Lembre Colunas De Fernanda Torres Na Folha Sobre Cinema

Lembre colunas de Fernanda Torres na Folha sobre cinema – 08/01/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Fernanda Torres venceu no último domingo (5) o Mundo de Ouro de melhor atriz em filme dramático por seu trabalho em “Ainda Estou Cá”, de Walter Salles. O prêmio abre caminho para uma indicação ao Oscar, que revela os seus nomes no próximo dia 17 de janeiro.

Em sua poste neste jornal, Torres já analisou algumas das escolhas feitas pelas duas premiações. Em 2023, ela escreveu que a safra de 2022 consagrou a “inépcia multivérsica” de “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”, antes de elogiar os filmes que foram lembrados pelos prêmios naquele ano —incluindo “Assassinos da Lua das Flores”, de Martin Scorsese.

“Leonardo DiCaprio foi com tudo na boca arqueada para inferior, porquê bigode chinês, a término de sobressair a imbecilidade genocida de Ernest Burkhart”, disse Torres em sua poste neste jornal. “A esgar de DiCaprio me lembrou a de Brad Pitt em “Bastardos Inglórios”, que, para sublinhar a estupidez do tenente Aldo Raine, apostou todas as fichas na queixada neandertal proeminente.”

Colunista da Ilustrada desde 2010, Torres escreveu sobre diversas obras e artistas ao longo dos anos. Da masculinidade de James Bond ao tabu do pênis em Hollywood, ela versou sobre diferentes temas do cinema e da televisão com seu humor irreverente.

Relembre, a seguir, algumas das colunas de Fernanda Torres sobre cinema.

“Atores longevos de Hollywood, uma vez vencida a requisito de galã, tendem a se tornar caricaturas de si mesmos. O esgar de Jack Nicholson se fundiu com o do Coringa; o mau humor de Robert de Niro se perpetuou na carranca de seus personagens, e Al Pacino deu de balbuciar as falas com a rabugice de um velho cão. O fenômeno se repete na novidade geração de madurões, porquê atesta o prognatismo de Pitt, a bochecha caída de DiCaprio, a boca à esquerda de Washington e a loucura de Phoenix.”


“A coisa é séria. Os streamings ainda escalam o elenco com mais de 45 anos pela qualidade interpretativa, mas os novinhos precisam passar do milhão de seguidores para sequer serem cogitados. O ator vale pelas razões de sempre, mas também pela imposto que trará para a divulgação de uma série ou filme no oceano virtual.”


“‘Love’ não chega a tanto, e nem alcança a grandeza perturbadora de ‘O Predomínio dos Sentidos’, de Nagisa Oshima. Eu ainda era virgem quando o assisti pela primeira vez e nunca mais me recuperei.”


“Com 200 milhões de habitantes, o Brasil é um dos maiores consumidores de streaming do planeta, com um público afeito a testemunhar às suas próprias histórias. Donos de uma identidade cultural própria, somos mais do que meros apreciadores de enlatados. Ninguém deseja viver num país fechado para o mundo, as plataformas de streaming são mais do que bem-vindas, mas, assim porquê na Europa e nos Estados Unidos, é preciso preservar a saúde da economia criativa sítio.”


“A contratação por obra certa nunca me assustou. Desde o remake de ‘Selva de Pedra’, em 1986, ela foi a regra que norteou minha curso.


Heroína do folhetim, fui uma péssima funcionária, dei defeito e tornei difícil um trabalho difícil não só para mim porquê para os que me cercavam. Tony Ramos que o diga. A imaturidade me custou uma geladeira de 15 anos, que só terminaria com o sucesso de ‘Os Normais’.


E mesmo posteriormente ‘Os Normais’, quando achei que fecharia um contrato fixo, a expectativa não se confirmou. O traumatismo de ‘Selva de Pedra’ me tornara arredia às novelas, poste de sustentação da programação, e o entendimento de longo prazo só faria sentido para a lar com uma ou mais telenovelas incluídas no pacote. Sem segurança de tarefa, fiz cinema, teatro, eventos, comerciais e aprendi a ser produtora de mim mesma.”


“O audiovisual é uma indústria pesada, feita com paixão e risco. Uma vez que produtor e diretor, pesava sobre o Breno [Silveira] a responsabilidade de gerir orçamento e prazos. Atrasar um projeto, muitas vezes, significa esquecê-lo, e dar o sinal verdejante para o início de uma produção, assumir uma logística comparável à de uma empreitada de guerra.”


“Dei para rever filmes antigos do 007. É condenável, eu sei, um ícone machista, que mereceu morte lenta e dolorosa no último longa rodado, eu sei. O consorte propôs a maratona e eu não resisti. Fetiche de puerícia. Mesocarpo fraca. Mas não há porquê revisitar o velho Bond sem o filtro do tempo; e aquilo que na puberdade parecia desejável, hoje, por vezes, soa asqueroso.


Em ‘Moscou Contra 007’, de 1963, estrelado por Sean Connery na sequência de ‘Dr. No’, todas as mulheres gemem porque precisam muito dar, e não só para James. Um turco maduro, velho contato da M16 em Istambul, abandona o jornal quase obrigado para satisfazer a amante juveníssima que mia ansiosa no recamier. Na visitante ao acampamento cigano, homens feitos desfrutam do couvert artístico com dança do ventre, seguida de recontro de aranha.”


“O tabu do pênis é o último refúgio da masculinidade, poucos tentam, ou desejam, de veste, enfrentá-lo. Mas “Game of Thrones’ já liberou o nu frontal dos rapazes para a fita de adolescentes; os robôs de ‘Westworld’, porque são robôs, desfilam a pelo sem preconceito; e a ducha do amante bem-dotado levou ‘Sex/Life’ aos trending topics. A novidade versão de ‘Cenas de um Tálamo’ quase arriscou o pelado explícito, mas preferiu sombrear no contraste.”


“O [James] Bond louro de [Daniel] Craig amou e foi traído pela estonteante Eva Green; quase virou eunuco, nas mãos de Mads Mikkelsen; foi patolado por Javier Bardem e verteu lágrimas por Judi Dench. Apesar do DNA condenável, o espião que me amava evoluiu a ponto de merecer viver no planeta MeToo. Assim eu acreditava.”


“Terminei ‘1971’ convencida de que o desencanto e a fúria também nos guiarão para fora do lodaçal. A pax romana globalista, com seu ideal duty free shop, ruiu. As trincheiras progressistas, cuja vitória parecia consumada, se armam, agora, para enfrentar as hostes conservadoras negacionistas da maioria, ou minoria, não se sabe ao visível, até portanto silenciosa.”


“O Brasil não costuma produzir atores assim, capazes de sustentar a diadema, de empunhar a punhal sobre o cavalo, ou encarnar o Demo. Costuma-se usar a vocábulo galã para definir Tarcísio [Meira], mas qualquer rostinho bonito pode ser tachado de galã.


A vocábulo ofende porque reduz o talento do monstro aos seus dotes físicos. Basta vê-lo em ‘A Idade da Terreno’, no ‘Grande Sertão: Veredas’, na romance ‘Escalada’ ou no ‘Independência ou Morte’ para perceber que estamos diante de um ator mítico.”


“A morte de Paulo Gustavo se reflete em todas as ausências cá descritas. Para os herdeiros do besteirol, Porchat, Adnet, Gregorio, Majella, Lobianco, Ingrid, Mônica, Caruso, Katiuscia, Raphael e Tabet, Paulo é o que Felipe foi para mim.


Sua partida marca a ingresso deles na maturidade, na consciência da brevidade da vida e da fragilidade humana.


Para a legião urbana de fãs que conquistou, Paulo foi Cazuza e foi Renato, o ídolo pop do pedaço, o senhor de milénio Jockeys. Para o teatro, a despedida de Paulo é o vazio de Cacilda em cena. Para os meninos que gostam de meninos e meninas, para o marido, Thales, e os filhos, Romeu e Gael, Paulo foi e sempre será Leila.”


“Nisso, ‘Mrs. America’ e ‘A Voz Mais Potente’ se destacam. Sem trair a perspectiva histórica, as duas séries somadas contemplam a subida do conservadorismo, do moralismo cristão, do racismo, do nacionalismo e do machismo nos últimos 50 anos.”

Folha

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