Lollapalooza Inova Pouco E é Salvo Por Sza E Blink 182

Lollapalooza inova pouco e é salvo por SZA e Blink-182 – 25/03/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Desde que fez sua primeira edição no Brasil, em 2012, o Lollapalooza criou a reputação de ser um celeiro de novos artistas, um evento em que tendências musicais de todo o mundo dividem espaço no lineup com artistas clássicos que o público anseia por ver há anos. Com poucas exceções, leste ano não foi exatamente assim.

Em meio a uma mudança de gestão —o evento passou a ser comandado pela Rock World, do Rock in Rio e do The Town, depois passar anos com a Time for Fun—, a edição aconteceu sob uma aura de déjà-vu. Se o Lollapalooza quer ser uma vitrine músico, em 2024 se revelou mais uma vez que um arqueólogo que uma loja de novidades.

Cancelamentos de artistas grandes ou novos e a escolha por atrações que já não estão no auge contribuíram para produzir a sensação de um festival que poderia ter realizado quase que em sua totalidade há uma dez, quando a relevância dos artistas justificaria melhor suas escalações.

Sucesso na segunda metade dos anos 2000, o Kings of Leon, por exemplo, não empolgou uma vez que substituto do Paramore, uma das atrações mais aguardadas. Mas já não havia empolgado quando tocou, em 2019, no mesmo festival.

Em 2014, quando também estiveram no Lolla, Arcade Fire e Phoenix viviam seus melhores momentos, assim uma vez que Thirty Seconds to Mars, que tocou no Rock in Rio em 2013 e 2017. Agora nenhum desses grupos roda o mundo com álbuns elogiados ou turnês incensadas, e num universal foram uma sombra do que já representaram no palco.

A exceção foi Sam Smith, que tocou no mesmo palco do festival que se apresentou há cinco anos. Se daquela vez seu show já tinha sido grande e catártico, agora foi ainda maior, com mais sucessos no repertório e uma curso em subida.

É um contraste com o ano pretérito, em que alguns dos nomes mais quentes do cenário mundial passaram pelos palcos do Lollapalooza —Billie Eilish, Rosalía e Lil Nas X, por exemplo— sem que sucessos de dez anos detrás ficassem de fora, uma vez que o Tame Impala.

Neste ano, quem melhor representou esse frescor foi SZA, em subida no pop mundial. A americana mostrou que tem voz e entrega para segurar uma plateia do tamanho do Lollapalooza, apesar do cancioneiro de exclusivamente dois álbuns. Se não encontrou um palco principal lotado uma vez que o esperado para uma headliner, ao menos ouviu um público que celebrava suas músicas.

O Blink-182, embora não seja zero novo, foi outra novidade. No palco, o trio se mostrou tecnicamente melhor até que em seu vértice, aplacou a ânsia dos fãs espremidos com hits dos anos 1990 e 2000 e se sentiu à vontade para fazer piadas sexuais de pujança “American Pie”.

Foi curioso, aliás, ver uma vez que uma margem que deixou o público de 2023 goro com seu cancelamento foi uma das salvações do festival neste ano.

Apesar da pouquidade de novos grandes rostos, a meiuca do lineup trouxe alguns refrescos. Fletcher e Omar Apollo, queridinhos da novidade geração, fizeram boas estreias, e King Gizzard & the Lizard Wizard conquistou elogios emocionados do público. Kevin O Chris também mostrou uma vez que o funk pode se encaixar no contexto de um megafestival.

Todos esses fatores acabaram causando uma mudança de público, com menos jovens e mais gente com mais de 30 anos de idade. Longe ser um problema, trata-se de uma aposta numa fatia da sociedade com maior exigência e independência financeira.

A sexta-feira, espécie de “dia do punk”, foi justamente um meneamento à nostalgia dessa geração. Além do Blink-182, margem que os fãs esperam ver no Brasil há décadas, o Offspring fez um show mais comemorado que o generalidade pelo contexto.

No dia seguinte, Limp Bizkit e Titãs encontraram fãs dispostos e cumpriram essa função. A margem brasileira, aliás, atingiu mais gerações —assim uma vez que Gilberto Gil, no mesmo palco, no domingo— e arrastou uma povo invadindo a madrugada com um show mais longo que o headliner, Kings of Leon.

Até a limo que tomou o Autódromo de Interlagos leste ano trouxe lembranças de edições passadas no festival. Ainda que não tenha derribado uma tempestade na zona sul de São Paulo, uma chuva fina e jacente, junto ao clima indiferente, transformou a paisagem do evento.

Parecia a quadra em que o Lollapalooza acontecia no Jockey Club, com cenas de pessoas com os calçados sujos, se apoiando umas nas outras para não resvalar no terreno liso e encharcado. Mormente no domingo (24), o trajeto entre os palcos poderia se tornar um tanto perigoso.

Se esse foi o ponto fraco em termos de experiência, o novo comando não fez grandes intervenções naquilo que dá mais claro —a disposição dos palcos no espaço.

Assim, o Lollapalooza continuou sendo o festival que melhor aproveita o autódromo. Os palcos continuaram se beneficiando dos morros que facilitam a visibilidade, não houve problemas graves de som e nem de aglomeração excessiva nos deslocamentos.

Porquê já foi verosímil perceber no The Town e no Primavera Sound, eventos que também acontecem no autódromo, os banheiros fixos —em vez dos químicos— foram novidades importantes, assim uma vez que o metrô e trem abertos 24h.

Ou por outra, ao contrário de The Town e Rock in Rio, o Lollapalooza concentra suas ações e estruturas publicitárias longe dos palcos. Além de um consolação visual, essa opção não obstrui o trânsito de pessoas e não aperta a plateia, que fica mais próxima dos palcos.

Em suma, não atrapalha o que há de mais precípuo num festival, os shows —o que nem sempre parece ser óbvio em festivais da dimensão do Lollapalooza.

Folha

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