Morre Angel Vianna, ícone Da Dança, Aos 96 Anos

Morre Angel Vianna, ícone da dança, aos 96 anos – 02/12/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Angel Vianna, bailarina, coreógrafa, educadora e referência da dança contemporânea brasileira, morreu aos 96 anos, conforme informou a faculdade de dança fundada pela artista. “Com serenidade, ela nos deixou repletos de sua luz e sabedoria”, diz nota sobre a morte. A razão não foi informada.

A bailarina foi homenageada em uma cerimônia íntima em São Paulo, neste domingo (1º). Missas de sétimo dia serão realizadas no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e na capital paulista, em datas ainda não divulgadas.

Angel começou a dançar em Belo Horizonte, onde nasceu. Na cidade, recebeu formação clássica e fez secção do Ballet de Minas Gerais ao lado de Klauss Vianna (1928-1992), o horizonte marido de quem a família desconfiava, por ser bailarino. O pai, de origem libanesa, queria que a filha casasse com um primo —o que ela recusou.

Os dois se casaram em 1955 e criaram uma parceria de estudos pioneiros sobre o corpo e a dança. Tiveram um rebento, Rainer Vianna (1958-1995), também bailarino, coreógrafo e educador.

O par viveu em Minas, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Juntos, Angel e Klauss protagonizaram a história da dança contemporânea brasileira.

“Em meados do século 20, ambos iniciaram uma pesquisa artístico-pedagógica revolucionária que questionou padrões enrijecidos do ensino do balé clássico”, escreveu a bailarina e coreógrafa Jussara Miller em texto que fez secção da Ocupação Angel Vianna, no Itaú Cultural.

Segundo Jussara, que foi aluna de Klauss e Rainer, as pesquisas do par deram origem aos processos da dança moderna e contemporânea no país. Os dois também iniciaram, na dez de 1970, a função de preparação corporal para o teatro. Foram pioneiros nos conceitos de consciência e frase corporal.

Em prova à série “Camarim em Cena”, também do Itaú Cultural, em 2020, Angel falou sobre a imensa curiosidade que sentia a reverência dos movimentos do corpo e da procura por um professor de anatomia para colaborar com suas pesquisas, ainda na temporada mineira.

O rabino que procurava foi encontrado em uma faculdade de odontologia, estranhou o invitação para dar aulas ao par de bailarinos e acabou convicto pelo argumento dela: o corpo é uma estrutura e é preciso compreendê-lo.

“Quanto mais você entende, mais você pode trabalhar com o corpo. Ele é o seu instrumento. É pensando no instrumento que você descobre tudo”, disse. Ela chegou a usar o seu método de pesquisa para estudar as unhas. Segundo Angel, elas, as unhas, são capazes de produzir sentimentos nos movimentos de dança.

Além da dança, a artista estudou piano, figura e estátua. Teve mestres porquê Francisco Masferrer, Guignard e Franz Weissmann. Em Belo Horizonte, ela e Klauss fizeram secção da Geração Complemento, formada por intelectuais mineiros na dez de 1950, com personalidades porquê Silviano Santiago, Ezequiel Neves e Ivan Ângelo.

A Escola Klauss Vianna, que difundia os métodos do par, funcionou na capital mineira entre 1959 e 1963. Em Salvador, onde moravam, os dois deram aulas na Escola de Dança da UFBA (Universidade Federalista da Bahia). Também na capital baiana, a bailarina fez secção do Grupo Juventude Dança.

No Rio de Janeiro, para onde foram na dez de 1960, Angel e Klauss formaram gerações de artistas, educadores e terapeutas. A escola, fundada em 1983 na capital fluminense, deu origem à Faculdade Angel Vianna, que oferece cursos de graduação, extensão e pós-graduação desde 2001 em um sobrado de Botafogo, na zona sul.

Klauss Vianna, que foi diretor da Escola Municipal de Bailados e do Balé da Cidade de São Paulo, morreu em abril de 1992. A partir da dez de 1980, ele ficava na capital paulista e ela no Rio. Rainer, o rebento do par, morreu três anos depois, afogado na praia de São Conrado, no Rio, aos 37 anos.

Em 1997, ainda vivendo o luto duplo e se recuperando de um acidente em que quebrou uma das pernas em dois lugares diferentes, a artista dançou o solo “Angel, Simplesmente Angel”, uma espécie de renascimento no palco.

“Naquele momento eu vivi o Rainer, vivi o Klauss, vivi eu. Foi danado. Eu chorava dançando, mas aguentava”, contou na entrevista ao “Camarim em Cena”.

A bailarina participou de espetáculos porquê “A Ópera dos Três Vinténs”, “Giselle”, “Movimento Cinco: Mulher”, assinado pelo rebento e pela nora, Neide Neves, “Impromptus”, “A Tempo” e “Amanhã é outro dia!”, em que, aos 87 anos, celebrou a longa trajetória.

“Partiu a Angel, grande mestra, vida extraordinária. Tive a sorte de ser seu aluno. Sossego e paixão para a família, amigos e os milhares de pupilos”, escreveu o ator Luis Lobianco, em uma das dezenas de homenagens nas redes sociais.

“Ela, com sua escola, salvou minha vida, abriu caminhos possíveis para o meu corpo juvenil perdido e deprimido”, disse a cantora Ana Cláudia Lomelino, a Mãeana. “Todos os corpos merecem um encontro grandioso consigo mesmos.”

Folha

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