Morre O Jornalista Antero Greco, Aos 69 Anos 16/05/2024

Morre o jornalista Antero Greco, aos 69 anos – 16/05/2024 – Esporte

Esporte

O humor não é necessariamente uma propriedade que salta aos olhos nos telejornais da ESPN, ducto em que os apresentadores costumam estar vestidos de terno e gravata para falar de esportes. Mas a língua afiada de Antero Greco, com comentários sagazes e alguns trocadilhos, deram ao tradicional SportsCenter uma marca pessoal do jornalista.

Desde 2000 na bancada do programa, ao lado do também sempre risonho Paulo Soares, Antero cultivou em mais de duas décadas uma legião de fãs, aficionados por sua mistura de informação de qualidade com boas risadas. Um estilo que ele construiu em mais de 40 anos de jornalismo, curso à qual dedicou grande segmento de sua vida, transitando em jornais e na televisão.

Nesta quinta-feira (16), aos 69 anos, o jornalista morreu em decorrência de complicações causadas por um tumor no cérebro. A informação foi confirmada pela ESPN.

“Imaginávamos ainda voltar a bancada do SportsCenter. Nosso sonho acabou. Vamos enviar luz e sossego para que seja uma passagem tranquila”, escreveu o companheiro de bancada Paulo Soares, em texto publicado na sexta-feira (10) na pilar de Juca Kfouri no UOL.

Antero Greco descobriu a doença em 2022, quando ficou semoto da TV por quase um ano.

“Estar cá na bancada que há mais de vinte anos eu ocupo é uma emoção. É uma vitória da ciência e da fé”, disse ele durante um oração emocionado em seu retorno ao Sportscenter, em 16 de maio de 2023, antes de comentar o motivo de sua escassez.

Primeiro, ele contou que passou mal em mansão, foi ao hospital e constatou um tumor na cabeça. Internado com urgência, ele passou por cirurgia e foi liberado para voltar para mansão. Dois meses depois, no entanto, teve uma recaída.

“Exames de rotina mostraram que sobrou ‘um treco da gororoba’, logo deveria ser submetido a uma segunda operação, sem prazo definido. Até que eu tive aquele ‘piripaque’ cá, nesse quina”, recordou-se.

Greco comentava uma vitória do São Paulo sobre o Atlético Goianiense pela Despensa Sul-Americana, em 8 de setembro de 2022, quando parou abruptamente de falar. O apresentador Felipe Motta, que estava ao lado dele, perguntou se o colega estava muito, e com a negativa chamou o pausa para que ele fosse atendido.

Depois disso, ele ficou novamente semoto, até ter um retorno gradual à emissora. Inicialmente, de forma remota, e em setembro de 2023, ele voltou a se sentar ao lado de Paulo Soares, ao vivo, no estúdio da ESPN, onde ele ingressou em 1994.

Além da emissora, o paulista passou também por SBT, Band, Estadão, Quotidiano Popular e Folha, durante um breve período, de setembro a novembro de 1989.

Uma vez que jornalista e comentarista, trabalhou na cobertura de 11 Copas do Mundo, entre outras competições importantes, uma vez que Despensa das Confederações, Despensa América e Libertadores.

Formado em jornalismo pela Escola de Notícia e Artes, da Universidade de São Paulo, onde também fez o curso de Letras, Antero quase seguiu por um caminho completamente dissemelhante do que trilhou. Por um tempo, ele cultivou o libido de ser padre.

“Talvez tivesse seguido e depois desprezado porque era muito contestador para os padrões salesianos, que eram os padres que eu frequentava na escola em que estudei, o Liceu Coração de Jesus. Fiquei um mês em Campinas, no seminário”, contou em entrevista ao UOL.

Em 1974, ele iniciou a curso no jornalismo, uma vez que revisor no Estadão. No jornal, ele exerceu ainda as funções de repórter, director de reportagem, repórter privativo e editor assistente.

Quem o conheceu acredita que os períodos em que Antero trabalhou na mídia impressa moldaram seu estilo de trabalho.

“Embora ele tenha tido toda essa curso na TV e protagonizado cenas deliciosas com o Amigão, no Sportscenter, ele foi um jornalista das antigas. Um rebento de [Johann] Gutenberg”, descreve Juca Kfouri, colunista da Folha.

Amigos de longa data e colegas de trabalho durante anos nos canais ESPN, Juca e Antero gostavam de cultivar uma saudável rivalidade. “Ele era o palmeirense mais corintiano do Brasil. Uma vez que ele nasceu no Bom Retiro, ele brincava que tinha essa costela corintiana”, relembra Kfouri.

“Comigo, ele só se referia ao Corinthians uma vez que ‘nosso Corinthians’. Era incapaz de fazer qualquer gozação tão logo terminasse um Dérbi com vitória do Palmeiras, uma vez que tem sido mais frequente”, acrescenta.

Sequaz das redes sociais, ele também era reconhecido por ter opiniões fortes, sobretudo sobre política. A postura lhe rendeu o rótulo de militante político, de extrema-esquerda, um pouco que o incomodava.

Também ao UOL, ele recordou uma entrevista que fez com Luiz Inácio Lula da Silva, à estação uma vez que ex-presidente depois de seus dois primeiros mandatos. Na ocasião, preferiu adotar uma postura sisuda.

“Passei a entrevista toda sisudo. Sisudo mesmo, porque achei que tinha ser assim. Tanto que o entrevistado percebeu e, depois, perguntou. Falei que é meu jeito. Fiz perguntas que repercutiram em sites, jornais e com candidatos que ele citou”, disse Antero.

“Já entrevistei Havelange, cobri visitante do Papa, entrevistei general na estação da ditadura, entrevistei Blatter, Platini, Pelé, o garçom, entrevistei caras idolatrados e execrados. Porque minha profissão é jornalismo. Entrevistaria o Doria, Alckmin, Bolsonaro, a Erundina, qualquer um que me chamassem”, acrescentou.

Seja quem fosse seu entrevistado, Antero Greco tinha sempre o mesmo objetivo, o de fazer as pessoas refletirem e não só sobre esportes, mas sobre qualquer tópico, ainda que de forma ligeiro. Assim ele se pautou ao longo de toda sua curso.

Folha

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