Não era esperado que Endrick, 18, conquistasse espaço logo de face no Real Madrid.
Incorporado ao time merengue na metade deste ano, a concorrência no ataque era pesada: os compatriotas Vinicius Junior e Rodrygo e o gaulês Mbappé, vencedor em uma Despensa do Mundo (2018), vice em outra (2022). Todos mais experientes, todos titulares em suas seleções.
Eu tinha, todavia, a expectativa de que Endrick, estrela principal e bombeiro do Palmeiras vencedor brasiliano de 2023, com algumas boas apresentações (com gols) em amistosos da seleção brasileira, pudesse atuar pelo menos murado de 25 a 30 minutos por jogo.
E que, se acontecesse de um dos astros (Vini, Rodrygo ou Mbappé) se contundir, ele seria imediatamente alçado à titularidade pelo treinador italiano Carlo Ancelotti, o mesmo que preferiu continuar no gigante madrilenho a comandar o Brasil –que capenga sob a direção de Dorival Jr.
Nas semanas recentes, a partir de meados de novembro, pelo menos um do trio esteve distante por lesão –neste momento, o molestado da vez é Mbappé. Só que Endrick não ganhou mais espaço.
Ancelotti optou por escalar, seja no Campeonato Espanhol (LaLiga), seja na Liga dos Campeões da Europa (Champions League), um meia-atacante, ou dois (Brahim Díaz e Arda Güler), ou até mesmo um volante (Dani Ceballos), a lançar Endrick no ataque.
Continuou acontecendo o mesmo de antes: Endrick esquentando o banco de reservas, ao lado de desconhecidos uma vez que Víctor Muñoz, Lorenzo Aguado, Sergio Rabino e Youssef Lekhedim. E entrando em campo, caso entrasse, faltando poucos minutos para o final da partida, independentemente do que o placar mostrava (vitória, empate ou roteiro).
Assisti neste sábado (14) a um dinâmico Rayo Vallecano 3 x 3 Real Madrid, por LaLiga, com Rodrygo, que marcou um gol e deu uma assistência, titular e Vini, que vai reaparecendo depois equimose, entrando aos 18 minutos do segundo tempo.
Endrick? Pisou no gramado do estádio de Vallecas, campo do Rayo, aos 34 minutos da lanço final. Com os acréscimos, atuou 18 minutos, pegando pouco na esfera e finalizando uma vez, em uma cabeçada de costas para o gol que foi defendida sem grande esforço pelo goleiro Batalla.
Na confrontação com as seis partidas imediatamente anteriores, o camisa 16 também atuou a partir dos 34 minutos do segundo tempo contra o Liverpool, na Champions, e o Girona, em LaLiga.
Pouco. Mas bastante tempo na equiparação com os outros jogos.
Endridk não atuou diante de Getafe (LaLiga) e Atalanta (Champions) e entrou, sempre no segundo tempo, aos 41 minutos contra o Leganés e aos 43 minutos contra o Athletic Bilbao.
Zero de gol, zero de assistência. Poderia ter ocorrido? Sim. Mas a escassez de tempo não foi uma aliada de Endrick.
No Real Madrid, até cá nesta temporada, Endrick, sem narrar os jogos amistosos e os acréscimos, jogou 160 minutos distribuídos em 15 confrontos, uma média de menos de 11 minutos em cada um. Acumula dois gols (o último deles no dia 17 de setembro), zero passe para gol, um único jogo (incompleto) uma vez que titular.
Pelo Palmeiras, neste ano, antes de deixar o clube, considerando Campeonato Paulista (no qual o alviverde triunfou), Campeonato Brasiliano, Despensa do Brasil e Despensa Libertadores, foram 22 jogos, 21 deles uma vez que titular, 1.590 minutos (média de 72 por confronto), cinco gols e duas assistências.
Quase sempre é frustrante para o desportista, mormente quando é jovem, amargar um período prolongado na suplente, com míseros minutos para exibir seu futebol.
Caso Endrick continue a ser figurante no restante da temporada, um caminho a ser negociado com o Real Madrid é trespassar por um ou dois anos por empréstimo, para um time menor, mas onde consiga jogar seguidamente e uma vez que titular.
Tendo mais minutos, sua chance de voltar a desempenhar o futebol que fez o Real gastar 35 milhões de euros (R$ 220 milhões pelo câmbio atual) para contratá-lo será ampliada, o que pode consequentemente ampliar seu status no retorno.
Pois jogar essa miséria de minutos por partida, ou às vezes nem jogar, não deve estar deixando Endrick saciado.
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