Meta é Quem Remove Conteúdo, Diz Agência De Checagem

Meta é quem remove conteúdo, diz agência de checagem – 08/01/2025 – Tec

Tecnologia

A Meta nunca deu aval para que checadores removam teor ou diminuam alcance de publicações, diz a CEO da sucursal de checagem Lupa, Natália Leal.

“As punições são responsabilidade da Meta. O que fazemos é indicar se um teor é falso”, diz. A big tech, portanto, decide o que remove ou bloqueia, de tratado com as diretrizes da comunidades. “A Meta nem nos avisa o que faz”, diz Leal.

Além de fechar a parceria com agências de checagem nos Estados Unidos, a Meta mudou as regras para remoção de teor e abriu exceções para insultos contra pessoas LGBTQIA+ e imigrantes.

Segundo a CEO da Lupa, as agências priorizam “assuntos que viralizem e coloquem em risco a saúde pública, porquê publicações relacionadas à vacinação durante a pandemia, ou que ameacem instituições ou a própria democracia, porquê ocorreu no caso das urnas eletrônicas”.

As agências consideram três princípios: quem fala, o que está sendo falado e qual é o alcance dessa fala. Todas as parceiras da Meta no chamado 3FCP (Third-party Fact-Checking Program) eram signatárias dos termos do IFCN (Internacional Fact-Checking Network), entidade que atesta o apartidarismo e o rigor metodológico dos associados.

Segundo Leal, o lançamento do programa em 2016 foi uma forma de a Meta prometer mais informação ao usuário “sem se responsabilizar pela arbitragem do que era verdadeiro ou falso”. A Lupa foi uma das primeiras parceiras locais da Meta, quando a empresa procurou colaboradoras no Brasil em 2018.

De tratado com posicionamento da diretora do IFCN, Angie Holan, publicado no X (ex-Twitter), as parceiras americanas da big tech receberam a informação do termo do programa poucos minutos antes de o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, publicar o vídeo sobre as mudanças na política de moderação.

As alterações começaram a valer nos Estados Unidos na terça-feira (7) e, segundo texto assinado pelo vice-presidente de assuntos globais da Meta, Joel Kaplan, serão expandidas para outros países.

Além de fechar o programa, Zuckerberg criticou o trabalho das agências de checagem. “Os checadores são muito enviesados politicamente e mais destruíram crédito do que criaram, sobretudo nos EUA”, afirmou em vídeo divulgado no Instagram.

Para Leal, o grande receio é que esse exposição reacenda o cenário de ameaças contra profissionais de checagem observado no ano de 2018.

Nesse período, a fundadora da Lupa, Cristina Tardáguila, recebeu mensagens ameaçadoras contra ela e sua família. No mesmo ano, a atual CEO da sucursal atendeu a um telefonema intimidador, em seguida fechar a cobertura de um debate eleitoral por volta das 3h.

“Ele disse que nosso trabalho era um lixo e que a gente não deveria permanecer surpreso se qualquer dia, quando a gente saísse de madrugada do escritório, alguém com uma faca estivesse nos esperando”, afirmou.

A Lupa não recebeu informações sobre o termo do 3FCP no Brasil e vai continuar cumprindo o contrato que mantém com o conglomerado de redes sociais. “Zero muda para nós, temos uma posição que sempre foi sátira com relação à Meta, que nunca interferiu editorialmente no nosso trabalho”, diz Leal.

A empresa reconhece que o programa da Meta permitiu que a sucursal contratasse jornalistas e tivesse chegada a ferramentas de estudo do tráfico nas redes sociais, para identificar os conteúdos virais.

“A Lupa é hoje uma empresa financeiramente saudável, que não depende da meta, mas muitas organizações foram fundadas desde 2016 para operar exclusivamente nesse programa e agora estão em risco”, diz a CEO.

“Sem o 3FCP, deve ter uma subtracção no número de atores que fazem checagem no mundo todo, e não sabemos qual será o impacto disso para as democracias e a integridade da informação”, complementa.

O trabalho de identificar potenciais violações às normas da Meta passará a permanecer sob responsabilidade dos usuários, em um protótipo de notas da comunidade, similar ao que Elon Musk implementou no X (ex-Twitter).

As notas são propostas e redigidas por usuários voluntários, que precisam se inscrever previamente, e não são editadas pelas equipes do X. Outros usuários depois avaliam se o teor é útil e, se o glosa tiver votos o suficiente, passa a desabrochar inferior da publicação sob dúvidas.

“Se a gente tem um programa que vai depender dos usuários, esses usuários vão passar mais tempo nessas plataformas e vão passar por uma maior exposição a publicidade —é uma conta muito simples onde isso vai parar, é uma questão de numerário”, diz a gestora da Lupa.

Para ela, falta ainda ao público em universal um treinamento para checar fatos de maneira eficiente. “O usuário tem menos ferramentas, conhecimento do dedo e instrução midiática, além de nenhuma metodologia, para fazer esse trabalho.”

Levantamento da Lupa realizado em 2023 mostra que só 8% das notas da comunidade do X eram exibidas ao restante das pessoas na plataforma.

“A Lupa, através de repórteres e alguns editores, solicitou chegada para poder ranquear e produzir notas da comunidade, entendendo isso porquê uma tributo para o envolvente do X e nunca recebemos autorização para contribuir com o programa”, recorda Leal.

Folha

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