Luana Piovani Critica O Pl Antiaborto, Bolsonaro E Neymar

Luana Piovani critica o PL Antiaborto, Bolsonaro e Neymar – 24/06/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Se há três décadas Luana Pìovani chamou a atenção do público a partir da sensualidade de sua personagem na minissérie “Sex Appeal”, hoje, vivendo em Portugal e distante da televisão brasileira há 12 anos, ela é mais lembrada por se envolver em debates polêmicos, sobretudo os de cunho político e social.

Piovani não parou de atuar. Depois de fazer novelas e séries portuguesas, ela ensaia seu primeiro stand-up músico, “Cantos da Lua”, para uma curta temporada em Lisboa. No entanto, são as controvérsias em que a atriz se envolve o que mais labareda a atenção.

Piovani, que também se considera ativista, vem fazendo publicações contra o PL Antiaborto por Estupro. Ao receber a reportagem, ela ainda debateu a subida da ultradireita na Europa e seu desprezo por Jair Bolsonaro e contou por que tampouco é simpática ao presidente Lula.

Ela contou ainda uma vez que sua vida em Portugal e o processo que move contra o ex-marido, o surfista Pedro Scooby, a fez chegar à desfecho de que o sistema judiciário português é pior que o do Brasil, alguma coisa distante da formosura da paisagem de Cascais, a cidade a 30 quilômetros de Lisboa que ela escolheu há cinco anos para viver e fabricar seus três filhos —Dom, de 12 anos, e os gêmeos Muito e Liz, de sete.

Piovani pediu para dar a entrevista num restaurante à litoral, onde ela gosta de estar. Esta, aliás, foi uma das brigas recentes que ela comprou contra outra notoriedade, Neymar, a quem acusou de concordar a chamada “PEC das Praias”, depois que o jogador anunciou uma parceria com uma incorporadora que deve fabricar 28 empreendimentos no litoral de Pernambuco e Alagoas.

Não há evidências, porém, de que o desportista tenha se manifestado em prol da privatização de praias nem de que a PEC autorize a privatização das praias. O texto, do senador Flávio Bolsonaro, do PL do Rio de Janeiro, prevê a transferência de terrenos de marinha em áreas urbanas da União para estados, municípios ou proprietários privados.

“Ah, gente, por obséquio”, ela diz, ao ser questionada. “Está óbvio. Ele estava celebrando um empreendimento imobiliário que precisa que essa PEC seja aprovada para dar visível. Para ele ter um pedaço gigantesco da praia só para ele.”

Você equilibra a vida de atriz com uma presença possante na internet. Hoje você se vê mais uma vez que atriz ou influenciadora?

Eu não me vejo uma vez que atriz. Eu sou atriz. O resto vem quase que por osmose. Sou uma influenciadora a partir do momento que tenho 5 milhões de seguidores. Eu e a torcida do Flamengo, né? Hoje o que mais tem é influenciador.

Estar envolvida em tantas polêmicas é um fardo?

O que pesa não é a polêmica, mas a verdade da mulher. É isso que me destrói. O traje de eu estar na internet tendo que falar que sou em prol do monstro de uma moço estuprada.

O que você pensa sobre o PL Antiaborto por Estupro?

Quem sabe do corpo da mulher é a mulher. É inacreditável e inadmissível que um varão queira resolver alguma coisa tão intrínseca e tão importante uma vez que gerar e parir um fruto. Nessa situação [a de estupros], portanto, é impensável. Eu sou em prol do monstro uma vez que é cá em Portugal. Você vai até o sistema de saúde, diz que está prenha, e [a depender do período gestacional] o Estado te ajuda a fazer o monstro.

Você sempre foi em prol do monstro?

Sempre. Confesso que há uns 20 anos eu não estava pensando em monstro. Mas pensei na hora que comecei a entender as pautas, as brigas, as lutas, o lugar onde a mulher servia. E eu já passei por um monstro natural, portanto sei uma vez que é.

Você falou sobre um limite de semanas que existe para o monstro ser feito de forma permitido em Portugal. Para você, qual deveria ser esse limite?

Acho que 15 semanas, mas eu não quero me pautar nisso. Isso é só um pormenor sobre outro processo que não interfere no que está sendo discutido no Brasil.

A atriz Cássia Kis, que já fez um monstro, agora defende o PL Antiaborto.

Face, não vou permanecer dando opiniões aleatórias. Eu sei que deve ser muito tentador ter na frente uma pessoa uma vez que eu, que tem opinião e fala das coisas todas. Mas a gente não pode permanecer cá fazendo uma mercearia de opiniões.

Em março, você participou de uma roda de conversa com mulheres em Portugal.

Esse é um projeto social que eu tenho, chamado Oráculo, que começamos no Brasil, e aí conseguimos ter um cá. O judiciário de Portugal é uma máquina de moer mulher. Cá, se uma mulher sofre violência doméstica, é ela quem sai de moradia com a moço. O assaltante fica.

A pendência judicial que você trava cá contra seu ex-marido, Pedro Scooby, está em que pé?

Ele ganhou um processo que eu chamo de mordaça. Não posso tecer nenhum tipo de observação sobre a paternidade dele na internet. Tive uma crise de sofreguidão horrorosa na audiência. O problema é que, ao assinar o negócio, aceitei o judiciário português uma vez que meu, mas eu quero o judiciário brasiliano, que cuida melhor dos interesses das crianças.

Essas dificuldades não fazem você desanimar de permanecer cá?

Não, porque a vida dos meus filhos é muito boa. Eu vim cá por eles. Não vim à procura de ser protagonista de romance portuguesa nem para me aproximar do mercado europeu de cinema.

Uma vez que você avalia a força que ganhou o partido Chega, de ultradireita, em Portugal?

Face, não é só o Chega. É o Bolsonaro, é o Trump. Não afeta minha vida diretamente porque sou completamente privilegiada. Mas afeta a vida de irmãos meus. Se o mundo está querendo impedir dois homens de matrimoniar e ter filhos, eu estou infeliz, porque tenho amigos assim, posso ter sobrinhos e netos assim. Eu luto pelo todo.

Sempre pensou sobre política?

Quando a gente é novo, não pensa muito em política. Mas quando você começa a entender que está pagando imposto, que moeda é aquele que estão te tomando, para que serve, quando você começa a se questionar uma vez que cidadão, aí você vai entrar mais na política.

Você se encaixa em qualquer lado do espectro político?

Não, porque ainda não existe um nicho da política com dor pelo próximo. A esquerda é orgulhosa e a direita tem anelo demais. Ainda não se criou o nicho do meio, verdadeiramente.

Você chegou cá em janeiro de 2019, portanto não viveu no Brasil sob o governo Bolsonaro.

Com a perdão de Deus, saí na hora certa. E eu não sou Lula, mas é que Bolsonaro não conta. É desumano. Acho que ele não poderia nem se candidatar. Uma pessoa que brinca com a vida das pessoas. Uma vez que é que ele finge que está morrendo na televisão? Isso está até hoje atravessado em mim.

Você vota nas eleições brasileiras?

Voto, mas na última eu justifiquei. Já nem sei mais onde eu estava.

Mas teria votado em Lula, portanto?

Teria, mas fiquei puta. É uma vez que se no Brasil só existissem os dois. E a gente tinha várias opções. O brasiliano é de foder.

Uma vez que você avalia o governo Lula até agora?

Não está havendo melhora. A gente está tendo que lutar por coisas muito básicas. Só que pelo menos não tem um tirano rindo da face das pessoas, andando de jet ski enquanto acontece a tragédia no Rio Grande do Sul.

O que te despertou a vontade de criticar o Neymar e a PEC das Praias?

Eu já tinha feito isso. Num podcast em Londres, pouco famoso, eu desço a lenha nele. Mas se tem um negócio que não pode tirar do brasiliano é cerveja gelada, futebol e praia. Se mexe na praia, o bicho pega.

Inclusive para você, que mora em Portugal.

Evidente. Vai pegar na minha praia? Tá maluco? Eu frequento Fernando de Noronha há 30 anos e nunca fui nessas pousadas milionárias que têm uma jacuzzi para cada quarto. Por quê? Porque não tem chuva gulodice na ilhéu. Portanto sou em prol dos ilhéus.

Não te amedronta sovar de frente com essas personalidades?

Susto do quê? Ele poderia fazer o quê? Ele pode transfixar um processo contra mim sobre injúria e mordacidade? Eu contrato um jurisperito. Não sou idiota nem leviana, gente, pelo paixão de Deus. Não minto. Nunca menti. Tudo que eu falei está ali escrito, datado.

Mas ele não se pronunciou em prol da PEC. Ele fez uma propaganda de um investimento imobiliário.

Que está esperando a PEC ser aprovada para poder ser concluído, né? Quero manifestar, está engatado. O pessoal só está querendo arrumar uma cortinado de fumaça para andejar com a PEC. Tipo “Sasha, a filha de Xuxa, se separou”. Aí é que eles botam o negócio para votação.

O seu temor portanto é que essa propaganda que ele fez calhe na aprovação da PEC?

Não é um temor. Está óbvio. Ele estava celebrando um empreendimento imobiliário que precisa que essa PEC seja aprovada para dar visível. Para que ele tenha um pedaço gigantesco de uma praia incrível e maravilhosa só para ele. Não! É esse o mundo que os milionários querem, mas a gente não vai deixar sobrevir isso com o Nordeste.

Uma vez que vai ser seu novo espetáculo?

Estreia no final de outubro. Labareda-se “Cantos da Lua”. Eu que escrevi. São histórias da minha vida que eu costuro com algumas canções. Eu quero que seja um espetáculo meio off-Broadway, recíproco. Fico um mês em edital em Lisboa e depois viajo com ele pelo país até eu ter tarifa no teatro de Portugal de novo, o que é dificílimo. Estou tentando um patrocínio. Mas, se for preciso, eu bancarei o projeto.

É difícil penetrar o cenário português?

Um pouco. Eu tenho muitos privilégios. Cheguei com o tapete vermelho estendido, todo mundo me chamando para fazer romance. Os portugueses conhecem um pouco quem já trabalhou na Mundo, porque vende-se muita romance. Mas o teatro é mais fechado.

Ser atriz cá, em vez de no Brasil, melhorou a sua vida financeira?

No Brasil, eu ganhava mais moeda, mas minha vida era muito tumultuada, exibida, falada. Cá a gente ganha menos, mas tem uma vida muito mais em sossego. Cá o Estado te dá o essencial. No Brasil, você paga imposto e ainda tem que arrumar moeda para remunerar instrução, segurança, saúde, e a gente vive numa agonia permanente.

Você consegue ter uma vida de classe A cá?

Mas eu nem vim buscar uma vida de classe A cá. Eu vim buscar uma vida mais generalidade, porque a vida de classe A no Brasil me incomodava. Vim porque quero que meus filhos usem transporte público, não motorista pessoal.

Por que esse desprezo pela teoria de seus filhos viverem uma vez que ricos?

Abomino isso porque tive uma geração absolutamente generalidade e sei quão importante é. Eu vi muita gente sucumbindo ao sucesso. Não são esses os meus valores. Eu não acho que a gente veio para essa rápida passagem pelo planeta para comprar tênis e exibir sege. Viemos para permear encontros, fabricar elos, invadir memórias e fazer alguma coisa pelo todo. É isso que dá sentido para a vida.

Folha

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