Luisa strina expõe a sua coleção para o público

Luisa Strina expõe a sua coleção para o público – 07/06/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

São 42 obras que passaram pelo crivo de Luisa Strina, a principal galerista do país e uma árbitra do bom sabor em arte. Algumas delas —uma vez que um quadro de ferro com um vidro no meio cravejado por uma projéctil, de Jimmie Durham— saíram diretamente das paredes do apartamento da marchande, no bairro de Higienópolis, em São Paulo, para a exposição que inaugura neste domingo.

Outras, de grande graduação, a exemplo de uma instalação de Marepe com dezenas de guarda-chuvas pendurados a partir do teto, só podem ser mostradas em espaços amplos, uma vez que a Lar Bradesco de Cultura, com pilares de concreto aparente e paredes descascadas.

O espaço, localizado dentro da Cidade Matarazzo, em São Paulo, recebe agora a exposição que reúne um conjunto de obras do pilha de Strina, tanto de sua coleção pessoal quanto do registo de sua galeria que, no ano pretérito, completou 50 anos, tornando-se uma das mais longevas do Brasil.

Desde a dezena de 1970, Strina impulsiona artistas conceituais, nomes antes desconhecidos, mas hoje fundamentais na arte brasileira, uma vez que Cildo Meireles e Fernanda Gomes. Sem permanecer paragem no tempo, nos últimos anos a marchande deu espaço a uma geração mais novidade, passando a simbolizar talentos uma vez que Bruno Baptistelli, Panmela Castro e Luisa Matsushita.

Diante de um círculo temporal de meio século e de dezenas de artistas relevantes, uma vez que escolher o que entraria na exposição que representa a galerista de maneira mais pessoal? São “obras importantes, que estiveram em exposições importantes”, diz Strina, numa pausa durante a montagem da mostra. “Obras bonitas e obras grandes —a maioria não cabe num espaço de galeria.”

Por exemplo, “Seção Oblíquo”, de Marcius Galan, é uma obra que dialoga com a arquitetura ao ocupar um grande espaço simulando paredes de vidro que vão de uma ponta a outra da sala, feitas somente com o uso de luz, tinta nas paredes e cera no pavimento. Outro trabalho de porte é uma rede imensa que cruza o espaço expositivo de lado a lado —a obra de Laura Lima foi mostrada em 2010, na Lar França Brasil.

Kiki Mazzucchelli, uma das organizadoras da exposição junto a Marcello Dantas, afirma que muitas das obras em exibição não são vistas há bastante tempo, embora tenham sido mostradas em eventos importantes, uma vez que os guarda-chuvas de Marepe, que estiveram numa edição da Bienal de São Paulo há quase 20 anos.

Outras, ela acrescenta, ainda não foram exibidas para o público do Brasil, caso da instalação de Bruno Baptistelli composta por uma guitarra plugada em duas pinturas pretas, que esteve na feira Art Basel Miami Beach do ano pretérito. O instrumento pode ser tocado, e seu som sai pelo amplificador escondido sob uma das telas.

“Sendo Jimi Hendrix um guitarrista preto, instituidor de uma espécie de gramática do instrumento, escolhi um padrão amplamente utilizado por ele e com o qual o artista se apresentou em Woodstock, tocou o hino americano e o levou em sua última apresentação, na Alemanha, antes de morrer, em 1970 —uma Fender Stratocaster branca”, diz Baptistelli. “Um contraponto ao trabalho preto/preto na parede.”

Há também outra guitarra na mostra, esta do mexicano Pedro Reyes, formada por revólveres e metais de armamentos descartados, maneira pela qual o artista aborda a subida mortalidade por armas de queimada em seu país natal.

Durante a montagem, Strina é consultada a todo momento —os assistentes querem saber se a iluminação está adequada, se tal obra vai mesmo permanecer escorada na parede. Nos momentos mais calmos, ela observa com atenção o que já foi disposto.

O repórter pergunta a ela com quais obras da exposição mantém uma relação afetiva, finalmente a mostra é uma segmento representativa de sua vida. A galerista se emociona e fica com os olhos marejados. Seguem-se segundos de silêncio em que ela precisa pegar ar para responder.

“Tem obras que é muito difícil vender. A gente se afeiçoa. Sabor muito do Leonilson, acho que é meu artista do coração”, ela diz, mencionando uma pintura de conchas exposta no caminhar de cima, que segundo ela nunca foi mostrada ao público. Trata-se de uma tela em tinta acrílica sobre lona, feita em 1984 pelo cearense, uma das únicas pinturas da exposição, voltada mais para instalações e esculturas.

“Crivo – A Perspectiva de Luisa Strina” é a segunda exposição a ocupar a Lar Bradesco de Cultura, espaço inaugurado no ano pretérito com uma mostra de Anish Kapoor. É também a primeira vez que se pode ver o lugar uma vez que ele é, porque uma das obras do indiano, uma grande globo vermelha que fazia referência a uma inflamação, se estendia do pavimento ao teto, ocultando segmento da arquitetura das galerias expositivas.

Na mostra que abre agora, há espaço, é verosímil caminhar ao volta dos trabalhos. São alguns metros entre o cavalete de vidro que levou um tiro —obra de Marcelo Cidade—e o início de madeira de Isay Weinfeld, e outros tantos passos até as variações de uma escada presas na parede, esta uma obra de Cildo Meireles, artista sempre lembrado ao se mencionar o nome de Luisa Strina.

A marchande, uma vez que se nota na exposição, sempre teve o olho voltado ao experimental. No térreo, há uma jaula de Eduardo Basualdo e um grande retângulo de tecido envolvido por cordas, obra de Laura Lima que fez segmento de um exposição na galeria de Strina ocasião inicialmente para gatos. Os felinos tiveram chegada antecipado à obra e fizeram a sarau, arranhando o tecido e soltando pelos, características mantidas pela artista.

“Crivo” também funciona uma vez que um complemento à exposição comemorativa dos 50 anos de sua galeria, que aconteceu em dezembro do ano pretérito e reunia obras de menor porte, também de sua coleção pessoal. “Estava com susto que ficassem poucas obras”, diz Strina, ao comentar que, quando viu o espaço estilo galpão da Lar Bradesco, falou que ali seria um bom lugar para mostrar seus artistas.

Ainda emocionada com o resultado, ela diz: “Está muito bonito. Eu não esperava.”

Folha

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