Mbappé, Psg E Os Perigos De Um Casamento Sem Amor

Mbappé, PSG e os perigos de um casamento sem amor – 20/02/2024 – Esporte

Esporte

Desta vez, Kylian Mbappé está deliberado. Os relatos sobre sua decisão de deixar o PSG, time de sua cidade natal, podem ter trazido consigo uma sensação inconfundível de déjà vu.

As notícias sobre a saída poderiam ter sido copiadas e coladas, quase textualmente, desde a última vez que isso aconteceu, e da vez anterior a essa. Mas, desta vez, é dissemelhante. Não é uma jogada de negociação. Não é uma luta de poder. Ele está indo.

Dada a situação, é evidente, a resposta cínica também é a sensata. Mbappé tem histórico, enfim. Menos de dois anos se passaram desde que ele e o PSG chegaram à cercadura do precipício pela última vez, suas caixas empacotadas, sua mesa esvaziada, seu cartão de despedida assinado. E logo, justamente quando o Real Madrid estava preparando o estádio Santiago Bernabéu para uma apresentação festiva, Mbappé recuou.

O que exatamente o convenceu a permanecer em Paris em 2022 não está evidente. Talvez tenha sido a mediação de Emmanuel Macron, o presidente francesismo. Talvez tenha sido a promessa de ter uma influência incomum na política de transferências do clube —Mbappé sempre negou veementemente que esse fosse o caso.

De qualquer forma, lá estava ele, segurando uma camisa ao lado de Nasser al-Khelaifi, presidente do PSG, repetindo o catecismo de que nunca poderia deixar seu time, sua cidade, seu país tantas vezes que, quando a coletiva de prensa acabou, Mbappé provavelmente também acreditava nisso. Até o momento, não há motivo para confiar que esse cenário não se repetirá ao longo dos próximos quatro a seis meses.

E, no entanto, o traje de estarmos cá novamente —e tão rapidamente— falando sobre sua saída precisa ser estimado. Ilustra, antes de mais zero, quão curiosamente sem paixão parece ter sido a união entre Mbappé e PSG. Quando ele se juntou ao clube, em 2017, era provável detectar um romance mesmo em meio ao turbilhão vertiginoso de zeros e vírgulas necessários para descrever as cifras envolvidas.

Finalmente, ele era o fruto pródigo parisiense: nascido e criado em Bondy, no interno negligenciado da cidade, agora retornando para lar porquê um herói conquistador, uma superestrela em formação. Ele seria o símbolo não somente do que o PSG queria ser, mas também de onde ele era.

O sentimento preponderante nos últimos sete anos, no entanto, foi distintamente transacional. O PSG proporcionou a Mbappé uma presença permanente na Liga dos Campeões —somente até a primeira tempo eliminatória, geralmente, mas ainda assim—, uma série de campeonatos franceses e o tipo de bajulação e oportunidades de marca que condiziam com seu status.

A presença de Mbappé, por sua vez, atuava porquê prova da potência do PSG, de sua virilidade, de sua autenticidade porquê o superclube moderno que seus patrocinadores catarianos sempre imaginaram que fosse. Havia alguma coisa na relação para ambos, mas raramente parecia ir mais fundo do que isso. Ambos os lados falavam sobre um vínculo emocional. Parecia viver mais na teoria do que na prática.

Isso poderia ter sido dissemelhante se o convenção tivesse cumprido as esperanças nele investidas por ambas as partes. Em seu tempo em Paris, Mbappé emergiu porquê um dos atletas mais comercializáveis e reconhecíveis do planeta. Ele é, sem incerteza, um dos jogadores mais talentosos de sua geração.

Olhando para trás, no entanto, é difícil manifestar —além de sua série de campeonatos franceses e de sua conta bancária— exatamente o que ele tem a se orgulhar do período. Ele marcou centenas de gols e criou centenas mais. Ele frequentemente se mostrou decisivo em jogos.

Mas escolher um momento icônico e definidor é difícil. A maioria de suas conquistas domésticas é de alguma forma marcada pelo traje de que, muito, o sucesso do PSG é essencialmente inevitável. Cada uma das vitórias anteriores do clube na Liga dos Campeões provou ser zero mais do que uma estação de passagem em um caminho para a recusa.

Os gloriosos interlúdios na curso de Mbappé —as coisas que, se ele se aposentasse amanhã, seriam lembradas por ele—, em vez disso, vieram com a seleção pátrio francesa, tanto a caminho da vitória na Despensa do Mundo de 2018 quanto da eventual recusa no Qatar, quatro anos depois. Não há vergonha nisso. Pelé é mais lembrado internacionalmente com a camisa amarela da seleção brasileira, enfim, do que com a branca do Santos.

Ainda assim, é provavelmente justo presumir que não é exatamente o que Mbappé pretendia para sua curso. Certamente não é o que o PSG tinha em mente quando tornou um jogador de 18 anos o segundo mais dispendioso da história no verão de 2017. Mbappé, ao lado primeiro de Neymar e depois de Lionel Messi, também deveria estabelecer o clube porquê uma superpotência genuína, uma igual ao Real Madrid, Bayern de Munique e os gigantes da Premier League.

Não deu.

Não importa quanto moeda o clube tenha gastado, não importa qual treinador tenha contratado –Mbappé agora está em seu sexto– ou qual abordagem tenha adotado no mercado de transferências, o PSG falhou em invadir a escol. Ainda não foi vencedor da Europa. Em alguns momentos, chegou perigosamente perto de se tornar alguma coisa porquê uma piada recorrente. Certamente não é isso que o Qatar tinha em mente quando embarcou em sua proeza no futebol.

Ainda não sabemos porquê a história termina. Finalmente, já estivemos cá antes. Mbappé falava sério nas outras ocasiões também. Sua mente estava decidida. Ele queria satisfazer seu sonho de puerícia de jogar pelo Real Madrid. Ele estava em procura de outra história de paixão.

E logo, no final, recuou. A oferta do Real Madrid não foi suficiente para convencê-lo, e nenhum outro time chegou perto. Mesmo nas torres encharcadas de moeda da Premier League, o valor necessário para fechar um convenção por Mbappé era simplesmente cimeira demais para ser considerado. O francesismo queria um contrato que refletisse seu valor.

Mas o valor não é um número fixo. Depende inteiramente do contexto. Acontece que Mbappé vale mais para seu clube lugar do que para qualquer outro. Na verdade, essa é a verdade que está na raiz de seu relacionamento: um convenção, em termos gerais, sobre o que ele vale. Talvez, desta vez, seja dissemelhante.

Talvez, para aumentar seu legado, ele tenha que sacrificar alguma coisa mais. Ou talvez, mais uma vez, ele descubra que, não importa o quanto queira transpor, seu preço é simplesmente cimeira demais. Talvez, apesar da falta de paixão e das promessas quebradas, possivelmente o melhor jogador de sua geração não tenha para onde ir.

Folha

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