Lamine Yamal, 16, Aparelho Nos Dentes E Pernas Aparelhadas

Lamine Yamal, 16, aparelho nos dentes e pernas aparelhadas – 11/07/2024 – O Mundo É uma Bola

Esporte

Quando ocorre o promanação de um craque no futebol?

Há um momento único ou são necessários vários momentos para validar o status de craque a um jogador?

Acredito ser consenso que o conjunto de grandes momentos é o que dá a um desportista a exigência de craque.

Porém há também “aquele” momento. O primeiro momento em que se começa a considerar que determinado futebolista possa vir a prefulgurar com intensidade por muito tempo. Quando se percebe que ele é dissemelhante.

O de Ronaldinho Gaúcho, pentacampeão mundial em 2002, aconteceu na Despensa América de 1999, no Paraguai, quando aos 19 anos fez um gol na Venezuela depois de dar um chapéu em um competidor.

“Olha o que ele fez, olha o que ele fez, olha o que ele fez.” Ficou famosa essa narração de Galvão Bueno nesse gol do depois duas vezes melhor do mundo.

Em relação a Ronaldo Nazário, outro pentacampeão, o primeiro lance marcante ocorreu em 1993, no Mineirão.

Em Cruzeiro 6 x 0 Bahia no Campeonato Brasílio, aproveitando-se de distração do respeitado goleiro uruguaio Rodolfo Rodríguez, que largou a globo por um segundo na pequena superfície, veio sorrateiro por trás e empurrou a redonda para o gol.

O atacante que seria denominado de Fenômeno tinha 17 anos –no ano seguinte, estava na Despensa do Mundo dos EUA, na campanha do tetra do Brasil.

Talvez daqui uns anos nos lembremos de um momento registrado nesta semana. Titular da seleção espanhola aos 16 anos, Lamine Yamal fez um lindo gol, que iniciou a viradela da Espanha contra a França na Eurocopa.

No duelo em Munique, o camisa 19, de fora da superfície, disparou um pontapé de curva, em direção ao ângulo do goleiro Maignan, que não alcançou –nenhum goleiro alcançaria.

Canhoto (os canhotos têm um pouco peculiar que não sei explicar, até porque sou destro), Yamal marcou um gol à la Robben, ex-jogador holandês (craque).

A globo chutada por Yamal, para colocar mais um participante na cena de cinema, bateu na trave antes de entrar. A trave, que tantas vezes é inimiga do balanço das redes, decidiu ser amiga do teen espanhol nascido em Esplugues de Llobregat, na Catalunha.

“Nós vimos um toque de gênio”, declarou Luis de la Fuente, o treinador da Espanha, que optou desde o primícias da Euro na Alemanha por escalar o juvenil, deixando no banco atletas adultos e muito mais experientes: Dani Olmo, 26, Ferrán Torres, 24, Ayoze Pérez, 30.

Mesmo com o risco de multa de 30 milénio euros (R$ 176 milénio). A legislação alemã proíbe esportistas menores de 18 anos de trabalhar depois das 23 horas. Quatro jogos da Espanha (Albânia, Geórgia e França), com Yamal em campo, acabaram posteriormente esse horário.

Quiçá esse golaço na semifinal de terça-feira (9), que fez de Yamal o mais jovem a assentar um tento em um Campeonato Europeu de seleções, seja futuramente lembrado porquê “aquele” momento dele, o do surgimento de um craque.

Estudante com ensino secundário recém-encerrado (recebeu a notícia da aprovação na semana passada), aparelho nos dentes, sorriso e figura de menino, não vasqueiro titular do Barcelona (do time principal, não da equipe de base), Yamal tem as pernas aparelhadas: dispostas, preparadas, lépidas, criativas, ágeis.

Atacando pela ponta direita, fez o lateral gaulês Theo Hernández, quase dez anos mais velho, suportar para tentar marcá-lo na semifinal vencida por 2 a 1 pela Espanha. Sua atuação o fez ser eleito o melhor em campo.

Yamal é rápido, liso, habilidoso. Dribla com facilidade e com objetividade. Almeja incessantemente ir para a frente, seja buscando a risco de fundo para um passe ou intercepção, seja para trinchar para dentro e finalizar (ou preparar para um companheiro fazê-lo).

Fica a sentimento (fortíssima) de que a Eurocopa de 2024 deu à luz um novo craque. Só sentimento? Por enquanto, sim, pois o futebol às vezes engana.

A história mostra que jornalistas erraram ao incensar rapidamente alguns jovens promissores, ao nomeá-los precipitadamente sucessores, por exemplo, de Messi no Barcelona (Munir, Deulofeu, Ansu Fati) ou de Cristiano Ronaldo em Portugal (João Félix).

Logo, com Yamal, é necessário ir vagarosamente com o andor. O que dá para proferir sem receio, pelo apresentado até cá, é que ele não é mais promessa. É verdade.

Folha

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