Elijah Wald, o noticiarista e violonista que escreveu “Dylan Elétrico – Do Folk ao Rock”, que por sua vez inspirou o filme “Um Completo Ignoto” não sabe até hoje o que motivou Bob Dylan a comprar os direitos de seu livro.
“A pessoa que decidiu comprar meu livro para fazer um filme foi Bob Dylan. E eu não sei por quê. Ele ligou para o empresário dele e disse que eles deveriam licenciar esse livro e usá-lo uma vez que base para um projeto de filme”, conta Wald em entrevista à Folha, em razão de sua obra de 2015 estar sendo lançada agora no Brasil.
“Perguntei ao empresário dele por quê. O empresário dele disse: ‘Não sei. Ele não me diz por que toma decisões’.”
Mas uma coisa Wald sabe muito muito: o porquê de ele ortografar esse livro. “Francamente, pelo moeda. Eu vi que [em 2015] seria o 50º natalício de sua apresentação no festival de Newport. E pensei que, se eu tivesse um livro sobre isso, honestamente, ele pagaria por três anos da minha vida e eu poderia ortografar outros livros.”
Responsável de uma dúzia de obras sobre música e músicos de blues e folk, uma vez que Robert Johnson e Dave van Ronk, Elijah Wald nunca pensou que “Dylan Elétrico” pudesse virar um filme uma vez que “Um Completo Ignoto”, dirigido por James Mangold e estrelado por Timothée Chalamet, que vive Bob Dylan, Edward Norton, que interpreta o músico Pete Seeger, Monica Barbaro (Joan Baez) e Elle Fanning (Sylvie Russo).
O livro, por fim, não tem um mísero diálogo, não mostra seus personagens no dia a dia e muito menos os apresenta em situações pessoais ou lidando com problemas amorosos —cenas que, é evidente, podem ser vistas na produção indicada a oito Oscar.
O que “Dylan Elétrico” tem, e de sobra, são contextualizações sobre a efervescência política da América no início dos anos 1960 e uma vez que a música folk estava intimamente ligada a isso.
“O que eles tiraram do meu livro para fazer o filme foi a teoria de que a história é Dylan e Pete Seeger. Ninguém nunca colocou dessa forma. Usei Pete Seeger no meu livro para fazer as pessoas entenderem uma vez que era a cena folk antes de Bob Dylan”, diz Wald.
O cerne da obra, porém, é uma vez que Dylan transforma essa cena, em primeiro lugar, ao manar uma vez que um novo compositor à profundeza de velhos ídolos uma vez que Woody Guthrie, e, depois, ao desprezá-la e deixá-la para trás quando troca o violão pela guitarra elétrica na edição de 1965 do festival de Newport, apresentando canções uma vez que “Maggies Farm” e “Like a Rolling Stone”.
“Maggie’s Farm”, inclusive, é uma ostensiva enunciação de repúdio à folk music. Ao gritar insistentemente no refrão “eu não vou mais trabalhar na rancho da Maggie”, Dylan atestava que não iria mais seguir os preceitos da música caipira americana.
A relação de Dylan com Seeger é real, mas muito menos próxima do que a vista no filme. “Todas as cenas em que eles estão juntos no mesmo cômodo são inventadas”, afirma o responsável.
Wald nunca encontrou Dylan, mas conta que o filme original poderia ter sido um documentário. “Seria um tanto mais histórico. Depois, contrataram Timothée Chalamet e depois James Mangold, que mudou bastante o projeto e reescreveu o roteiro. Mas Mangold também passou vários dias com Dylan. E Dylan revisou o roteiro com ele. Portanto, em grande secção, é um projeto de Dylan.”
Ainda a saudação da adaptação cinematográfica, Wald tem opiniões peculiares. Chalamet foi o ator mais incensado, por trovar e tocar ao vivo todas as quase 50 canções que estão no filme. Wald, no entanto, preferiu a atuação de Edward Norton.
“Quer proferir, eu já estive pessoalmente com Pete Seeger e conheço amigos próximos dele, e Norton ‘era’ Pete Seeger. Foi inacreditável. Chalamet não estava tentando ser Bob Dylan. Ele estava interpretando um personagem, mas não estava sendo Bob Dylan.”
Uma das informações mais interessantes do livro —à qual os espectadores do filme não tiveram aproximação— é a reescrita de canções tradicionais por Dylan, um tanto muito geral na folk music de logo.
Wald detalha uma vez que canções uma vez que “Don’t Think Twice, It’s All Right”, “Masters of War”, “With God on Our Side” e “Girl from the North Country” usam melodias, arranjos e temas de outras músicas, mas transportadas para o cenário americano dos anos 1960.
Ao nomear as canções originais e seus intérpretes, basta uma ida ao Spotify para reconhecermos o inegável parentesco com os clássicos da primeira secção da curso de Bob Dylan. Em alguns casos, parece até plágio. Mas, uma vez que diria o artista, não pense duas vezes, está tudo muito.