooca o time de futebol de várzea Cotonifício Rodolfo Crespi FC. A equipe seria rebatizada pouco depois com o nome com que se tornaria mais conhecida, Clube Atlético Juventus.

No período, o Juventus da rua Javari —uma vez que também é chamado pela localização do estádio— teve uma vez que maior conquista a série B do Campeonato Brasiliano, além de ter revelado diversos jogadores de destaque no cenário vernáculo e internacional.

Hoje na série A2 do Paulista e sem ramificação vernáculo, a diretoria negocia com investidores a venda do futebol para uma SAF (Sociedade Anônima de Futebol), em uma iniciativa que divide a opinião dos torcedores.

Mais até do que as conquistas em campo, mas, é a relação com a torcida leal e apaixonada e com o bairro da Mooca seus bens mais valiosos.

“O Juventus se notabiliza por ter mantido a tradição, com um estádio que preserva a arquitetura dos anos 1940, onde se realiza o futebol romântico”, diz Angelo Agarelli, 77, historiador do clube, comparte do livro “Glórias de um Moleque Travesso” e rebento de um dos fundadores do Juventus.

Nos primórdios da associação, recorda Agarelli, depois uma boa campanha na segunda ramificação do estadual, a equipe foi convidada a participar da ramificação de escol do estado em 1930. Por um veto a nomes de empresas, Rodolfo Crespi, possessor da fábrica de tecidos que havia ofertado um terreno para a geração da sede social e do estádio, sugeriu o nome de Juventus, em homenagem ao time homônimo de Turim, na Itália. Já a cor grená das camisas teve uma vez que inspiração o Torino, rival da mesma cidade no setentrião do país europeu.

Houve mais uma mudança temporária de nome em 1934, ano do primeiro título de frase. Na esteira da Revolução Constitucionalista de 1932, que bombardeou a fábrica de tecidos do patrono do clube, a opção naquele ano foi por atuar na liga amadora, menos custosa. O nome escolhido foi C. A. Fiorentino, em referência à região de Florença, terreno natal da condessa Marina Crespi. O time foi o vencedor do torneio, batendo a Ponte Preta na final. Em 2021, a FPF (Federação Paulista de Futebol) reconheceu a conquista juventina.

O primeiro título vernáculo viria em 1983, com a conquista da Taça de Prata, a segunda ramificação do Campeonato Brasiliano. Compunham o elenco o goleiro Carlos Pracidelli e o lateral Nelsinho Baptista, além do centroavante e cria da base juventina Raudinei Freire.

Raudinei conquistou com a camisa grená o Paulista sub-20 e a Despensa São Paulo. Em 1987, foi vendido para o Porto. “É uma paixão e sempre que posso estou na Javari torcendo para que a gente retorne o mais rápido provável à escol do futebol paulista, que é onde o Juventus tem que estar”, disse Raudinei no estádio Conde Rodolfo Crespi, na estreia do Paulista sub-20. A partida entre Juventus e EC São Bernardo terminou em 1 a 1.

O Juventus chegou perto de conseguir o entrada à primeira ramificação no ano do centenário, mas perdeu na semifinal da A2 para o Velo Clube. O clube não joga na escol estadual desde 2008.

Também revelado na base juventina para depois se evidenciar por Santos, Grêmio e São Caetano, o ex-lateral recta Ânderson Lima é hoje o responsável pelas categorias de base do clube.

Ele ficou forçado com o empate na estreia dos juniores, por considerar o desempenho aquém do esperado. “O trabalho é difícil, a captação [de novos jogadores] é difícil. É evidente que vão ter os obstáculos, mas não vamos desistir, até para fazer o Juventus voltar a ser uma vez que era.”

Apesar de a temporada áurea ter ficado para trás, com o Juventus frequentando a segunda e até a terceira ramificação do Paulista, ele nunca perdeu o esteio da torcida, em peculiar dos moradores da Mooca.

“O Juventus e a Mooca parecem uma simbiose. É o último clube de bairro de São Paulo”, disse o torcedor Marcos Prieto, 49, que acompanhava o jogo colado ao alambrado da Javari. “Cá é uma trincheira contra o futebol moderno, uma coisa meio quixotesca.”



Cá é uma trincheira contra o futebol moderno, uma coisa meio quixotesca

Frequentador assíduo dos jogos na Javari, Prieto afirma ter identificado nos últimos anos um aumento no interesse de torcedores de outros times pelo Moleque Travesso.

“Os torcedores são muito fiéis, amam o clube. Os jogadores nunca estarão desamparados no quesito torcida”, diz André Dias, 34, goleiro do Juventus. Entre idas e vindas, Dias tem quase dez anos de clube, com 223 jogos pela equipe.

“Isso se deve ao carisma do clube, que abraça a todos. Cá você vê camisas do Corinthians, do Palmeiras, do São Paulo, todos são bem-vindos”, afirmou Tadeu Deradeli, 69, presidente do Juventus.

O clube é o primeiro de muitos, e o segundo de todos, diz uma frase geral entre os juventinos.

Contribui para a simpatia do público o pequeno e charmoso estádio com capacidade para 5.000 pessoas, com uma arquibancada próxima ao gramado que permite à torcida ouvir os diálogos dentro de campo e até o impacto das chuteiras na esfera.

Uma tradição antiga nos intervalos, os torcedores, novos ou antigos, também formam longas filas para comprar o cannoli vendido desde os anos 1970 por Antônio Pereira Garcia, 74.

“O Juventus é um clube tradicional, muito respeitado, família. É um envolvente em que a gente se sente à vontade”, afirmou Garcia. “Desde a moço até o ancião e a senhora prenha, a família se reuni para ver o jogo e manducar um {aperitivo}.”

O estádio carrega também a mística de ser o lugar em que Pelé fez o gol que o próprio Rei considerava o mais bonito da curso —recebeu a esfera na ingresso da superfície, aplicou quatro chapéus nos zagueiros e no goleiro e empurrou de cabeça para o fundo das redes, pelo Paulista de 1959.

O gol rendeu uma estátua de Pelé na Javari, bastante procurada pelos novos frequentadores para uma foto. A peça, no entanto, é contestada por segmento da torcida, que vê no busto uma provável nascente da má temporada do time, diz Hamilton Kuniochi, 38.

O torcedor é um dos maiores colecionadores de camisas do Juventus —ele estima ter mais de 500 modelos. “Quando era mais novo, torcia para outro time, mas, conforme passei a frequentar os jogos na Javari, fui percebendo a questão de pertencimento e identificação que o Juventus supriu.”

A torcida tem agora se dividido em relação a um tema polêmico que envolve a negociação do futebol para uma SAF. Deradeli afirma ser a única saída para o time voltar a frequentar a primeira ramificação do estadual e ter calendário vernáculo.

Segundo ele, há conversas em curso com um grupo de investidores, e a expectativa é fechar contrato no primeiro semestre. Já há um valor estimado para a compra, que o cartola prefere não penetrar antes do acerto.

No Paulista, a folha salarial do elenco somou murado de R$ 320 milénio, chegando a R$ 550 milénio ao considerar a estrutura facilitar com funcionários e ambulância em dias de jogo. A maior segmento do valor é bancada pelo clube social. “O social pega no nosso pé, porque a Javari drena recursos e não está dando retorno.”

Conforme o balanço patrimonial do clube, houve superávit de R$ 893 milénio no primeiro trimestre, com receitas de R$ 6,5 milhões e despesas de R$ 5,6 milhões.

As contribuições associativas representam a maior nascente de receita (R$ 2,8 milhões), oriundas do pagamento pelos murado de 4 milénio sócios de mensalidades para manutenção e uso das instalações para aulas de natação, futebol e outras modalidades esportivas, nos 80 milénio metros quadrados do clube social. Já o gasto com pessoal é a maior despesa (R$ 2,3 milhões).

Sempre que procurado por jogadores em procura de informações a saudação do clube, Dias responde que, dentro de suas limitações, o Juventus cumpre com as obrigações. “O Juventus não vai prometer mundos e fundos. Mas o que ele oferece, vai executar.”

Torcedores têm visões distintas em relação a SAF. Prieto diz que não vê a selecção com bons olhos, por entender que ela pode findar com as características familiares e tradicionais que alimentam o esteio da torcida. “Também não paladar da teoria por culpa da incerteza que ela traz, mas entendo a situação financeira do futebol de hoje e as dificuldades de manter um time competitivo”, diz Kuniochi.

Agarelli afirma que a SAF pode simbolizar o caminho para o time voltar a disputar contra os grandes do estado. Diante da falta de recursos, o Juventus participa dos torneios para evitar o rebaixamento, diz o historiador. Sem perspectiva de mudança, a venda do futebol pode ser a salvação para evitar novas quedas, acrescenta. “Só entendo que a SAF deveria, contratualmente, ser obrigada a manter tudo aquilo que preserva o nome, as cores e as tradições do Juventus.”

Risca do tempo

1924 Instauração do Cotoníficio Rodolfo Crespi FC

1930 Rebatismo para Clube Atlético Juventus

1934 Título do Campeonato Paulista amante sob o nome de C. A. Fiorentino

1941 Inauguração do Estádio Conde Rodolfo Crespi

1962 Geração do clube social

1983 Título da Taça de Prata (2ª ramificação do Campeonato Brasiliano)

1985 Título da Despensa São Paulo de juniores

1997 Título de vice-campeão da série C do Campeonato Brasiliano

2007 Título da Despensa Paulista

2007 Última participação no Campeonato Brasiliano (série C)

2008 Última participação na 1ª ramificação do Campeonato Paulista

Relâmpago-X do Clube Atlético Juventus

  • 4 milénio sócios
  • Dimensão do clube social: 80 milénio metros quadrados
  • Dimensão do Estádio Conde Rodolfo Crespi: 15 milénio metros quadrados
  • Capacidade do Estádio Conde Rodolfo Crespi: 5 milénio torcedores
  • Média de público na A2 2024: 3,3 milénio torcedores por partida

Folha

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