Milton Neves, Viúvo Há Quatro Anos, Enfrenta Depressão 23/03/2024

Milton Neves, viúvo há quatro anos, enfrenta depressão – 23/03/2024 – Televisão

Celebridades Cultura

São Paulo

Quase quatro anos em seguida perder a mulher, Lenice, para um cancro, Milton Neves vive a dor do luto diariamente. O comentarista, que deixou a Band há três meses, falou ao F5 sobre os dias melancólicos, solitários e sem esperança que tem enfrentado.

Milton e Lenice Chame Magnoni Neves se conheceram em Muzambinho, em Minas Gerais, sua cidade natal, e foram casados por 42 anos. Os dois tiveram três filhos, Rafael, Fábio e Milton Neto. Lenice morreu no dia 30 de agosto de 2020, aos 65 anos.

Uma vez que está sua rotina?

Estou tocando a esfera, mas numa fortíssima depressão. Minha vida está horroroso. Estou vivendo numa lar que cabem umas 70 pessoas, eu, o rendeiro e a mulher do rendeiro. Passo os dias deitado, numa depressão danada, fico sonhando com minha mulher. Meu único paixão da vida inteira. Só tive um namoro, um noivado e um casório na vida. Agora ela foi para o firmamento. Ela me me deixou no dia 30 de agosto de 2020 e desde portanto minha vida virou um horror.

Acha que sua saída da Band pode ter piorado o quadro de depressão?

Eu que pedi destituição. Falei para o Johnny Saad (proprietário da Band): “não posso trabalhar, estou psicologicamente derrotado”. Já estava antes, desde quando ela adoeceu. Pedi destituição isentando a Bandeirantes de qualquer pendência futura comigo. Eu senhoril a Bandeirantes. A Band não me deve zero, eu que devo a ela, porque ela realizou meu sonho de menino que era trabalhar lá. A minha missiva de destituição é a missiva mais formosa da história de uma relação de funcionário com uma empresa. Milénio vezes obrigado, Bandeirantes, por ter me protegido.

Seu sonho era trabalhar lá?

Era. Na minha lar não tinha rádio, eu ia na lar dos vizinhos escutar. Minha tia Antônia, que me criou, fez um empréstimo no banco em 30 prestações para poder me dar um radinho [chora]. Eu ouvia Bandeirantes o dia inteiro.

Lá em Muzambinho, eu era da quarta ramificação social e financeira. Eu tinha somente minha avó, Beatriz, minha mãe, Carmem e minha tia Antônia. Meu pai morreu nos anos 60 e minha mãe ficou viúva, coitada, e a tia Antônia que nos criou. Ela dava lição em três cidades porquê professora primária para poder sustentar minha mãe, minha avó, meu irmão e eu. Ela foi nossa segunda mãe.

Em 1968 consegui meu primeiro ocupação, na rádio Continental, em Muzambinho. Depois fui para São Paulo, fui lá no prédio da Publicação, fiz vestibular para jornalismo e passei, mas eu não tinha moeda. O Di Genio (João Carlos Di Genio, fundador do Objetivo) foi um gênio na minha vida. Ele deu bolsa para mim e para mais nove alunos de Muzambinho. Me formei em jornalismo e comecei a trabalhar porquê repórter de trânsito na rádio Jovem Pan. Fiquei 33 anos na Jovem Pan, de lá fui para a Bandeirantes, depois para a Record e depois mais 28 anos de Bandeirantes. É a primeira vez desde 1968 que estou sem um microfone.

Mas você está tratando a depressão?

Estou, já mudei de psicólogo e psiquiatra umas três vezes cada, mas não tem conserto. Esses dias fui lá no Jassa trinchar e pintar o cabelo, porque meu cabelo estava parecendo o Einstein. Encontrei o Silvio Santos. Ele está muito lúcido, com uma voz linda. Ele virou para mim e falou: “moço, o senhor está triste, hein”. Eu falei [chorando]: “estou mesmo”. Ele me indicou remédios, me deu conselhos para mourejar com a depressão. Mas não tem jeito. Até morrer eu vou estar chorando.

Uma vez que vocês reagiram quando ela adoeceu?

Ficamos dois anos de hospital em hospital. Meus filhos conseguiram o melhor hospital de Novidade York, custava 210 milénio dólares. Falei ‘manda brasa, eu vou até onde for para salvar ela’. Mas na idade [pandemia de Covid] o Trump baixou um decreto proibindo pousar aviões de 39 países, incluindo o Brasil. Tivemos o maior esteio no Einsten, no Sírio Libanês, na Rede D’or. Esses dias eu fui fazer um check-up no Einstein e conheci um médico baixinho, careca, muito simpático e ele falou: ‘Eu que tratei da tua mulher’. Eu falei [chorando]: ‘Doutor, traz ela de volta?’

Falo o nome dela umas 80 vezes por dia. Fico conversando com os retratos dela na cabeceira da minha leito. Eu que tinha que ter tido essa desgraça, da vida louca que eu tive esses anos todos. Ela não merecia isso [chora]. Mas esse trem que mata 90% das pessoas que pegam… Eu queria que fosse comigo, ela não merecia.

Minha mulher era novidade, evangélica, dentista. O DNA dela era perfeito, sangue italiano e libanês. Eu trabalhei feito um cavalo e quem cuidava de tudo da lar era ela. Ela foi pai e mãe. Eu não estava presente quando meus três filhos nasceram. Estava trabalhando. Naquela idade isso era normal. Imagina para um rapaz porquê eu, que não tinha zero, o trabalho era tudo que eu tinha.

Teve uma vez que ela me falou que os meninos não iam poder entrar na natação porque o pagamento estava moroso. Eu trabalhava porquê repórter mas o salário não dava. Aí eu prestei concurso para escrivão da polícia. Foi duro conciliar com a rádio. Mas ela deu conta de tudo, ela cuidava de tudo. Eu era muito mais feliz naquela idade, mesmo com tudo tão apertado, do que sou hoje.

Você tem alguma fé?

Sou católico e minha mulher era presbiteriana. Nunca um pediu para o outro mudar [chora].

E casaram em qual igreja?

Na igreja dela, na presbiteriana. Quem determinou o lugar foi ela. Ela era rica na cidade, o avô dela era o mais rico da região. Nós nos casamos virgens, porque na minha terreno era assim. Foi minha única namorada, única prometida e única mulher na vida. Eu também fui o único dela em tudo.

Pretende zelar o luto?

Eu não encosto em mulher nenhuma. Não vou matrimoniar nem namorar nunca, sinto que seria traição. Estou guardando luto desde o dia 30 de agosto de 2020 e vou zelar para sempre.

Uma vez que é sua relação com seus filhos e netos?

Minhas netas me visitam sempre! Elas moram cá do lado, elas vêm a pé me visitar. O Fábio, meu rebento do meio, fez natalício, ele fez 41 anos. Ele que cuida das nossas fazendas em Minas Gerais.

Pretende voltar à TV, ao rádio? Tem recebido propostas?

Sim, logo logo vou estar numa rádio, numa TV, aí eu melhoro de vez. Por que sem minha Lenice e sem microfone eu não sou zero. Tenho recebido umas sondagens, mas com todo o saudação, não vou transpor da Bandeirantes, que é o Flamengo ou o Corinthians, para ir jogar no Pirassununguense.

Recebo principalmente reclamações por não estar no ar. Pedi destituição porque eu estava muito mal psicologicamente. Mas estou empregado, estou no UOL [colunista]. Faz uns 20 anos que eu trabalho lá. Minha maior tristeza não é estar sem microfone, é estar sem minha Lenice.

Eu criei uma coisa maravilhosa que é o ‘Que Termo Levou’. Eu sei mais da curso do entrevistado do que ele mesmo. Sou o vendedor de passados. Agora eles (jogadores) estão muito tristes, eles ficam me cobrando para voltar. Mas eu vou voltar para o ar, e mal eu voltar vai ter novamente o Que Termo Levou.

Eu tenho um sonho na vida e já falei isso para o Johnny Saad. Quero estar jubilado e receber a seguinte notícia: Bandeirantes é a líder da TV brasileira, superando Orbe, Record e SBT. Quando transpor essa notícia eu vou ser o varão mais feliz desse mundo. Mesmo não trabalhando mais lá.

Folha

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