A cerimônia do Oscar é quando todos os seres humanos do mundo, ou ao menos aqueles que se importam com cinema, voltam a sua atenção para o que vestem estrelas e astros de Hollywood. Esses vestidos, paletós, maquiagens e acessórios usados por atrizes, atores e profissionais da indústria servem uma vez que parâmetros do que as pessoas normais vão usar nos tempos que virão depois disso.
Porquê denominador, houve nesta edição um caminho de estilo que se constitui invocar de “old Hollywood”, ou velho glamour hollywoodiano, fundamentado em um visual mais clássico, que desafia gerações, do TikTok às empoeiradas salas analógicas.
Estamos falando de formas e desenhos mais essenciais e atemporais, quando o que se veste informa sobre silhuetas que encantaram, supostamente, distintas gerações. Porquê aquelas que encontram a maneira uma vez que a cantora Billie Eilish usa sua saia, seu paletó, camisa e bolsa, patrocinadas pela Chanel.
A premência de buscar outras gerações de aficionados por cinema levou um monte de gente às salas. Desde que James Dean usou uma camiseta e uma calça jeans em “Rebelde Sem Razão”, o visual das telas importa e muito para a chamada “vida real”. E vice-versa.
Ryan Gosling, todo de Gucci, estava rebelde, sem gravata à mariposa e referto de marra. Agora, do palco do Dolby Theater e da passagem sobre o pavimento vermelho que simboliza a teoria contemporânea de glamour hollywoodiano para a forma que nos vestimos, é outra história. O cinema segue nos encantando.
Roupas, figurinos, personagens. As peças que vemos na cerimônia são emprestadas, uma vez que figurinos que adornam os nomes e os corpos que triunfam ou não no palco californiano não das modas, mas do cinema.
Se Emma Stone estava de Louis Vuitton ou Margot Robbie vestia Versace, gostamos mais de saber que a atriz trans Laverne Cox estava de Mugler velho no esquenta do tapete vermelho e que Colman Domingo estava com botas de caubói e o broche sobre o onipresente smoking tuxedo.
Na fileira do pão, o que importa é o sonho. Nisso, zero supera Hollywood. “Pobres Criaturas” ganhando uma vez que melhor figurino estabelece a relação do que se desfila nas passarelas e o que acontece nas telas. Quem não se identifica com Bella que atire o primeiro drapeado.
O volume das mangas resgatou o visual da era vitoriana e a vontade de uma supra verdade para além dos dias de hoje e de ontem, enquanto as botinhas e as pernas de fora dos looks que ela veste no filme exalam uma desconcertante contemporaneidade.
O estilista da Louis Vuitton, que vestiu Emma Stone no Oscar, é Nicolas Ghesquiere, e sua silhueta é familiar para quem acompanha a voga e gostou de “Pobres Criaturas”. Ele acaba de festejar dez anos na marca francesa, e a atriz esteve no desfile da marca, no início de março, em Paris. Stone é uma espécie de embaixadora da marca há algumas temporadas.
Enquanto isso, a esperteza de “Barbie”, de onde vêm Margot Robbie e Ryan Gosling, foi tratar o clichê exatamente uma vez que… clichê. Daí que usar rosa, caso de America Ferrera, que interpretou Gloria no filme de Greta Gerwig, é o que se labareda na voga de um “statement”, um fundamento. A cor não é para meninas, mas para aquelas que têm a força, estejam elas de paetês ou no front diante do patriarcado global.
Rebelde, o ator Robert Downey Jr., de “Oppenheimer”, chamou a atenção para seu stylist em seu exposição enquanto falava sobre sua narrativa de superação, fora da curva e do clichê. Seu look, sem gravata e sem lapela, transcende o estilo de Hollywood, com sua calça boca de sino, camisa e colarzinho meio grunge.
Símbolos das novas gerações, Zendaya no Oscar de certa forma decepcionou, rendendo-se a um visual mais padrãozinho, assinado pelo italiano Giorgio Armani, com uma alça só, formato que deverá imperar em vestidos de formatura e casamentos pelo próximo ano. Tanta coisa para ela usar, e ela vai vestir Armani?
Na falta de mais cores, os tons pastel de Mark Ronson e Emma Watson definiram os próximos tempos. Muito melhor a elegância de Lupita Nyong’O, uma das mais lindas deste ano, atualizando seu visual de dez anos detrás.
Numa noite para resplandecer, poucas pessoas investiram em paetês e na tendência do “novo sexy”, que apareceu nas passarelas recentes. Sem maiores surpresas, a maioria manteve a caretice no volume médio. Que bom que a diretora Greta Gerwig, de “Barbie”, e Emily Blunt, atriz coadjuvante de “Oppenheimer”, entregaram um pouco de prata.
O outro momento para desencaretar o Oscar teria sido quando Ryan Gosling cantou “I’m Just Ken”, num uso cor rosa com cristais, mas foi muito mais um constrangimento “cringe” do que qualquer outra coisa. Com uma legítima abordagem de Barbie, Ariana Grande vestia um look bufante do estilista Giambattista Valli, o equivalente ao de Gwyneth Paltrow, por Ralph Lauren, de quando ela ganhou o Oscar em 1999.
Porquê item mais relevante da noite, fica o pin vermelho usado por muitas estrelas, pedindo o cessar-fogo entre Israel e o Hamas, na campanha chamada “Artists4ceasefire”. Mas zero tanto assim, no fritar dos ovos, que esquentou um pouco na frigideira na categoria de melhor documentário em “20 Dias em Mariupol”. Um pouco uma vez que a premiação da noite —quando a voga imita a arte, e não a vida.