Tudo o que poderia suceder de ruim na vida de Matheus Costa, 28, se concentrou no ano de 2020: promotor de uma boate na Barra da Tijuca —ele ficava na porta distribuindo panfletos e tentando convencer as pessoas a entrarem no lugar—, perdeu o ocupação por motivo da epidemia da Covid-19. A vivenda noturna teve que fechar na longa quarentena.
O pai, José Roble, 68, era síndico do prédio em que vivem e perdeu sua principal natividade de renda: o aluguel de dois apartamentos que arrendava de vizinhos em Copacabana e realocava, com lucro, pela plataforma Airbnb. Pior que tudo: ele teve diagnóstico de cancro no tripa.
Um ano depois, Matheus era só felicidade. Começou a lucrar muito quantia, pagou as dívidas da família —e hoje está na França com o pai, fazendo a cobertura do principal evento do planeta, as Olimpíadas de Paris. Foi enviado aos Jogos pela Play9, que tem Felipe Neto entre seus sócios. Está em um grupo de profissionais integrado por jornalistas consagrados porquê Fátima Bernardes e Tino Marcos, ex-TV Mundo.
O que parece milagre tem nome, diz ele: redes sociais.
Durante a pandemia, sem alternativas de divertimento, o jovem passava boa segmento do dia vendo vídeos no TikTok. Teve logo uma teoria: gravar a reação do pai, obcecado pela língua portuguesa, a seus erros gramaticais.
“Essa loja de açaí é muito rosto. Se tivessem ‘abrido’ uma lanchonete…”. O pai, já se recuperando da cirurgia de retirada do tumor, interrompe: “‘Abrido’ não existe, Matheus. Pelo paixão de Deus. Tá louco?”
O vídeo explodiu, com um milhão de visualizações. “Eu tomei um susto. Eu não tinha seguidores no TikTok”, diz o influenciador. Fez um segundo vídeo. “Pai, vou ali no mercado comprar leite condensado ‘pra mim’ fazer brigadeiro mais tarde”. “Pqp, Matheus. ‘Pra mim’?”, respondeu o pai.
Num terceiro vídeo, ele pergunta: “Hein, pai? ‘A gente vamos’ que horas lá pegar o coche?” O pai mergulha a cabeça entre as mãos, solta um palavrão e diz: “Não tá dando para te sustentar, não”.
Foi assim, filmando a própria família, que Matheus acumulou 5,9 milhões de seguidores e 141,1 milhões de curtidas no Tiktok, além de 3,4 milhões de seguidores no Instagram e 699 milénio inscritos no YouTube. Outros 571 milénio perfis o acompanham no Facebook, e 215 milénio, no X (vetusto Twitter).
Aos 28 anos, ele nunca tinha feito uma viagem tão longa na vida porquê essa a Paris, em que vai permanecer 25 dias longe de vivenda. O pai, celebrizado porquê seu Zé, o acompanha.
Na semana passada, Matheus conversou com a pilar em um moca perto da estação Gare de l’Est, em Paris. E contou um pouco da história da sua vida, tão geral, e por isso mesmo tão fenomenal.
Matheus se formou em publicidade em 2018. “Comecei a fazer um monte de entrevista de ocupação e não passava em nenhuma. Nenhuma, nenhuma, nenhuma.”
Conseguiu trabalho na boate All In, na Barra. “Distribuía os panfletos na porta de quinta a domingo. Ganhava uma ‘merreca’, R$ 150 por noite”, diz. “Era um ocupação, assim, muito ruim. E esgotante. Eu passava a madrugada inteira fora de vivenda. Meus pais detestavam.”
“E eu pensava ‘rosto, e aí? O que eu vou fazer depois? Eu tô com 25 anos, não tenho quantia ainda, zero consolidado’. Foi batendo um claro desespero.”
Eu tenho consciência de que a internet é volátil. Estou ganhando muito hoje, mas amanhã posso não lucrar mais zero
Depois de três anos na labuta, conseguiu juntar R$ 6.000. “Eu morava na vivenda dos meus pais, gastava pouco.” A meta era chegar aos R$ 20 milénio para se associar ao irmão e terebrar seu próprio negócio na espaço de eventos.
Mas veio a pandemia. E a família toda ficou desempregada. Em 2021, veio a doença do pai. Para aumentar, a família não tinha projecto de saúde. “A gente vivia no limite do orçamento”, afirma.
A cirurgia era urgente, e eles decidiram não esperar na fileira do SUS. Juntaram tudo o que tinham —os R$ 6.000 de Matheus e toda a poupança dos pais e do irmão. Levantaram empréstimos e reuniram os R$ 50 milénio de que precisavam para o tratamento. “A gente ficou devendo para meio mundo. Estávamos, assim, ferrados. Toda noite eu chorava com temor de o meu pai morrer”, afirma.
Seu Zé se recuperava em vivenda quando Matheus fez o primeiro vídeo com ele, “ainda colostomizado, todo magrinho”.
E a vida da família mudou. “Veio a primeira publi, a segunda publi”, segue Matheus, referindo-se a ações publicitárias que ele faz em seus vídeos.
A primeira empresa a procurá-lo foi o banco Itaú. “Eu pensei: ‘Caraca!’. Cobrei R$ 500. Eu nem sabia quanto cobrar. Hoje vejo que, na real, já devia valer uns R$ 20 milénio.”
Mesmo apresentando uma proposta, estava relutante, temeroso de descontentar seus seguidores. O banco aumentou a oferta para R$ 3.500. “Aí eu falei: ‘Caraca, rosto, é muito quantia’. E era um quantia fácil, né? Só naquele vídeo eu ganhei mais que num mês inteiro [de seu trabalho na boate].”
Outras “publis” apareceram. Em três meses, ele ganhou R$ 30 milénio —exatamente o tamanho da dívida feita pela família para custear a cirurgia do pai. “Paguei tudo, e contratei um projecto de saúde para ele.”
“Portanto, assim, em pouco tempo eu saí do período mais triste da minha vida para o mais feliz. A minha vida virou. Ganhei uma novidade curso, e meu pai, uma novidade vida. Fomos do inferno ao firmamento. Ele passou a ser reconhecido na rua, a viajar. Faceta, foi coisa de maluco mesmo.”
Toda noite eu chorava com temor de o meu pai morrer
A terceira coisa que Matheus fez com tanto quantia foi remunerar uma viagem à Europa, em 2022, para toda a família. “A gente sempre juntava quantia para fazer essa viagem, mas nunca conseguia. Sempre acontecia alguma coisa inesperada e tínhamos que gastar tudo.”
No mesmo ano, ele e o pai foram ver a Despensa do Mundo no Qatar. Seu Zé não queria. Foi convicto por ninguém menos que o ex-jogador Ronaldo Fenômeno —que nesta era já seguia Matheus Costa nas redes sociais e topou gravar um vídeo para ele.
“Porra, seu”, Zé, na moral, só você não quer ir para a Despensa? Deixa de ser negacionista, rosto. Vem. Eu tô esperando você cá”, apelou o ex-craque. “O Ronaldo até convidou a gente para saltar de paraquedas. Mas eu nunca faria isso, meu pai muito menos”, relembra Matheus.
Outra notoriedade de primeira grandeza que participou de uma “trolagem” com o publicitário foi Luciano Huck. Os dois combinaram que o apresentador iria gravar o quadro Lar Gulosice Lar, em que reforma a vivenda das pessoas, no apartamento de Mateus. Chegando, propôs jogar fora todos os móveis e quadros de seu Zé. Que ficou apavorado.
VÍDEO: MATHEUS COSTA FALA SOBRE A EXPERIÊNCIA DE CONCEDER ESTA ENTREVISTA
Depois da Despensa do Qatar, pai e fruto viajaram para Miami, nos EUA, para ver o basquete da NBA. E logo surgiu a oportunidade de ver as Olimpíadas de Paris. “Ele ficou em cólicas. Ele governanta Paris, não tinha conseguido visitar no pretérito. Saber o Museu do Louvre era um sonho.”
Seu Zé estudou Recta, mas não chegou a se formar. Trabalhou porquê bancário, foi representante mercantil, teve uma loja de chocolate.
O publicitário acredita que o pai faz tanto sucesso nas redes porque é um tipo geral, que ele define porquê “o pai desesperado, que olha para o fruto e fala: ‘Esse moleque, pô, não vai dar em zero’. Eu cheguei a repetir duas vezes de ano, ele pegava minhas redações, corrigia tudo.”
Mas a vida reservou boas surpresas para ambos. Matheus é hoje agenciado pela Play9, que implantou um ritmo mais profissional ao que se transformou em seu negócio.
É a Play9 que procura novos contratos e que também filtra as propostas comerciais que chegam para ele —Matheus já foi convidado até para fazer presença em festas em troca de cachê. “Mas a minha praia é fazer vídeos criativos”, diz ele.
Os produtos que divulga também passam por um crivo. “Eu não vou lucrar uma pizza e fazer publicidade disso, senão meu perfil vai virar um classificado.”
O influenciador hoje faz murado de quatro “publis” por mês. Pode faturar, no pico, até R$ 100 milénio por mês.
Garante, no entanto, que seus pés seguem fincados no solo.
“Eu tenho consciência de que a internet é volátil, que as coisas mudam muito rápido. É muito mais volátil do que a curso de um profissional de televisão, por exemplo. Estou ganhando muito hoje, mas amanhã posso não lucrar mais zero.” A competição no meio é feroz. Segundo a Play9, mais de 10 milhões de pessoas se declaram influenciadoras.
“Meus pais são muito traumatizados com essa coisa de quantia, né? E sempre me falaram: ‘Matheus, aproveita teus 15 minutos de notabilidade, guarda quantia. A primeira coisa que você tem que fazer agora é comprar um apartamento. Garante pelo menos ter um teto’”, revela. A meta do publicitário é “conseguir ter uma aposentadoria”.
O apartamento já foi comprado —no mesmo prédio em que moram os pais, em Copacabana. “Eu almoço e janto todos os dias com eles. Nasci nesse prédio e vou morrer nesse prédio”, afirma ele.
Estou conhecendo agora a galera que eu só conhecia pela internet
Matheus acredita que está conseguindo driblar a volatilidade da internet. “Faço ‘trolagem’, mas mudo os temas”, diz. Novos integrantes começaram a comparecer nos esquetes: a mãe, a tia, o primo —numa espécie de “A Grande Família” produzida pela TV Mundo. Só que, no caso, os personagens são reais.
“É uma espécie de reality da gente, e a galera se identifica bastante porque é uma típica família de classe média brasileira”, diz Matheus.
A viagem a Paris está servindo para ele “ver porquê é mesmo o gaulês. Vou para um moca com o meu pai, comemos um croissant. E encontramos muitos brasileiros.”
Na Morada Brasil, espaço de eventos do Comitê Olímpico Brasílico, o publicitário encontrou “um monte de criadores de teor”, pessoas que, porquê ele, ganharam espaço no universo de comunicadores do país a partir do computador de suas próprias casas.
“Fundador fica muito fechado em casas, gravando. Estou conhecendo agora a galera que eu só conhecia pela internet.”