IBGE diz que a pessoa se identifica da forma que quiser, sem questionamentos. Nos últimos 80 anos, a categoria ‘pardo’ mudou diversas vezes, e isso pretexto discussão sobre a autoidentificação racial. O IBGE e o Regime da Paridade Racial dizem que a pessoa se identifica da forma que quiser, sem questionamentos.
Getty Images
Uma das dúvidas que surge quando o matéria identidade racial é: quando usar o termo pardo, preto ou preto para identificar alguém – ou se autodeclarar?
Muitas vezes, o matéria vira polêmica ou debate quando alguém diz que se identificar de uma forma e esse posicionamento é questionado.
Em janeiro, por exemplo, o Militante do Movimento Preto, Gustavo Amora precisou entrar na Justiça posteriormente ser impedido de concorrer as vagas reservadas para pessoas negras do Concurso Pátrio Unificado (CNU) – leia mais sobre o caso.
Gustavo Amora teve sua candidatura indeferida pela carteira de heteroidentificação do CNU.
Registo Pessoal
🤔 Mas quem define a racialidade de alguém? No caso do Recenseamento, o IBGE diz que a pessoa se identifica da forma que quiser, sem questionamentos.
No supremo, durante a produção do Recenseamento, a depender da região, o público pode ser questionado se não se identifica uma vez que indígena.
“De todo modo, a incerteza da identificação acontece muitas vezes porque há diferentes perspectivas de conceitos sobre o que significa cada termo. Isso acontece porque há grupos que reivindicam o significado de alguma categoria. Tanto que, por exemplo, muitos pardos acabam por se entender uma vez que brancos, ao mesmo tempo que outros se identificam uma vez que negros”, diz o responsável do livro ‘Pardos: a visão das pessoas pardas pelo estado brasílio’, Denis Moura.
Veja inferior o debate em torno das categorias:
🔴 Pardos
Nos últimos 80 anos, a categoria pardo mudou diversas vezes. O Instituto Brasílio de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa do recenseamento no Brasil, declarou, por exemplo, em 1950, que não havia definição.
Em 1980, por sua vez, o IBGE passou a incluir na categoria ‘pardo’ aqueles que não se declaravam brancos, pretos ou amarelos.
Neste ano, ficou definido que pardos são pessoas que se identificam com uma mistura de duas ou mais opções de cor ou raça, incluindo branca, preta, parda e indígena. E, para o próximo recenseamento, que deve ser em 2030, há grupos que querem mudar o significado da categoria (veja cá).
Definição do termo ‘pardo’ nos Censos
IBGE/g1
Entenda uma vez que a categoria ‘pardo’ mudou nos últimos 80 anos
🔴 Pretos
A categoria preta, por sua vez, é usada pelo IBGE na intenção de “simbolizar as pessoas de prosápia africana”, informou o Instituto ao g1.
Porém, a explicação do que significa cada categoria é dita pelos recenseadores — nome oferecido as pessoas que fazem as perguntas do Recenseamento à população — somente quando os entrevistados perguntam.
🔴 Negros
Quanto ao termo preto, o Recenseamento do IBGE não informa a quantidade pessoas que se identificam dessa forma – a nomenclatura não está entre as categorias de cor ou raça.
Apesar disso, alguns ativistas e o Regime da Paridade Racial consideram “negros” uma vez que o conjunto de pessoas “pretas” e “pardas”.
O termo, de todo modo, é motivo de debate. Apesar de o Regime da Paridade Racial definir que a categoria é a soma da quantidade de pretos e pardos, há pessoas que discordam desse posicionamento, uma vez que o responsável do livro ‘Pardos: a visão das pessoas pardas pelo estado brasílio’.
“Eu não concordo com a somatória. Inclusive, popularmente os autodeclarados pretos são o que são vistos uma vez que negros pela sociedade. Os pardos sempre foram vistos uma vez que miscigenados pela população”, diz ele.
Uma pesquisa de novembro de 2024 do Datafolha mostrou que 60% dos pardos não se consideram negros. Já entre os que se declaram pretos, 4% não se consideram negros, enquanto 96% se veem uma vez que tal.
Entenda o que é colorismo, concepção de que a cor da pele determina uma vez que uma pessoa negra é tratada
Brasil mais pardo
No último levantamento do IBGE, o número de brasileiros que se declaram pardos cresceu 11,9% desde 2010, passou o de brancos e se tornou o maior grupo racial do país pela primeira vez, com 45,3% da população.
A população que se declara preta também cresceu – hoje 10,2% dos brasileiros se dizem pretos –, assim uma vez que a de indígenas (0,8% dos brasileiros assim se identificam). A parcela dos que se declaram brancos voltou a desabar, em traço com o que acontece desde 2000, e passou a ser o segundo maior grupo, com 43,5% da população (veja mais inferior).
O próximo Recenseamento deve sobrevir em 2030.
O Instituto afirma ainda que o recenseamento é a principal manancial de referência sobre as condições de vida da população em todos os municípios do país e os resultados do universo da população por identificação étnico-racial apresentam a distribuição da população brasileira.
Fonte G1