O Linkin Park recebeu uma calorosa recepção do público paulistano na noite de sexta (15), no primeiro de dois shows em dias seguidos no Allianz Park. Foi uma apresentação consagradora, que mostrou alguns dos grandes hits do rock deste século e as músicas do álbum recém-lançado, “From Zero”.
O Linkin Park passou por um hiato de atividades desde 2017, quando um dos vocalistas, Chester Bennington, cometeu suicídio. O outro cantor, Mike Shinoda, que é fundador e líder da margem, encerrou o longo luto escolhendo para o lugar vago a vocalista Emily Armstrong, que desde 2008 cantava adiante da margem de metal Dead Sara.
“From Zero” teve seu lançamento mundial também na sexta-feira, transformando o primeiro show no Allianz Parque numa espécie de marco solene da novidade período do grupo. Mas o Linkin Park está de volta à estrada desde 5 de setembro, quando apresentou 14 músicas em um show para convidados nos estúdios da Warner Bros., na Califórnia. De lá até São Paulo, foram realizados mais nove shows.
De três meses para cá, as músicas do disco novo começaram a pipocar. Não foi por casualidade que “The Emptiness Machine” foi escolhida para iniciar o processo. Incluída no conjunto inicial do show em São Paulo, ela se mostrou totalmente integrada ao clima da orifício da noite, que teve os sucessos “Somewhere I Belong” e “Crawling” começando a sarau.
“The Emptiness Machine” segue minuciosamente a silabário Linkin Park de fazer músicas que batem possante em plateias que podem mesclar seguidores de hip hop e de metal. E uma turma mais pop também. Mike Shinoda entrou cantando a primeira secção, numa levada pop rock que em algumas canções pode ir direto ao rap. Aí há uma quebra no curso, que introduz um refrão de puro metal no qual Armstrong entra para vozear os versos porquê se fosse morrer no momento seguinte.
A audição de “From Zero” já induzia uma sensação que o show deixa ainda mais possante. Ter escolhido uma pequena para o lugar de Bennington pode ter sido uma grande jogada de Shinoda. Outro vocalista masculino levaria o público a uma conferência mais possante entre os dois, e é difícil imaginar outro cantor com a mesma performance explosiva que Bennington entregava.
Diante de Emily Armstrong no palco, há um tanto de surpresa em escutar uma voz feminina tão possante. Ela parece ter se encaixado muito no registro visual do grupo, adotando o guarda-roupa de tênis, calças incumbência com camisetas largas e agasalhos que é quase um uniforme nerd envergado pelos rapazes do Linkin Park.
Além da roupa, a atitude vale muito. Armstrong trouxe ao Allianz Parque uma postura incisiva, projetando o corpo em direção ao público, praticamente desafiando a todos para que cantassem tão cume quanto ela, alternando isso com sorrisos largos, requebradas muito discretas e olhar cúmplice para os fãs enquanto Shinoda canta os versos dele. Foi o suficiente para ouvir muita gente na plateia paulistana comentar “porquê Emily é foda”.
“The Catalyst”, “Burn It Down” e “Waiting for the End”, tocadas uma seguida da outra no show, formam um trecho de canções um pouco mais melódicas, quase pop rock para tocar em rádios. Uma vez que são antigas no repertório, permitem uma conferência do vocal que mostra a cantora com muito mais recursos para essa sonoridade do que Bennington. Nascente pode ultrapassar os limites dela na hora de vozear, mas é evidente que Armstrong tem uma voz mais educada.
O setlist da apresentação serviu para fundamentar que Mike Shinoda sabe muito muito que os dois primeiros álbuns do grupo, “Hybrid Theory”, de 2000, e “Meteora”, de 2003, são realmente aqueles que fornecem material para momentos catárticos nos shows. Entre as 27 músicas da noite, eles tocaram seis do álbum de estreia e mais cinco do disco seguinte.
As canções de “From Zero” se resumiram a quatro. Shinoda já declarou que as novas faixas serão introduzidas aos poucos no repertório da turnê mundial do ano que vem, anunciada na última quinta-feira. Ela será encerrada com a volta da margem ao Brasil, em novembro de 2025, para shows em quatro cidades: Rio, São Paulo, Brasília e Porto Jubiloso.
Na secção final do show, o Linkin Park recorreu aos maiores hinos da margem, “Numb” e “In the End”, que balançaram a redondel do Palmeiras. No bis, antes de fechar a noite com a pesada “Bleed It Out”, o grupo mostrou a novidade “Heavy Is the Crown”, uma paulada nos sentidos que já parece pronta para o panteão dos grandes hits da margem.
Não deixa de ser curioso que o novo disco tenha o título “From Zero”, porquê a indicar que o Linkin Park estaria começando tudo de novo, “do zero”. Zero mais esquivado do que isso. A margem mistura o que tem de novo com o resgate do que já fez de melhor no pretérito, e tudo isso junto soa muito muito.