Misci Leva Ivete Sangalo Para Passarela Em Nova Coleção

Misci leva Ivete Sangalo para passarela em nova coleção – 25/04/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

A fileira para entrar era maior do que a de uma balada no auge, e muita gente vestia a marca dos pés à cabeça, tipo membros de um fã clube. Mas ninguém estava ali para ver um planeta da música.

Na terça-feira de manhã, a turma esperava ansiosa para ocupar o seu lugar na plateia do desfile da novidade coleção da Misci, a marca mais desejada da tendência vernáculo hoje, capaz de gerar e falar uma vez que poucas um universo todo seu, vinculado aos rincões do Brasil, mas com apelo de grife de luxo global.

“É o primeiro desfile da Misci que eu realmente fiz o resultado que queria, em aperfeiçoamento e matéria-prima”, diz Airon Martin, o designer por trás da marca, em entrevista por vídeo. Ele tem a sentença feliz e cansada de quem acabou de estipular depois da sarau de comemoração de sua coleção mais ambiciosa. “Ainda estou na euforia.”

No desfile, os modelos desciam a imensa rampa do prédio da Bienal de São Paulo vestindo peças que faziam referência à natureza e ao interno do Brasil —saia no formato de folha, camisa transparente em tom terroso de soalho vencido, brinco tipo traseira de cavalo, com as patas e a crina. O inferior, desenvolvido com o designer de joias Carlos Penna, foi levado à passarela pela cantora Ivete Sangalo, sob gritos e aplausos.

É uma tendência sensual que deixa partes do corpo à mostra, o caimento lânguido das roupas fluindo no corpo, sinuoso uma vez que as curvas do prédio de Oscar Niemeyer. O desfile trouxe também bolsas imensas e peças com detalhes do universo caubói —tanto o inferior quanto a estética estão em subida nas passarelas internacionais.

Mas a Misci olha menos para fora e mais para seu país. Na coleção, intitulada “Tenda Tripa”, a marca mostrou camisas em látex feitas por comunidades da Amazônia, um tecido em que o designer da grife quer investir e acredita que pode ser produzido em graduação industrial. As peças neste material traziam um bordado assinado por Jaime Lauriano, artista que em seu trabalho desafia a história solene do Brasil.

O bordado, costurado em um tom próximo do tecido, é um planta imaginário criado a partir da junção de diversas cartografias do território brasiliano do século 16, conta o artista. Seu planta traz rios, uma vez que se fossem vísceras, em referência ao nome da coleção. Há também desenhos de vegetação e de uma tenda, esta em menção à moradia dos povos originários.

Airon afirma que deixar o bordado na cor do látex, invisível de longe, foi proposital. “É para você olhar com atenção para o resultado. Nessa notícia de internet tudo tem que estar muito mastigado, as pessoas querem tudo muito rápido”, afirma o designer, em resposta a uma sátira que diz ter recebido de que o bordado poderia ser de outra cor. “É tipo um braile.”

O estilista diz que a parceria com Lauriano foi fundamental para destravar seu processo criativo, e o artista se mostra contente pelo vestimenta de seu estampa, com a tendência, poder chegar a um público maior, para além do mundinho da arte.

Airon conta ainda que era fundamental colaborar com um artista em atividade. Ele relata já ter recebido ofertas para gravar suas peças com criações de mortos famosos. “Fazer com artista que não está mais cá, eu não sinto que é uma colaboração. É mais uma tradução de um trabalho já existente, uma vez que a Handred faz [com o designer de móveis Sérgio Rodrigues] e a Osklen fez [com a pintora Tarsila do Amaral].”

Surgida de um trabalho de peroração de curso de Airon, a Misci abriu a primeira loja em 2020, em meio à pandemia, e desde logo só cresceu em popularidade, vendas e reconhecimento. No ano pretérito, a grife teve um boom motivado pela primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, que apareceu vestindo uma camisa da marca.

Neste ano, a Misci inaugurou uma loja de rua nos Jardins, em São Paulo, seu terceiro ponto de venda. Meses depois, a apresentadora Oprah Winfrey, em passagem pela cidade, comprou bolsas da marca, dando novo impulso de popularidade à etiqueta.

Agora, a marca quer invadir o interno do Brasil, uma região com poder de consumo gigantesco, diz Airon, com conhecimento de pretexto —ele nasceu e cresceu em Sinop, em Mato Grosso. Para isso, o designer desenvolveu peças com Lenny Niemeyer, estreando uma traço praia na Misci que estará disponível em 250 lojas multimarca pelo país, graças à capilaridade da designer carioca.

Mesmo que já tenha participado da São Paulo Fashion Week, o designer tem optado por desfilar de forma independente nas últimas coleções. Segundo ele, o padrão de negócios da semana de tendência não permite que a Misci ligeiro seus patrocinadores, porque as marcas que apoiam a grife competem com patrocinadores da SPFW.

“Eu queria estar [na semana de moda]. Seria muito importante para mim e para o evento a gente estar junto lá dentro”, afirma. A SPFW não quis comentar.

A reportagem pergunta se o tanto de gente vestida inteira de Misci no desfile foi paga para isso. “Nenhuma dessas pessoas é contratada. Eu nunca paguei uma influenciadora na minha vida. GKay é minha cliente. Sasha é minha cliente, Enzo [Celulari], cliente. Eu trato a minha roupa uma vez que a minha arte”, diz Airon, acrescentando que, quando alguém lhe pede para receber peças da Misci, manda as pessoas para as suas lojas.

“Eu xingo. Porra, você tem quantia, vai comprar! E eles vão. Não sei se eles compram por terror ou porque gostam, mas eles compram.”

Folha

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