Mostra Sobre Al Pacino Apresenta O Maioral Dos Anos 1970

Mostra sobre Al Pacino apresenta o maioral dos anos 1970 – 05/07/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Um ator, uma dez. Se a farra existisse, provavelmente nos anos 1970 teríamos um vencedor com folga: Al Pacino. E olha que naquele período desfilaram concorrentes do calibre de Robert de Niro, Dustin Hoffman, Jack Nicholson, Warren Beatty e Robert Redford, entre vários outros.

Mas nenhum deles figurou em tantos títulos icônicos num espaço tão pequeno: “O Poderoso Chefão” (1972), “Serpico” (1973), “Chefão 2” (1974), “Um Dia de Cão” (1975) e “Justiça para Todos” (1979). Poder assisti-los em sequência é melhor que muita maratona de série.

O quinteto forma o “crème de la crème” da mostra Pacino, que exibe 24 títulos com o ator nova-iorquino, no CCBB de São Paulo, a partir de sábado (6) —não por casualidade, “Serpico”, às 15h, e “Um Dia de Cão”, às 17h30, abrem o evento. A seleção também está em edital no CCBB de Brasília.

Todos os oito trabalhos do ator na dez de 1970, aliás, estão presentes na mostra, com curadoria do crítico Paulo Santos Lima.

Não precisa ser nenhum grande estudioso do cinema para constatar que “O Poderoso Chefão” ditou o rumo da curso de Pacino por décadas a fio. Mas o filme que determinou a escolha do jovem, que já começava a fazer sucesso no teatro, foi “Os Viciados” (1971), de Jerry Schatzberg, que também será exibido.

Depois de testemunhar ao primeiro filme de Pacino porquê protagonista, no qual ele interpretava um pequeno traficante viciado em heroína, Francis Ford Coppola bateu o pé. Queria o ator porquê Michael Corleone —apesar de a Paramount tentar convencê-lo a escalar Redford, Hoffman ou Beatty.

Ator do famoso método, técnica difundida no Actors Studio, Al (de Alfredo) Pacino sempre teve a capacidade de encarnar o tipo generalidade com maestria. Só no olhar, às vezes meio perdido, Pacino vai do cómodo ao maquiavélico, do insano ao desesperado, porquê acontece com Sonny, protagonista de “Um Dia de Cão”, que assalta um banco para conseguir numerário para bancar a operação de readequação sexual do namorado —mas vê seu projecto ruir antes de conseguir evadir com o numerário.

Em “Serpico”, com uma barba meio desgrenhada e de gorro, ou com um clássico chapéu, interpretou o policial angustiado, que trabalhava osco para prender traficantes ao mesmo tempo em que era hostilizado pelos colegas da delegacia por não concordar propina.

E melhor nem iniciar a falar da transformação do personagem nos filmes de Coppola. Pelos cinco títulos citados no início do texto, o ator foi indicado ao Oscar —sempre porquê principal, exceção ao primeiro “Chefão”, no qual foi coadjuvante de Marlon Frouxo. Poderia ter vencido os cinco sem provocar polêmica, ou pelo menos uns três, mas perdeu todos.

Pouca coisa a se falar dos anos 1980, porquê o visceral “Scarface” (1983), de Brian de Palma, que se tornou referência na cultura pop, com recorde de palavrões e muitas camisetas celebrando o seu Tony Montana. Foram anos de fracassos, porquê “Revolução” (ausente da mostra) e de um retorno ao teatro —ainda que a volta ao cinema seja com o simpático policial “Vítimas de uma Paixão” (1989).

Em quantidade de títulos no CCBB, os anos 1970 só perdem para os 1990 (com dez). Foi a dez da tardia glorificação, com sua performance porquê o ex-militar cego e intragável de “Perfume de Mulher” (1992), de Martin Brest, título que finalmente lhe rendeu o único Oscar.

O prêmio àquela fundura parecia quase um pedido de desculpas tardio pelas derrotas do pretérito. Depois de “Perfume”, Pacino só voltou a ser indicado por “O Irlandês” (2019, fora da mostra), de Martin Scorsese, porquê coadjuvante.

Antes, em 1990, encerrou a trilogia do Chefão, no qual sua lustroso despedida porquê Michael Corleone é até hoje menos citada que o fraco desempenho de Sofia Coppola porquê sua filha, Mary —Sofia se revelaria depois uma diretora de mão enxurro. No mesmo ano, naquela primeira vaga de heróis (culpa de “Batman”, de Tim Burton), fez um vilão deliciosamente carticato e pleno de maquiagem em “Dick Tracy”, com os parças Beatty e Hoffman —e foi indicado à estatueta de coadjuvante.

No mundo pós-Oscar, Pacino ainda estrelou bons policiais, porquê “O Pagamento Final” (1993), de novo com De Palma; “Queimada contra Queimada”, vendido porquê o filme em que finalmente De Niro e Pacino atuam juntos (a dupla fez “Chefão 2”, mas em épocas diferentes); e “Donnie Brasco” (1997), com Johnny Depp.

Para fechar aquela dez, fez o magnífico filme de jornalismo investigativo “O Informante”, de Michael Mann, no qual viu o cintilação do parceiro Russell Crowe.

Dos anos 2000 para cá, a maioria dos trabalhos do ator devem ter servido para engordar suas finanças, e zero de incorrecto com isso. O mais recente da mostra é “Era uma Vez em… Hollywood” (2019), de Quentin Tarantino, que, convenhamos, ninguém vai ver por culpa dos parcos minutos de Pacino em cena.

E se é para mostrar todos os predicados de Pacino porquê ator, talvez dê para reportar as ausências de “Ricardo 3º – Um Experimento”, (1996), que ele também dirige, e “O Mercador de Veneza” (2004), de Michael Radford, filmes em que mostra sua dedicação aos personagens shakespearianos. Zero que os anos 1970 não resolvam.

Folha

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