Morte de wlamir marques ensina: registre para não esquecer

Morte de Wlamir Marques ensina: registre para não esquecer – 19/03/2025 – O Mundo É uma Bola

Esporte

A morte de um dos ícones do nosso basquete, Wlamir Marques, bicampeão mundial (1959 e 1963) e duas vezes medalhista olímpico de bronze (1960 e 1964) com a seleção brasileira, me trouxe de inopino uma memória.

Que não tem relação com a atuação dele em quadra, seja por clube (planeta do Corinthians), seja pelo Brasil, já que não o vi jogar e o teor disponível de audiovisual era escasso –se não era, ninguém fazia força para mostrar.

Lembrei-me de que Wlamir foi meu professor de instrução física, no Escola São Luís, no período do chamado ginásio (ulterior ao ensino primitivo, anterior ao ensino médio). Incomodei-me, porém, por ter poucas recordações da idade, tapume de 30 anos detrás.

Tenho estes registros: ele era mais velho que a maioria dos professores, já um senhor de meia-idade, com cabelos grisalhos; era taciturno e sério, nunca sorria; tinha predileção pelo basquete, o que não tornava suas aulas populares para a maioria, que queria mesmo era praticar futebol (incluindo eu, que, se tinha certa conhecimento, era com os pés); não ficou o ano inteiro dando lição, deixou a função por alguma razão que desconheço.

Não consegui rememorar, mas, uma vez que eram as aulas dele, nem em que série eu estava, se na quinta, na sexta ou na sétima, que hoje equivalem ao sexto, sétimo e oitavo ano do ensino fundamental.

Decidi recorrer aos amigos/colegas da idade, hoje cinquentões uma vez que eu, para me ajudar. Só aos homens, pois as mulheres não tiveram lição com Wlamir –havia separação por gênero, e as meninas faziam instrução física com uma professora.

Fiz contato com uma quinzena, e todos, à exceção de um, afirmaram se lembrar (uns mais, outros menos) do docente que um dia fora estrela do basquete, um pouco que poucos sabiam.

Surpreendi-me, entretanto, com a falta de padrão nas lembranças.

Ivan El Murr, fã de basquete, teceu elogios a Wlamir: “Boa presente… Ele ficava sentado no esquina da quadra nos vendo. Me ensinou a entrar no garrafão na oblíquo para fazer bandeja. E a forma certa do lançadura. Éramos muito novos para entender quem estava lá conosco”.

“Gostei de aprender com ele”, afirmou Luciano Ferreira, outro basqueteiro. “Paladar de basquete graças a ele e aos amigos que fiz no basquete.”

Ou seja, ele ensinava o esporte, incluindo os fundamentos, evidente? Não, de conciliação com outros com quem estudei.

“Na verdade, ele dava uma esfera pra gente e mandava a gente se virar”, disse André Martins, denominado Chita. “Não ficava passando fundamento, não era muito de permanecer treinando fundamento. Soltava a esfera lá [para os alunos]”, afirmou Eduardo Grosso, denominado Índio.

E a série, qual foi? Sem confirmação. Uns disseram quinta, outros sexta, outros sétima. O tempo que Wlamir passou nos dando lição também não foi consenso.

“Na primeira lição, ele falou que gostava ‘um pouquinho’ de basquete, fazendo uma piada, mas que daria lição de todos os outros esportes também. Logo depois, ele foi substituído”, disse Luiz Claudio Bez. “Tivemos um pouquinho de lição com ele”, afirmou Luiz Otávio Ferreira, o Tavinho.

“Não me lembro de ter sido só no 1º semestre. Tenho a sensação de ter sido o ano todo”, disse Luis Eduardo Dix. “Lembro das aulas de basquete, obviamente, e de ele liberar a esfera de futebol de vez em quando [risos].”

A personalidade de Wlamir, portanto, teve extremos, indo de “emburrado” e “disciplinador” a “sorridente” e “hospitaleiro”.

“Muito educado. Boa pessoa.” (Ricardo de Souza, denominado Frequês) “Muito generoso e gentil.” (Guilherme Afif Domingos Fruto) “Fala mansa, muito sereno.” (Rodrigo de Menezes, denominado Tarugo) “Tranquilo, mas disciplinador.” (Dix) “Meio secão.” (Índio) “Muito sério! Sempre emburrado.” (Chita) “Muito gulosice com todos, humilde, sorridente, muito hospitaleiro.” (Zé Ricardo Pinotti, denominado Mosca) “Um gentleman.” (Pedro Genta)

E esse foi o “multifacetado” Wlamir Marques, meu professor quando eu tinha 12 anos (ou 11, ou 13).

Levante texto é um exemplo de que a supimpa memória de quando somos jovens pode enfraquecer com o passar do tempo, tornando nossas lembranças pouco nítidas, turvas, imprecisas. Pessoas que viveram os mesmos momentos, juntas, têm recordações desiguais.

A solução para que no pausa de 30 anos um pouco similar não aconteça com qualquer um? Documentar.

Que falta fazem vídeos de aulas do Wlamir. Naquele tempo, era inviável: sem celular, zero de filmar, só escrevendo no caderno –o que ninguém fez. Hoje, com os smartphones, dá para registrar tudo.

Ou dava, já que a partir deste ano os alunos ficaram proibidos de usar celulares nas escolas do Brasil… O jeito, portanto, é assentar logo depois, para não olvidar muito depois.

E antes que eu me esqueça: leste texto, sobre basquete, é uma exceção, pois o blog é sobre futebol.

Folha

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