Luta Pela Visibilidade Trans Reúne Ativistas Em Brasília

Luta pela visibilidade trans reúne ativistas em Brasília

Brasil

Travestis e Transexuais de diversas partes do Brasil se reuniram em Brasília, desde a tarde até a noite deste domingo (28), na primeira marcha pela visibilidade trans, que celebra os 20 anos do Dia Vernáculo da Visibilidade Trans, em 29 de janeiro.

A “Marsha” Trans Brasil é organizada pela Associação Vernáculo de Travestis e Transexuais (Antra) e pelo Instituto Brasílio de Transmasculinidades (Ibrat). A “Marsha”, grafada com S, faz referência à ativista norte-americana Marsha P. Johnson. A drag queen se identificava uma vez que gay e travesti e lutou pelos direitos da comunidade LGBTQIA+, entre o termo da dezena de 1960 e meados dos anos 1970.

As deputadas federais Erika Hilton (PSol-SP) e Duda Salabert (PDT-MG), as primeiras parlamentares federais trans do país, são madrinhas desta marcha.

Brasília (DF), 28.01.2024 -  1ª Marsha Nacional pela Visibilidade Trans, em Brasília, pela garantia dos direitos e sobrevivência das pessoas trans, não binárias e travestis. Foto: José Cruz/Agência Brasil
Brasília (DF), 28.01.2024 -  1ª Marsha Nacional pela Visibilidade Trans, em Brasília, pela garantia dos direitos e sobrevivência das pessoas trans, não binárias e travestis. Foto: José Cruz/Agência Brasil

1ª Marsha Vernáculo pela Visibilidade Trans, em Brasília, pela garantia dos direitos e sobrevivência das pessoas trans, não binárias e travestis. Foto: José Cruz/Escritório Brasil

A secretária de Fala Política da Antra, Bruna Benevides, afirma que a tarifa prioritária do movimento é o recta à vida das pessoas trans, com o termo da transfobia. “A comunidade trans ainda não tem assegurado o recta à vida plenamente no Brasil. Isso é muito grave! Porque, se nós temos uma violência sistemática que alcança a nossa comunidade, uma vez que é que a gente vai pensar em outras políticas públicas?”, questiona.

Bruna Benevides também serpente a efetivação de políticas públicas, a ratificação de conquistas, além da destinação de recursos financeiros à Secretária Vernáculo LGBTQIA+ do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

“Neste momento, que o governo federalista saia do armário e assuma um compromisso com a vida das pessoas trans”, serpente. “Porque, quando a gente vê a luta antirracista progredir, a luta das mulheres, o combate à misoginia, o combate à violência de gênero, o combate ao genocídio dos nossos povos originários, ou mesmo a proteção de povos indígenas e de nossas crianças e idosos, a gente fica espantado e pergunta: quando vai chegar a comunidade LGBTQIA+? Porque a gente ainda não está posicionado na centralidade desse processo?”, acrescenta.

A transexualidade é um paisagem da variedade de gênero, em que os indivíduos não se identificam com o gênero que lhes foi atribuído no promanação e pode não se alinhar com os padrões tradicionais masculinos ou femininos.

Sarau e luta

Na concentração, no início da tarde, em frente ao Congresso Vernáculo, uma bandeira com as cores do movimento trans (rosa, azul e branco) recebeu mensagens escritas e assinaturas das pessoas presentes. E ao volta da bandeira, centenas de ativistas dançaram ao som do verso da melodia “Flutua”, do cantor brasílico Johnny Hooker e da cantora trans Liniker: “Ninguém vai poder querer nos manifestar uma vez que amar”.

A responsável pela discotecagem, no sobranceiro de trio elétrico, a DJ [disc jockey] Ella Nasser, de 32 anos, afirma que os corpos trans são vítimas preferenciais da violência no país. “Somos as primeiras a morrer. E a gente não pode deixar os outros confortáveis em matar a gente, nos violentar e nos colocar em vulnerabilidade. Precisamos, realmente, mostrar para as pessoas que não devem fazer fragor só para a população, mas, principalmente, para o governo. Mostrar para eles que a gente existe.”

Brasília (DF), 28.01.2024 - Laynna Souza participa da 1ª Marsha Nacional pela Visibilidade Trans, em Brasília, pela garantia dos direitos e sobrevivência das pessoas trans, não binárias e travestis. Foto: José Cruz/Agência Brasil
Brasília (DF), 28.01.2024 - Laynna Souza participa da 1ª Marsha Nacional pela Visibilidade Trans, em Brasília, pela garantia dos direitos e sobrevivência das pessoas trans, não binárias e travestis. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Laynna Souza participa da 1ª Marsha Vernáculo pela Visibilidade Trans, em Brasília. “Quero mais pundonor e reverência” Foto: José Cruz/Escritório Brasil

A trans Laynna Souza, que conquistou o título Miss Brasil Variação 2022, ostentou a filete e a grinalda na marcha trans. Ela veio a Brasília pela primeira vez, vinda Manaus (AM), onde tem um salão de venustidade e também trabalha com transexuais em situação de rua, no projeto “Viva melhor com sua identidade de gênero”. “Quero mais pundonor, mais reverência, mais pesar e que não as vejam exclusivamente uma vez que corpos e, sim, uma vez que pessoas, uma vez que seres humanos. Essas vidas são importantes para nós.”

Crença e religiosidade

O reverência à crença e religiosidade das pessoas trans foi outra bandeira levantada durante a marcha, em Brasília. A coordenadora Vernáculo da Conexão Vernáculo de Mulheres Transsexuais e Travestis de Axé (Conat), Fernanda de Oya de Xangô, de 52 anos, entende que a luta nunca pode parar para não serem invisibilizadas e pede inclusão. “Infelizmente, o protecção a nós ainda não existe totalmente. Só queremos ser reconhecidas, ter a nossa identidade feminina dentro das casas de axé. Por desculpa do colonialismo, por desculpa desse patriarcado, que é fundamentalista, não vê muitas de nós uma vez que mães de santo”.

Brasília (DF), 28.01.2024 - Fernanda de Morais participa da  1ª Marsha Nacional pela Visibilidade Trans, em Brasília, pela garantia dos direitos e sobrevivência das pessoas trans, não binárias e travestis. Foto: José Cruz/Agência Brasil
Brasília (DF), 28.01.2024 - Fernanda de Morais participa da  1ª Marsha Nacional pela Visibilidade Trans, em Brasília, pela garantia dos direitos e sobrevivência das pessoas trans, não binárias e travestis. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Brasília (DF), 28.01.2024 – “Queremos ser reconhecida, ter nossa identidade feminina reconhecida”, afirma Fernanda Oya de Xangô. Foto – José Cruz/Escritório Brasil

Vestida da cabeça aos pés de rosa choque, maquiada e segurando um leque enorme, a assistente social Camila Lima, de 39 anos, chamou a atenção do público e foi bastante procurada para tirar fotos. Ela coordena uma unidade de protecção do albergue municipal de Primavera do Leste (MT) e conta que tem 20 anos de trajetória uma vez que ativista e representante da resistência da população trans.

“Chegou o momento de a gente soltar a nossa voz, expor as nossas necessidades e mostrar que os preconceitos ainda nos batem muito fortemente. E nossas dificuldades e obstáculos ainda são muitos. Temos necessidades específicas.”

Ludmila Santiago, integrante da associação pelos direitos de travestis e transexuais do gênero feminino do Região Federalista, Nave Trans, protesta contra a manutenção na novidade Carteira Vernáculo de Identidade (CNI) da saliência entre os nomes de registro social e social e também o campo “sexo”, no documento, o que ela considera um retrocesso. “Depois de muito diálogo com o movimento social, infelizmente, voltaram com a teoria de colocar e demarcar o ‘sexo’ nesse documento, o que faz com que ele seja extremamente transfóbico para a apresentação de pessoas travestis e transexuais”, avalia a representante da Nave Trans.

Direitos

A Defensoria Pública do Região Federalista itinerante esteve presente na marcha para atuar na resguardo e promoção de direitos das pessoas trans, em questões jurídicas específicas uma vez que retificação de nome e gênero no registro social, reparação por violações de direitos, cometidas pelo Estado, pessoas e entes privados, explicou o padroeiro Público, Ronan Figueiredo.

“A sociedade, uma vez que um todo, é estruturalmente transfóbica. Nenhum equipamento, nenhuma instituição está livre disso, seja o sistema de justiça, seja da saúde, seja da instrução. Mas, eu posso falar que a Defensoria Pública do Região Federalista tem um compromisso radical de uma atuação anti discriminatória e anti transfóbica, em privativo”, garantiu o padroeiro.

Eventos

Em São Paulo, também, neste domingo, ocorreu a VIII Passeio Trans com o tema Pelo Recta de Sobreviver, Subsistir e Resistir, coordenada pela organização não governamental (ONG) Projeto Séforas. Nesta edição, a estirão partiu do vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, seguiu pela rua Augusta até chegar ao Largo do Arouche, no núcleo da capital paulista.

São Paulo (SP), 28/01/2024 - VIII Caminhada  Trans, na Avenida Paulista, em São Paulo, com o tema 'Pelo Direito de Sobreviver, Existir e Resistir', coordenada pela ONG Projeto Séforas. Foto Paulo Pinto/Agência Brasil
São Paulo (SP), 28/01/2024 - VIII Caminhada  Trans, na Avenida Paulista, em São Paulo, com o tema 'Pelo Direito de Sobreviver, Existir e Resistir', coordenada pela ONG Projeto Séforas. Foto Paulo Pinto/Agência Brasil

VIII Passeio Trans, na Avenida Paulista, em São Paulo, com o tema ‘Pelo Recta de Sobreviver, Subsistir e Resistir’, coordenada pela ONG Projeto Séforas. Foto – Paulo Pinto/Escritório Brasil

Na segunda-feira (29), às 10h, uma sessão solene no Congresso Vernáculo marcará os 20 anos da data criada, em 2004, depois sessão legislativa de apresentação da campanha Travesti e Saudação, do Ministério da Saúde. O dia da Visibilidade Trans.

Às 18h, nesta segunda-feira, a Antra apresentará, no auditório do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), o Dossiê Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras – 2024, com dados de 2023.

Na ocasião, está prevista a entrega do troféu Fernanda Benvenutty, em homenagem à militante transsexual de João Pessoa (PB), que atuou em resguardo os direitos de transgêneros, morta em 2020, aos 57 anos.

Na terça-feira (30), o seminário Travestis e Mulheres Trans na Política Internacional marcará o fechamento das atividades relacionadas aos 20 anos da data que destaca a visibilidade trans.

Fonte EBC

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