Em sua quarta turnê no Brasil, com shows no Rio de Janeiro e em Curitiba, a cantora e compositora americana Norah Jones encerra a visitante uma vez que atração principal do Popload Festival 2025, no parque Ibirapuera, em São Paulo, neste sábado (31). Confrontada com a lista de apresentações que antecedem sua performance no palco paulistano, ela acha perdão da teoria de um evento submetido por mulheres.
Em sua nona edição, o festival escalou cantoras nos quatro shows principais. A partir das 16h20, o palco será ocupado, sucessivamente, por Kim Gordon, Laufey, St. Vincent e, fechando, Norah Jones. Ela não crê numa “vibe feminina”. “Eu não sei. Talvez tenha um pouco dissemelhante, quem sabe? Eu tenho sempre o foco na música, não no gênero de quem está fazendo essa música. O que a gente vê nesse line-up são mulheres que fazem música muito boa.”
Aos 46 anos, Norah Jones tem uma curso fonográfica iniciada em 2002 que não se parece com a de nenhum outro artista ou grupo pop. Seu primeiro álbum, “Come Away with Me”, levou oito estatuetas no Grammy de 2003 e é ainda hoje o disco de estreia mais vendido neste século —27 milhões de discos. Assim, ela começou seu caminho na música já no topo.
“Eu me sinto muito muito com esse reconhecimento. Ter uma curso de sucesso nesse negócio não é exatamente fácil, e eu vejo muita gente desistir. Vejo gente que se complica, sente a pressão, toma remédios… Eu tenho sorte de aprazer com a música que faço, não tenho a angústia de tentar desenredar do que o público irá gostar. Essa validação muito cedo trouxe tranquilidade.”
Alguns críticos acreditam numa influência familiar para explicar a precocidade do sucesso de Norah Jones. Ela é filha do músico indiano Ravi Shankar, o maior tocador de sitar, instrumento tradicional de seu país, e da produtora músico americana Sue Jones. Quando menino, seu “brinquedo” predilecto era uma vitrola portátil, na qual ouvia sem parar uma caixa de oito LPs de Billie Holiday que ela pegava na discoteca da mãe.
Encarando plateias desde muito jovem, ela não tem receio de tocar diante de qualquer público. E diz que não seria no Brasil que ela iria se preocupar com isso. “É um país onde as pessoas amam música. Sem querer ser simpática, é o público no mundo do qual eu mais paladar. Tive momentos surpreendentes em São Paulo, em 2009 ou 2010, num festival. Não conseguia crer na maneira potente que as pessoas cantavam as letras comigo. É maravilhoso quando você consegue dividir uma noite dessa maneira com a plateia”, diz, lembrando seu show para 25 milénio pessoas no Parque da Independência, em São Paulo, em 2010.
Desta vez, ela vai mostrar músicas de seu disco mais recente, “Visions”, lançado em no ano pretérito e que, em fevereiro deste ano, deu a ela mais um Grammy, de melhor álbum de pop vocal tradicional. Mas, uma vez que sempre, deve trazer um repertório imprevisível para o Popload.
Norah Jones nunca repete todas as músicas de um show para outro. E apresenta covers inesperados, escolhendo canções de nomes uma vez que Tom Waits, Hank Williams ou Johnny Cash.
“Na verdade, escolher as canções, minhas ou de outros, é uma resposta a uma vez que eu estou me sentindo naquele dia. Tom Waits me traz um pouco muito melancólico, e às vezes é uma vez que estou me sentindo. Creio que é mesmo uma escolha afetiva, não penso em zero ligado a mercado, não esquina uma música porque ela está fazendo sucesso.”
Muitos fãs gostariam de ouvir canções de “Pick Me Up Off the Floor”, um álbum pop e vigoroso que ela lançou no final de 2019. Com a pandemia no ano seguinte, ele não teve grande repercussão. “Muito, a gente não conseguiu trabalhar esse disco. E não havia uma vez que reclamar. As pessoas tinham coisas muito mais importantes com as quais se preocupar, não?”
Em pleno lockdown, ela gravou em 2021 um disco de canções natalinas, “I Dream of Christmas”, seguindo uma tradição no mercado fonográfico americano. Nesse tipo de álbum, normalmente os artistas cantam clássicos do gênero, mas oriente trouxe também canções escritas pela própria cantora.
“Foi um disco sem muita expectativa. Eu precisava fazer alguma coisa, estava com saudade de trovar e de grafar canções. Alguém me sugeriu um disco desses, e achei que poderia ter alguma alegria num trabalho mais descompromissado.”
E já com nove álbuns nas costas, ela acha poderia regravar hoje alguns deles de modo dissemelhante? Existem erros nesses trabalhos que os críticos não conseguiram mostrar?
“Existem, sim, mas eu não vou revelar a você quais são!”, brinca ela com o repórter. “Talvez eu seja mais ou menos a mesma pessoa, mas você cresce, envelhece, tem filhos, logo suas conexões com o mundo se transformam. Eu certamente mudaria algumas coisas hoje, mas não me envergonho de zero que gravei. Creio ter feito o melhor que estava ao meu alcance a cada disco.”