Moda Em 2024 Teve Marca De Sasha Menghel E Mais

Moda em 2024 teve marca de Sasha Menghel e mais streetwear – 29/12/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

O cenário é contraditório. No quadro global, a tendência de luxo enfrentou dificuldades neste ano —de um lado, houve a piora das vendas, com marcas desejáveis porquê Saint Laurent reportando queda de 12% no faturamento em outubro, por exemplo. De outro, faltou originalidade, porquê nas coleções genéricas e sem sal de Sabato De Sarno para a Gucci.

Diante das incertezas econômicas e do desenvolvimento lento no setor, houve uma verdadeira dança das cadeiras em algumas das principais grifes. A Chanel, por exemplo, ficou seis meses num grande limbo desde a saída de Virginie Viard de sua direção criativa, em junho. Depois de muita especulação, Matthieu Blazy foi anunciado porquê o novo diretor no início deste mês. Ex-Bottega Veneta, o estilista assumiu o incumbência da mais cobiçada marca de tendência global, que já teve Karl Lagerfeld à sua frente.

Outra substituição foi a de Hedi Slimane na Celine. Publicado por sua estética minimalista e seu talento fotográfico, o estilista consolidou a grife francesa porquê uma força no mercado de luxo e dobrou suas receitas nos últimos seis anos. Em outubro, no entanto, a marca anunciou sua saída da direção criativa, posto assumido pelo designer americano Michael Rider.

Já na Valentino, Pierpaolo Piccioli deixou a direção da marca depois de 25 anos. Em março, ele foi substituído por Alessandro Michele, que ficou famoso por revitalizar a Gucci com sua estética maximalista e ousada. Na Gucci, por sua vez, Sabato De Sarno tomou o lugar de Michele.

Para além das substituições de seus diretores de geração, houve uma preocupação das marcas em reafirmar sua tradição e relevância na história da tendência durante as semanas de tendência, porquê uma forma de manter e ocupar novos consumidores, num cenário de instabilidade.

Mas no Brasil o clima foi o oposto. A Misci, orgulhosa de se apresentar porquê uma marca vernáculo de luxo, teve um ano de prestígio e aumento de popularidade, com a visitante da apresentadora americana Oprah Winfrey a uma de suas lojas, quando comprou a bolsa Bambolê, e um desfile concorrido em que fãs da etiqueta vestiam as criações do designer Airon Martin dos pés à cabeça.

Além do sucesso lugar, Martin entrou na lista das 500 pessoas mais influentes da tendência no mundo neste ano, compilada anualmente pelo site Business of Fashion, um dos principais do setor. Ele foi o único profissional do Brasil a ser engrandecido. “O designer não unicamente pediu que os brasileiros apoiassem os criativos locais, mas também é franco sobre questões sociais e ambientais”, escreveu o site, ao justificar a escolha do estilista.

O ano teve também a estreia da grife de Sasha Meneghel. Com um diploma da escola de tendência Parsons, de Novidade York, a filha de Xuxa desfilou em junho a primeira coleção da Mondepars, com looks básicos mas sofisticados e caimentos fluidos, na risca da francesa Le Maire. Meses mais tarde, abriu uma loja temporária num shopping de luxo de São Paulo, mirando quem pode remunerar mais de R$ 1.000 numa camisa.

Isso aconteceu no contexto da expansão do negócio de artigos com preços supra de quatro dígitos em São Paulo. A Balenciaga, que havia fechado sua loja no shopping Iguatemi, reabriu o ponto, desta vez com uma extensão maior. A Tiffany tem, no mesmo meio de compras, uma loja com dois andares que considera a principal da América Latina.

Perto dali fica a Rimowa, que vende malas de viagem por preços a partir de R$ 4.300 e se tornou neste ano a queridinha dos descolados com bastante grana. A empresa alemã tem feito um grande esforço para ser mais do que é —uma marca conhecida pelas suas bagagens de alumínio— e passou a investir em acessórios porquê capas de iPhone, a partir de R$ 850, e bolsas, por R$ 12,6 milénio, numa tentativa de se associar com tendência e “lifestyle” mais do que com a rotina entediante e enxurro de regras dos aeroportos.

Não é necessário desembolsar uma minifortuna, mas, para desfilar uma mala nas salas VIP lotadas do aeroporto de Guarulhos. Imitações perfeitas dos produtos Rimowa podem ser encontradas em galerias da avenida Paulista, junto a réplicas de roupas de marcas de luxo porquê Prada e Hermès, no que foi uma tendência do ano —a proliferação de lojas que vendem pirataria de luxo, feita na China, na principal via da cidade.

As cópias são tão muito feitas que enganam porquê se fossem originais. Isso parece um sintoma de que o libido por exibir um logotipo numa bolsa ou numa camiseta enterrou de vez a vaga do luxo sombrio, tão poderoso no ano pretérito e que prezava a discrição no vestir.

Numa outra ponta do mercado, levante ano teve mais expansão do streetwear brasílio, que vem numa boa temporada há quase uma dezena. Em São Paulo, duas das principais etiquetas de tendência de rua, Piet e Pace, abriram lojas próprias depois de anos atuando só pela internet ou com vendas em multimarcas.

Enquanto a primeira traz referências dos hippies para seu vestuário, a segunda aposta numa tendência de ar futurista e urbano, acoplando cabos de aço a peças de modelagens amplas. Junto com a Carnan —marca carioca de streetwear que conquistou os paulistanos e também cresceu neste ano—, vestir Piet ou Pace virou sinônimo de estar antenado em roupas que poderiam surgir nas ruas de qualquer metrópole do mundo.

Outra marca a se solidificar e transfixar um ponto de venda foi a Forca, que inaugurou neste mês um galpão na Barra Fundíbulo. A grife paulistana tem peças com materiais inesperados, porquê bermudas e jaquetas de borracha, e aposta no preto em um vestuário com um quê de rebeldia, a exemplo das camisetas puídas e das botas de ponta quadrângulo.

Ou por outra, vai ser impossível pensar neste ano e não se lembrar de Alexandre Pavão, o designer de bolsas mais original do Brasil no momento. Suas peças carregadas de informação, com cordas e lacres nas alças, são facilmente reconhecíveis, seja na fileira do supermercado, usadas por adolescentes comprando cerveja para a balada, ou na primeira fileira dos desfiles, no pescoço dos fashionistas fazendo pose para as redes sociais.

A tendência ainda perdeu um de seus nomes mais irreverentes neste ano que chega ao termo. A designer de interiores Iris Apfel morreu aos 102 anos, em março. Ela ficou conhecida pelo estilo único de se vestir, que incluía óculos grandes e de armação pesada, batons vermelhos, bijuterias ostensivas e roupas extravagantes. Ela se tornou um ícone pop, espécie de influenciadora fashion, que se denominava uma “estrela geriátrica” pela notabilidade adquirida quando tinha mais de 80 anos.

Folha

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *