Liu jiakun, arquiteto chinês, vence o oscar da arquitetura

Liu Jiakun, arquiteto chinês, vence o Oscar da arquitetura – 04/03/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

A paisagem da China tem, pelo menos desde a viradela do século 21, sido definida por fenômenos porquê rápida urbanização, cidades produzidas em série e infraestruturas monumentais. Uma transformação impulsionada por fatores de ordem econômica e ligada a eventos de graduação mundial, porquê os Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, e a Expo 2010, em Xangai.

No entanto, um movimento paralelo na arquitetura, que valoriza a memória, saberes locais e o desenvolvimento em pequena graduação tem ganhado força. Liu Jiakun, vencedor do prêmio Pritzker de 2025, divulgado nesta terça, a maior premiação da arquitetura mundial, é um dos principais nomes desse caminho recíproco.

Ao lado de figuras porquê Zhu Pei, Yung Ho Chang e Wang Shu —primeiro, e até logo único, arquiteto chinês a vencer o Prêmio Pritzker, em 2012—, Jiakun faz secção de uma geração que reinterpreta a tradição em vez de apagá-la. Princípios espaciais, lógica material e técnicas artesanais tradicionais são integrados ao design contemporâneo, criando uma arquitetura que é atual e, ao mesmo tempo, profundamente enraizada na legado cultural.

Essa abordagem representa uma forma de fazer arquitetura que é, essencialmente, chinesa, pois oriunda de sabedorias e modos de praticar o espaço ligados ao contexto sítio, em vez de a tendências externas, reforçando a teoria de que modernidade e tradição não são excludentes, mas podem coexistir harmoniosamente.

O compromisso de Jiakun com o espaço público é flagrante —em um país onde o planejamento urbano frequentemente segrega funções em zonas distintas, seus projetos promovem a integração. Suas obras resgatam a natureza pública do espaço, incentivando a interação social em ambientes onde a densidade urbana costuma ser vista porquê um travanca, e não porquê uma oportunidade.

Em vez de pensar a cidade a partir de distritos monofuncionais, seus projetos integram elementos residenciais, comerciais e culturais, fomentando ambientes dinâmicos. Um bom exemplo é o West Village, de 2015, um empreendimento de uso misto de cinco pavimentos localizado em Chengdu, que contrasta fortemente com a verticalidade das paisagens urbanas chinesas.

O projeto inclui uma passarela elevada para pedestres e ciclistas, oferecendo um vasqueiro —e muito bem-vindo— espaço público atingível. Seu compromisso com a graduação humana e o conforto é sentido também na presença da vegetação, que ocupa grande secção do recinto do empreendimento, sua cobertura e fachadas.

Entre seus trabalhos mais instigantes está o “Rebirth Brick”, ou tijolos do renascimento, uma iniciativa criada em seguida o terremoto de Wenchuan, na província localizada no meio do país, em 2008. Diante da devastação da região, o arquiteto desenvolveu um método para transformar escombros em novos tijolos, reforçados com uma mistura de cimento e fibras de palha para maior resistência.

Além do paisagem sustentável de reutilizar o material oriundo de estruturas que colapsaram, o projeto consistia em um gesto poético de resiliência. Simbolizava a reconstrução, permitindo que o pretérito fosse literalmente incorporado ao porvir.

O que começou porquê um esforço em pequena graduação, em que os tijolos eram produzidos de forma artesanal e comunitária, logo ganhou tração, demonstrando na prática porquê soluções locais podem ser ampliadas para abordar desafios arquitetônicos e urbanos mais complexos. Desde logo, os tijolos foram integrados em alguns de seus projetos mais importantes, porquê o prédio para a farmacêutica Novartis em Xangai e o Museu Shuijongfang, em Sichuan, reforçando a noção de que a arquitetura deve ser um processo contínuo, conectado à memória e ao lugar.

O portfólio construído de seu escritório —Jiakun Architects, fundado em Chengdu em 1999— reflete o compromisso com uma arquitetura pensada, contextualizada e enraizada na cultura.

Algumas de suas obras mais notáveis incluem o Departamento de Estátua do Instituto de Belas Artes de Sichuan (2004), que explora iluminação e ventilação naturais nos ateliês; o Museu de Arte em Esculturas de Pedra de Luyeyuan (2002), que integra princípios do paisagismo chinês tradicional; a renovação das Cavernas de Tianbao para o envelhecimento de licores (2020), que conecta diferentes estruturas arquitetônicas em um trajectória nas montanhas; e o Pavilhão Serpentine, em Pequim (2018), a primeira edição do famoso projeto britânico realizada fora do Reino Uno.

Jiakun não segue regras de um estilo específico. Trata a arquitetura porquê uma estratégia, respondendo de maneira um ao contexto de cada projeto. Faz uso de diferentes tecnologias, equilibrando tradição e inovação sem recorrer à nostalgia.

Seu trabalho tem sido amplamente exibido em eventos internacionais, porquê a Bienal de Veneza e a Bienal de Shenzhen, conquistando reconhecimento global com projetos que partem de sabedorias locais. Uma vez que educador, lecionou em algumas das mais prestigiadas instituições de ensino no mundo, porquê o MIT, nos Estados Unidos, o Royal College of Art, no Reino Uno, e a Meão Academy of Fine Arts, na China.

O júri do prêmio Pritzker —formado oriente ano pelo presidente Alejandro Aravena, Barry Bergdoll, Deborah Berke, Stephen Breyer, André Aranha Corrêa do Lago, Anne Lacaton, Hashim Sarkis, Kazuyo Sejima e Manuela Lucá-Dazio— elogiou sua capacidade de apresentar um olhar revigorante para a densidade urbana, fortalecer a identidade coletiva e produzir uma arquitetura ao mesmo tempo modesta e com potencial de transformação comunitária.

Sua vitória marca um momento crucial no oração arquitetônico, destacando a crescente relevância de profissionais que priorizam a manutenção da cultura em vez do desenvolvimento rápido, que dita o ritmo em tantas cidades do Sul Global.

O trabalho de Jiakun desafia a noção de que o porvir da produção arquitetônica da China deve ser definido pela subida produtividade e pela grande graduação. Seu reconhecimento sinaliza uma mudança na compreensão global da arquitetura chinesa, que valoriza profundidade, saberes locais e perenidade histórica.

Seu trabalho sugere que o ato mais radical na arquitetura talvez não seja a reinvenção, mas a cuidadosa e reflexiva reinterpretação daquilo que já existe.

Folha

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