A cantora e compositora paulistana Lara Castagnolli, 23, apresentará o show “Lara Canta Gal” no próximo sábado (21), às 20h, no Tavares Club, na Vila Madalena, em São Paulo.
Formalidade e coragem, características de pessoas nascidas sob o signo de sagitário, parece não faltar à soprano Lara Castagnolli, nascida em São Paulo, capital, no dia 8 de dezembro de 2000.
Com cinco anos de idade, mudou-se com a família para a cidade de Socorro, onde permaneceu até os 18 anos, antes de mudar-se para Sorocaba no intuito de cursar Engenharia Florestal. Antes disso, aos 11 anos, a moçoila estudou violino, percussão e violão para fomentar seu paixão maior pela música.
Leia entrevista exclusiva que a artista concedeu ao Música em Letras e assista, no final do texto, ao vídeo no qual Lara Castagnolli mostra a que veio interpretando “Alguém Me Avisou”, de Dona Ivone Lara (1921-2018).
Quem é Lara Castagnolli?
Lara Castagnolli é uma pessoa determinada, proativa, amante das mais diversas artes e das inúmeras possibilidades de caminhos que o direcção pode oferecer. Ela sempre vai mourejar com as questões de forma amigável e compreensiva. Abraça a vida, as pessoas, as vegetação e o que mais couber entre os braços. Já passou por muitas situações dolorosas, mas é resiliente e determinada a mudar o ponto de vista e o envolvente no entorno. É sensível, compreensível e disposta. Tem a arte uma vez que a maior fundamentadora das ideias, seja para transformar a própria vida ou o mundo.
Em que ano você está do curso de Engenharia Florestal e o que a levou optar por essa faculdade e não uma de música?
Estou no quinto ano do curso, creio que me forme ano que vem. O que me fez cursar engenharia florestal foi meu repertório da puerícia, a qual vivi em Socorro, rodeada por natureza e sempre ensinada a tratá-la com muito apreço, de igual para igual. Na escola, quando eram tratados assuntos do contextura da degradação ambiental, me sentia aflita e, ao mesmo tempo, determinada a fazer de tudo para volver a situação. A música, assim uma vez que o encantamento pelos demais seres vivos, me veio naturalmente e eu sempre soube que ela nunca me deixaria, independentemente do que eu resolvesse cursar. Sendo assim, eu nunca a abandonei e ela nunca me abandonou, tanto é que estou trabalhando em meu TCC [trabalho de conclusão de curso] atualmente, e ele envolve música infantil para ensino ambiental interdisciplinar.
Você começou a trovar despretensiosamente imitando outras cantoras. Entre elas, Maysa (1936-1977), que ao realizar sua primeira apresentação para o público, aos 13 anos, em um sarau da escola, diz já ter reproduzido o timbre e a maneira de projetar a voz da artista interpretando a música “Hino ao Paixão”. A que você atribui tal precocidade?
Fiz teatro quando era mais novidade, e essa foi uma das atividades precursoras que estruturaram todo o sustentáculo artístico que eu carrego. Sou grata às pessoas que estiveram ao meu entorno, sempre me incentivando a levar a vida de uma forma sensível. Passava bastante tempo sozinha quando morava numa granja, e aprendi a me divertir na pouquidade de outras crianças…Criava personagens com vozes diferentes, com diversos trejeitos. Interpretar essa música foi zero mais, zero menos do que uma extensão do que eu já praticava em lar.
Você estudou, com dez anos de idade, violino, antes de percussão e violão no Conservatório Municipal de Socorro, no interno de São Paulo. Qual a maior prelecção aprendida naquela instituição?
Sem dúvidas, o que aprendi de mais valioso no conservatório e que levarei para o resto da vida foi que pequenas coisas podem mudar o mundo. O conservatório de Socorro, e todos os demais existentes no Brasil, são ambientes transformadores. Eles são capazes de fazer uma revolução na humanidade. Apesar de pequeno, o Conservatório de Socorro formou e forma toda a cena artística e músico da cidade, é um grande símbolo de resistência e de paixão pelas pessoas e pela diva música.
Em 2016, você começou a trovar em barzinhos. Sendo menor de idade isso não lhe trouxe problemas? Onde eram esses bares e o que você aprendeu cantando nesses bares?
Eu cantava em hotéis, restaurantes e, principalmente, em pontos turísticos, uma vez que a Pedra Bela Vista, um lugar aconchegante que permite reputar o pôr do sol e boa comida. Socorro é uma cidade extremamente acolhedora e pacata. Nunca me aconteceu zero, mas isso é vasqueiro. Reconheço que não é o ideal, mas uma vez que o trabalho sempre foi uma urgência para mim, eu soube mourejar desde o prelúdios de forma muito madura e sensata. Deixava de ir a festas de amigos da escola para ir trovar, dormia tarde… mas isso não era um problema. Eu amadureci muito meus pensamentos com todo esse processo. Soube reconhecer o ofício desde muito novidade e isso me trouxe muita consciência. Sou grata ao caminho trilhado e às diversas conquistas que todo esse trajectória tem proporcionado. Não é fácil ser artista no Brasil, temos que nos sujeitar a diversas situações, mas eu tenho esperança e muita persuasão de que a arte é revolucionária e todos nós teremos, um dia, a oportunidade de sermos respeitados da forma uma vez que merecemos.
Além do acordeonista Mestrinho, você já dividiu o palco com outros músicos. Quais desses artistas a impressionou e por quê?Sou uma grande fã do trabalho de Mestrinho, creio que ele seja a pessoa mais fascinante musicalmente que tive a honra de saber. É um grande artista e uma pessoa de coração enorme. Para mim conta muito uma vez que os artistas agem fora dos palcos, diante da vida, e ele é revolucionário.
Você está promovendo uma campanha de financiamento coletivo para economizar numerário e gravar “Araribá”, seu primeiro álbum. Uma vez que você define esse álbum?
Leste álbum é uma mistura de muitas coisas que vêm sendo vivenciadas ao longo do caminho. Arrematei meus pontos, interliguei áreas do conhecimento e criei pontes para que a minha música pudesse transitar livremente através das fronteiras. Aliás, ele será uma grande homenagem a duas pessoas muito importantes que se foram, mas que fizeram ser quem eu sou.
Quais faixas você pode antecipar que irão constar neste trabalho?
Vou mencionar é a música “Xilema”, que traz consigo uma teoria de mergulho no próprio ser, um aprofundamento na introspecção. A melodia foi feita por mim e por Maria Chueire, minha companheira de lar. A letra expõe um momento de reflexão sobre as diversas possibilidades de crença em si mesmo e no mundo. Trata-se de um vai e vem místico em procura de um tanto, com o ansiedade de desenredar o incorpóreo, o atemporal, que só pode ser obtido através de um olhar circunspecto para dentro de si. Todas as canções do álbum (pelo menos até o momento) serão autorais. Os arranjos estão sendo feitos por mim e pelo Mestrinho.
Quando pretende dar início às gravações?
Elas já estão sendo feitas há um tempo, mas com muita calma.
Quando pretende lançá-lo?
Creio que em dezembro seja lançado um single para a franqueza das demais faixas.
Há qualquer selo em vista?
Por enquanto, não.
Quem serão os músicos que irão participar de “Araribá”?
Já tive o privilégio e a emoção de ter o Mestrinho e o Abner Felipe gravando algumas faixas, mas contarei com a liberalidade e sensibilidade de outros grandes e queridíssimos amigos mais adiante.
Araribá é o nome de uma árvore brasileira. Por que você escolheu esta árvore especificamente para batizar o trabalho?
Araribá é uma árvore que produz frutos alados, que são dispersos pelo vento. Quando caem em alguma clareira, podem ou não grelar… é essa a teoria, uma infinidade de possibilidades de ser, estar e se apresentar para o mundo. Sendo meu primeiro álbum, ele representa uma grande investigação sobre mim mesma e sobre o entorno.
No próximo sábado você irá se apresentar, em São Paulo, cantando músicas eternizadas por Gal Costa. Por que escolheu essa cantora?
Pelo reconhecimento do papel pioneiro de Gal Costa não somente na música, mas também na luta pelos direitos e visibilidade das mulheres dentro do movimento tropicalista. Embora a historiografia tradicional do Tropicalismo frequentemente privilegie a imposto masculina, oriente projeto destaca a prestígio do corpo performático de Gal uma vez que uma poderosa instrumento de ativismo, sentença e resistência. Sua arte transcendeu a música, desafiando normas e abrindo caminho para novas formas de se compreender a arte e a política no Brasil.
Qual será o repertório e quais dificuldades encontrou para interpretá-lo?
As canções escolhidas são minhas companheiras de longa data, portanto tenho muita afinidade com elas. A grande questão é que passei por um problema vocal recentemente e isso tem afetado o uso de algumas técnicas, no entanto minha recuperação tem sido efetiva. Entre as 16 músicas do espetáculo esquina “Folhetim”, de Chico Buarque, “Pensamento Cotidiano”, de Luiz Melodia, “Volta”, de Lupicínio Rodrigues, “Acontece”, de Creusa e Cartola, “Lágrimas Negras”, de Jorge Mautner e Nelson Jacobina, além de “Flor do Concentrado”, “Força Estranha” e “Meu Muito Meu Mal”, as três de Caetano Veloso.
Quem irá acompanhá-la neste show?
Cainã Mendonça (piano) e Theo Ribeiro (ordinário).
O que difere seu show de outras homenagens já realizadas à Gal Costa?
Mais do que uma simples homenagem, “Lara Canta Gal” procura recriar a origem dos trejeitos e da presença de palco que tornaram Gal uma nume da música, imortalizando sua voz, sua virilidade e sua história. “Lara Canta Gal” também se posiciona uma vez que um manifesto cultural e ativista, reconhecendo o papel pioneiro de Gal Costa.
O que as pessoas devem ter em mente quando forem assisti-la?
Unicamente felicidade e alegria para festejar a obra monumental de Gal Costa, uma das figuras mais icônicas e revolucionárias da música brasileira
Assista, a seguir, ao vídeo no qual Lara Castagnolli mostra a que veio ao interpretar “Alguém Me Avisou”, de Dona Ivone Lara (1921-2018).
Bom show!
SHOW ‘LARA CANTA GAL’
ARTISTA Lara Castagnolli
QUANDO Sábado (21), às 20h
ONDE Tavares Club, r. Aspicuelta, 751, Vila Madalena, tel. (11) 3819.9820
QUANTO R$ 60 ingressos
